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Sónia Rodrigues: “É a natureza que me dá a matéria-prima para eu pintar”

Inspirada pelos costumes do Alto Minho e pelo que a terra lhe oferece foi em…

Texto de Isabel Marques

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Inspirada pelos costumes do Alto Minho e pelo que a terra lhe oferece foi em 2007 que Sónia Rodrigues começou a dar pequenos passos em direção ao artesanato com cabaças. A verdade é que o que nasceu de um passatempo virou um negócio de sucesso, principalmente, para os emigrantes.

Estávamos em 2010 quando brotava, oficialmente, a Maria Kabaça: peças de artesanato em cabaças com motivos e inspiração dos trajes e bordados minhotos. Um projeto que pretende celebrar a mulher minhota, também tecedeira, bordadeira e criadeira de roupas e filhos.

Nos dias de hoje, à parte da produção têxtil, a Maria Kabaça disponibiliza nove personagens distintas: A Maria; Os Noivos de Viana; o Presépio Minhoto; a Galinha de Viana e a Galinha; o Presépio Minhoto; a Maria Mordoma; o Casal Minhoto; o Lenço dos Namorados e o Mocho Minhoto.

Em pleno centro de Viana do Castelo, na Rua Gago Coutinho, o Gerador esteve à conversa com Sónia Rodrigues para descobrir mais sobre esta arte de pintar cabaças. Ao longo da conversa, Sónia procurou refletir sobre a origem da Maria Kabaça, sobre o processo de construção das cabaças, sobre as mulheres minhotas e, ainda, sobre os antepassados deste fruto da terra.

Gerador (G.) – Foi no ano de 2010 que nasceu a Maria Kabaça: peças de artesanato em cabaças com motivos e inspiração dos trajes e bordados minhotos. Como é que surgiu esta bonita relação com as cabaças?

Sónia Rodrigues (S. R.) – Foi de forma muito natural. Foi em 2010 que isto começou a ganhar forma enquanto Maria Cabaça, mas de certa forma já existiam pequenas peças de puzzle soltas que se começaram a encaixar. Eu já desde 2007 que era formadora e coordenadora de formação em empresas do Norte, e isso permitiu-me conhecer melhor os modos de vida das nossas gentes. Depois, eu também sempre gostei muito de artesanato, etnografia, folclore, estava também ligada a um grupo folclórico, na altura, dos bordados.

Por outro lado, como era coordenadora social eu ministrava formações no âmbito da terceira idade das psicologias, mas também como tinha formações complementares eu dava formações de artes, de técnicas artísticas. O que é que me acontecia? Eu tinha alguns públicos que eram analfabetos, nós estávamos muito na zona do Soajo, Linhoso, Ponte da Barca, e a minha função com esses públicos era ensinar técnicas artísticas, ou seja, para pessoas que não estavam familiarizadas com a caneta, o lápis, colocá-los a pintar que era uma arte/uma destreza que não tinham era muito mais difícil. No entanto, eram pessoas com uma história de vida riquíssima e eram pessoas com muita criatividade. Portanto, o fundamental existia dentro deles: a criatividade. Assim sendo, tinha de ser um veículo de transmissão dessa criatividade. O que eu fiz foi facilitar isso colocando-os a pintar em coisas que lhes eram familiares como seixos, folhas de milho e cabaças porque têm uma forma muito engraçada. A forma é sempre diferente, o que estimula a criatividade porque a certo momento já é um produto feito pela natureza e depois eles imaginam. E o que é que aconteceu? Sobretudo nas cabaças, surgiram trabalhos muito bonitos e estas pessoas que pensavam que não sabiam pintar descobriram que sabiam criar peças muito interessantes. Eu vi que sobretudo com as cabaças despertei esse gosto e também eu comecei a fazer trabalhos nas cabaças. Depois, como eu dizia, são as peças de puzzle em que se juntou o gosto pela etnografia, pelos bordados e comecei a pintar as cabaças para mim, para uma coleção particular, mas com os motivos dos trajes e dos bordados.

G. – Sentiste desde logo uma boa adesão às cabaças ou, por exemplo, notaste aquela estranheza inicial que aos poucos se acabou por entranhar nas pessoas?

S. R. – Isto, inicialmente, começou de uma forma muito lenta. Eu comecei a fazer as peças, a participar, pontualmente, numa ou outra feira de artesanato, de Viana do Castelo, de Ponte de Lima, na feira mostra, em Paredes de Coura e senti uma recetividade das pessoas muito positiva. Não só compravam, como encomendavam. Portanto, isto deu-me aso para desenvolver as redes sociais, a criação de um Facebook, de um Instagram, depois, passado três anos, a página e para mudar o nome. Inicialmente o nome chamava-se Amarte, que era uma junção de amor com a arte, mas que achava que não fazia sentido, então depois troquei o nome para Maria Kabaça. Maria para ser de certa forma uma valorização das nossas mulheres minhotas porque nós tivemos um grande empoderamento feminino, desde muito cedo. Houve muitos homens que emigraram, sobretudo destas aldeias mais escondidas, para França, para o Brasil… Por exemplo, os meus avós tiveram de emigrar e quem ficava cá a cuidar das terras, dos animais, dos muitos filhos, eram estas mulheres, que com poucos recursos conseguiam gerir, cuidar e ainda iam para os campos cantar com uma fé inigualável. Muitas vezes não tinham recursos suficientes com o colher da terra, então outra forma de lucrarem, para casa, era com os bordados. Aliás, esta até foi a primeira forma a ser renumerada aqui no Norte. Os bordados. Se, por um lado, estas mulheres criavam os filhos, semeavam e colhiam aquela troca de produtos, por outro, o dinheiro também vinha destes trabalhos que faziam. Daí este cunho e valorização destas Marias que de certa forma têm um grande valor nas nossas tradições, nos nossos bordados, do folclore, etc.

A Kabaça que se junta a este nome tem que ver com este cunho da terra, com toda esta tradição. A cabaça sendo um fruto da terra e contendo em si as sementes vai representar esta mulher em abundância, que tem muitos filhos, com esperança, mas ao mesmo tempo a cabaça também é um fruto do que produzimos e depois dou um cunho diferente nas peças que crio.

G. – Porque a aposta do “K” na Kabaça? A opção ortográfica foi uma espécie de estratégia de marketing?

S. R. – É propositado para dar um cunho de modernismo e de marca, respeitando a nossa ortografia.

G. – Neste seguimento, como agora me falavas, as cabaças femininas têm a particularidade de possuir sementes dentro do seu “ventre”. Pretendes com esta aposta dar, então, uma maior esperança a quem as adquire?

S. R. – É uma forma de dar sorte. As sementes têm uma dupla função: a função de não alterar muito o fruto que é produzido pela natureza, preservar conforme é, até porque existem outras técnicas em que se retiram as sementes, e isso de certa forma acaba por ser uma invasão à tela de fundo do meu trabalho de preservar a natureza. Depois, é esta simbologia da abundância, da sorte, da fortuna e é mais um aliado a estas Marias com o ventre arredondadinho que tinham muitos filhos. Mas sim acaba por ser, também, uma forma de esperança para que a hora corra bem.

G. – Tu és de Ponte de Lima, certo? Porquê o estúdio da Maria Kabaça em Viana do Castelo?

S. R. – Eu costumo dizer que sou afortunada nesse sentido. Tenho a conjugação dos dois mundos porque Ponte de Lima prima muito o que é rural, a agricultura. Nós temos a feira mais antiga do país e Ponte de Lima é genuíno neste sentido porque nunca quis ser diferente e está ligado à terra com muito gosto.

Depois, perguntavas-me o porquê… e isto teve que ver com razões profissionais de eu vir trabalhar para Viana, que me acabou por trazer mais para este mundo da festa, na parte mais pagã e religiosa, e esta parte toda do ouro, ligada ao campo. O porquê de ter este espaço? A história é muito engraçada… Este espaço é um showroom, eu raramente cá estou até porque pinto em casa, surgiu mesmo pela procura. Contextualizando, falava-te ao bocado que comecei por pôr as peças à venda em feiras de artesanato, mas como estratégia de negócio comecei por pôr as peças à venda em hotéis. Portanto, não foi minha primazia pôr à venda em lojas. Foi essencialmente nos hotéis e foi uma estratégia que resultou muito bem porque nas feiras de artesanato as pessoas tinham conhecimento das peças e nos hotéis eram sobretudo os turistas que tinham conhecimento. Aqui, em Viana, as lojas acabam por fechar relativamente cedo, muitas vezes não estão abertas ao fim de semana da parte da tarde. Então, o que é que acontecia? Quem vinha conhecer Viana muitas das vezes aproveitava o dia para conhecer e depois antes de ir embora queria comprar uma recordação e acontecia de as lojas estarem fechadas. Era uma mais-valia das peças do hotel. Os feedbacks que os rececionistas me davam é que o facto de terem lá as peças era uma mais-valia porque as pessoas queriam comprar antes e não tinham.

Então, as Marias Kabaças começaram a ser levadas para fora, Brasil, França…

G. – Sim, até porque para os turistas não deixa de ser de ser uma homenagem às suas terras de origem…

S. R. – Sim, sem dúvida! Começou também muito a ser associada a Viana, ao Alto Minho e a Portugal. Depois, com o nosso traje vermelho começou a haver muita saída dessas cabaças, até porque as pessoas que visitavam Viana queriam muito, achavam-lhe piada à cabaça. Eu tinha as páginas, mas houve a necessidade de criar o espaço para as pessoas verem o produto físico.

Há cerca de três anos, depois de criar a minha página de Internet precisei de fotografias artísticas e recorri a um fotógrafo que é o Victor Roriz. Uma pessoa já com muita história, e esta, por exemplo, é uma casa já centenária. Recorri então ao Victor para a produção e o que é que descobrimos? A cabaça resultava muito bem em fotografia, eram fotogénicas e, portanto, houve a proposta à VianaTece de se transpor estas fotografias para peças têxteis, e, em 2010, fizemos a primeira coleção têxtil. Foram com os individuais de mesa, com as almofadas e foi muito engraçado. Isto acabou por ser outro grande passo para a marca ser conhecida.

Como este espaço estava livre tive a oportunidade de ter aqui algumas peças e as pessoas que me contactam pelas redes sociais eu encaminho para aqui porque é uma forma delas verem as peças, de sentirem e de eu também as receber.

G. – Por curiosidade, quanto tempo demora a contruir uma cabaça?

S. R. – As pessoas não imaginam… Isto para mim acaba por ser uma terapia porque a minha ocupação maior, para além dos meus filhos, é ser diretora de recursos humanos, num hotel geriátrico, em Viana, e isto depois de ir para casa a minha ocupação também é a pintura. Mas são muitas horas. Existe todo o tratamento da cabaça, a limpeza, o inseticida que introduzo porque mesmo assim podem ganhar bicho, uma base que é dada para uniformizar a cor, depois disso existe a parte do traço.

Eu vi uma entrevista muito gira do Souto Moura em que ele dizia que em todos os sítios onde tem projetos respeita sempre a natureza, já que é a natureza que define como vai ser a obra dele e não parte do contrário. Comigo acontece exatamente a mesma coisa. É a natureza que me dá a matéria-prima para eu pintar. É a minha tela do fundo e, portanto, eu olho para aqui, arranjo, respeitando toda a irregularidade da peça, e depois daí é que me dá inspiração para criar. Depois disso, há todo um traço, a base, as cores primárias, e tudo isto tem de respeitar processos de seca. Depois, só no dia seguinte é que eu posso começar a pintar, por exemplo, os braços, a zona do peito e depois isso tem de secar novamente. E depois é que vêm todos os pormenores… Dos bordados, do avental com tintas mais finas, onde trabalho com uma massa, depois há o envernizamento em que se tem de respeitar uma secagem de 24 horas e depois a colagem do ouro, dos brincos, do lenço, etc.

G. – Atualmente, a Maria Kabaça oferece nove produtos: A Maria; Os Noivos de Viana; o Presépio Minhoto; a Galinha de Viana e a Galinha; o Presépio Minhoto; a Maria Mordoma; o Casal Minhoto; o Lenço dos Namorados e o Mocho Minhoto. Todas estas peças são então inspiradas no Alto Minho?

S. R. – Exatamente!

G. – Tendo em conta que a cabaça, em tempos antigos, era utilizada para o transporte de vinho para os campos e que essa prática está agora em extinção ainda consegues facilmente adquirir este fruto da terra?

S. R. – Não! Aliás, esta ligação ao campo sempre existiu não só pela produção, mas por acompanhar os agricultores. As cabaças eram as nossas primeiras garrafas térmicas e não só porque conservavam-nas com água ardente a ferver e depois disso levavam-nas para os campos com água ou vinho para os campos. Por vezes, ainda chegavam a parti-las ao meio e serviam de malga, ou seja, era a forma que tinham, e havia sempre esta companhia da cabaça. Esta espécie de cabaça, como não tem muita polpa, ou seja, não é comestível, agora até é usada mais para deitar aos animais, também não a cultivam e há dificuldade em arranjar o produto.

O que às vezes faço é que tenho algumas pessoas, de algumas freguesias, em que compro, e acaba por ser uma ajuda e um incentivo a que cultivem. Depois sirvo-me de algumas feiras de velharias que também há à venda. Eu cheguei aqui a ter uma cabaça centenária que já estava numa adega de outras gerações… Mas é andando pelas aldeias, até porque gosto de saber as histórias das pessoas, e vou comprando aos agricultores e saber que há esta valorização.

G. – Caso alguém queira adquirir uma Maria Kabaça como é que o pode fazer?

S. R. – Neste momento, continuam a estar à venda em hotéis, em algumas casas de turismo local. Ali, em Ponte de Lima temos o cantinho da Azenha, existe em Vila do Conde, o Vila do Conde. Existe um senhor que veio do Dubai e que adquiriu sete casas e quer pôr as peças para decoração dos espaços. É uma forma de se fazer publicidade à Maria Kabaça. À parte disso, temos na Lethes Home, no Museu do Traje, no Tesouro-Museu Sé De Braga, entre outros.

G. – Há algo que gostasses de acrescentar?

S. R. – Vão haver novidades muito interessantes brevemente! Vai passar do Alto Minho para outras margens…

Texto de Isabel Marques
Fotografias de Isabel Marques

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