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TAKE IT, sempre que puder

Fotografia da cortesia de Francisco Ferreira

A sabedoria dos nossos avós aplica-se na perfeição aos problemas ambientais de hoje, transportando a nossa memória para tempos antigos que de tão boa inspiração nos servirão para este artigo. 

Uma das boas práticas de que me recordo era ir às compras com o saco de pano para o pão e para os alimentos comprados a granel. Infelizmente, hoje não é essa a regra. Regressamos a casa com uma série de embalagens desnecessárias, geradas com elevado consumo de matérias-primas e energia na sua produção, um total desperdício de recursos e enorme geração de resíduos. A Semana Europeia de Prevenção de Resíduos, que se assinala de 20 a 28 de novembro, é a altura ideal para pensar sobre isto. 

E se passássemos a reutilizar os materiais que já temos em casa? Considerando que cada cidadão produz anualmente cerca de meia tonelada de resíduos e que um quarto destes são embalagens, não é difícil perceber o impacto deste pequeno esforço.

Cada vez que vamos às compras, fazemos escolhas. Se comprarmos legumes a granel e os colocarmos num recipiente trazido de casa, estaremos a desincentivar o uso de plástico e outros materiais de embrulho que se tornam inúteis logo que chegamos a casa. 

Se comprarmos fiambre e queijo e os transportarmos nos nossos tupperwares, estaremos a limitar o uso de embalagens descartáveis. 

Se formos buscar o jantar a um take-away ou bolos a uma pastelaria e levarmos os nossos próprios recipientes, estaremos a reduzir a quantidade de resíduos decorrentes da infeliz prática da utilização única, o chamado usar-e-deitar-fora.

Como o cliente é quem manda e as embalagens representam 26% do total de resíduos urbanos, estamos também a levar os supermercados, pastelarias, padarias e restaurantes a promover esta prática, reduzindo assim a procura e o fabrico de embalagens. Estaremos a poupar recursos e a sua fonte universal, isto é, o planeta.

Pense que, se fizer o que aqui lhe propomos apenas uma vez em cada duas que vai às compras, já estará a baixar em 50% os resíduos de embalagens produzidos por si. Aliás, tem desde julho deste ano o direito legal de o fazer. De facto, em 1 de julho de 2021 entrou em vigor o Decreto-Lei 102D/2020 de 10 de dezembro, segundo o qual os estabelecimentos que forneçam refeições em regime de pronto-a-comer são obrigados a aceitar que os clientes utilizem os seus próprios recipientes para as acondicionar, devendo comunicar de forma clara essa possibilidade. 

O projeto Take it, desenvolvido pela ZERO e apoiado pelo Fundo Ambiental, pretende incentivar as pessoas a levarem as suas próprias embalagens para os restaurantes e similares que vendem comida para fora. 

Pode parecer coisa pouca, mas o exemplo é motivador e pode levar quem está ao nosso lado a pensar fazer o mesmo, quando gentilmente insistimos com o vendedor e lhe explicamos que preferimos utilizar os nossos recipientes por razões ambientais. A redução do número de embalagens que são transformadas em resíduos, quase ao mesmo tempo que as compramos, será tanto maior quanto mais pessoas aderirem à compra do produto apenas, não da embalagem. 

Descubra este novo projeto da ZERO e divulgue-o entre amigos e familiares, mas também junto dos seus restaurantes preferidos, pois também eles podem apoiar esta nova atitude, recebendo um selo de estabelecimento aderente! 

É tudo uma questão de organização até que o gesto de pegar no saco das caixinhas reutilizáveis passe a ser tão natural como agarrar o casaco antes de sair para as compras. Faça-nos esse favor a todos!

-Sobre Francisco Ferreira-

Francisco Ferreira é Professor Associado no Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT-NOVA) e investigador do CENSE (Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade). É licenciado em Engenharia do Ambiente pela FCT-NOVA, mestre por Virginia Tech nos EUA e doutorado pela Universidade Nova de Lisboa. Tem um significativo conjunto de publicações nas áreas da qualidade do ar, alterações climáticas e desenvolvimento sustentável. Foi Presidente da Quercus de 1996 a 2001 e Vice-Presidente entre 2007 e 2011. Foi membro do Conselho Nacional da Água e do Conselho Nacional de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Atualmente é o Presidente da “ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável”, uma organização não-governamental de ambiente com atividade nacional.

Texto de Francisco Ferreira | Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável
Fotografia da cortesia de Francisco Ferreira
A opinião expressa pelos cronistas é apenas da sua própria responsabilidade.

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