Qual é o papel da procrastinação nos processos de criação artística? A coreógrafa e investigadora Sílvia Pinto Coelho propõem-se a pensar juntamente com Lília Mestre e um conjunto de outras artistas nos efeitos de desacelerar, adiar, procrastinar ou sabotar num evento duracional performativo de 10 horas que acontecer, no dia 6 de junho, no Jardim Botânico, em Lisboa.
A Maratona de Procrastinação, que decorrerá entre as 10 e as 20h daquele dia, concentra-se no papel que a procrastinação pode ter em processos criativos. "Há um processo rico em invenção de desconhecido no ato de protelar, de fazer durar", pode ler-se na descrição do evento, que terá como convidados os artistas Lília Mestre, Mark Tompkins, Vera Mantero, Jeroen Peeters, Mariana Tengner Barros e João Bento.
Improvisadores, artistas, curiosos e estudantes na área da dança e da performance são convidados a juntarem-se a esta maratona, um evento duracional de performance e discurso improvisados que poderá durar até dez horas, ativando um conjunto de premissas de relação a que é dado o nome de "Procrastination Score".
"Dizemos PROCRASTINAÇÃO como quem diz RESISTÊNCIA. Persistência na desatenção a uma tarefa por cumprir. Dizemos PROCRASTINAÇÃO como quem diz IMPROVISAÇÃO. A ginástica de um instinto conquistado ao tempo de trabalho. Dizemos ESCOLA como quem diz ESCOLHA. Pondo a hipótese de uma escola de liberdade. ESCOLA de liberdade de ESCOLHA? Liberdade de procurar alternativas à produtividade, ao burnout e à cativação do tempo de atenção ao trabalho", é dito.
Já em 2020, um grupo de leitura do TBA funcionou, durante o primeiro confinamento, para pensar "a partir de textos sobre desacelerar, adiar, procrastinar, sabotar, preguiça, modos de produção", bem como sobre os confinamentos e a pandemia. Na Maratona de Procrastinação, também no ano passado, foram entrevistados oito dos convidados para o projeto. As entrevistas estão disponíveis no YouTube do TBA.