O Teatro do Bairro Alto lança uma programação digital com datas marcadas até 2 de março, onde se debatem práticas de leitura, monumentos e conjuntos escultóricos de Lisboa.
No dia 20 de fevereiro, às 15h00, o coletivo “Stones Against Diamonds” recuperam o livro “Arquitectura e «pessimismo»” para uma sessão digital de Práticas de Leituras com o objetivo de debater, “de que forma a tradução e publicação de textos críticos, pode contribuir para a abertura de um debate sobre o caráter político da materialidade dos espaços físicos que habitamos”.
A obra publicada a 2 de outubro de 2020, é “uma publicação centrada na análise do esvaziamento do papel do Estado enquanto entidade mediadora e planeadora da “produção do espaço” e na sua substituição pela “mão invisível do mercado”, que vai integrando a arquitetura nas estruturas político-económicas do neoliberalismo” – referem em comunicado de imprensa.
A abordagem do grupo “Stones Against Diamonds”, fundado em 2018 por Ana Catarina Costa, Paulo AM Monteiro e Pedro Levi Bismarck, concentra-se na criação de espaços de debate sobre a condição política, artística e disciplinar da arquitetura. O papel da arquitetura, a função do arquiteto enquanto intelectual e técnico, e o ensino da arquitetura no contexto universitário são algumas das temáticas.
O evento de 23 de fevereiro antecipa o lançamento do site “Ditas e Desditas da Estatuária Lisbonense” com o convite da artista Isabel Brison ao investigador António Guterres, para uma conversa sobre a cidade, as suas estátuas e narrativas no “Dito e Feito”, o podcast do TBA em que a periodicidade e o formato não têm regras.
“Ditas e Desditas da Estatuária Lisbonense” de Isabel Brison é uma série online apresentada sob a forma de páginas web, lançada a 2 de março, que “reúne um conjunto de histórias centradas em monumentos e conjuntos escultóricos de Lisboa”, e que mistura acontecimentos históricos com narrativas ficcionais.
“A série abre com uma visita a Belém, onde encontramos vestígios da Exposição do Mundo Português de 1940 no desenho da Praça do Império, e observamos o que mudou desde então. Visitamos também duas esculturas que foram retiradas dos seus lugares na sequência do 25 de Abril de 1974, e acompanhamos a sua história até aos dias de hoje. Episódios subsequentes levar-nos-ão do Chiado dos poetas até ao antigo polo industrial da Damaia, passando por outro espaço monumental no centro da cidade: o Parque Eduardo VII” – releva Isabel Bríson.
O site terá textos, imagens fotográficas, ligações para fontes bibliográficas e outros recursos caracterizados por um trabalho “lúdico, com aspetos deliberadamente informativos”.
Para o projeto a artista acrescenta que escolheu focar-se narrativamente no passado corrente, estudar peças mais e menos conhecidas, mais e menos polémicas, mais e menos politicamente relevantes e termina com a esperança de poder “contribuir produtivamente para algum debate em torno destes objetos de funções decorativas, pedagógicas e celebratórias com os quais partilhamos o nosso espaço”.
Isabel Brison trabalha em programação web, em Sidney. Estudou e iniciou a carreira artística em Lisboa e hoje conta com participações na coletiva “Ficção e Fabricação. Fotografia de Arquitetura após a Revolução Digital” (2019) no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa, e expôs “The Common Soul” (2020) pela galeria Chauffeur, em Sidney.
Texto por Filipa Bossuet
Fotografia da cortesia do TBA