As peças de teatro Turma de 95, de Raquel Castro, e Morrer no Teatro, de Alex Cassal, vão ser apresentadas em dupla no Teatro do Bairro Alto (TBA), em Lisboa, de 6 a 15 de dezembro.
O público poderá assistir aos espetáculos em horários consecutivos, nos mesmos dias e com preços especiais. O diretor artístico do TBA, Francisco Frazão, explicou ao Gerador que «esta é uma ideia de programação que permite aproximar (ou contrastar) duas experiências, fazendo com que se iluminem mutuamente e sem dar uma chave interpretativa que explique tudo. Também me parece que a ideia é sugerida pela própria configuração da sala principal, composta por um palco e uma zona a que temos vindo a chamar "nave", e que permite ter dois espetáculos montados ao mesmo tempo».
Francisco Frazão é ex-programador de teatro na Culturgest e contou ao Gerador que, na Culturgest, também «já tinha experimentado uma peça da Deborah Pearson (The Future Show) e outra do Tim Crouch e do Andy Smith (what happens to the hope at the end of the evening) na mesma noite», facto que o incentivou a replicar uma dupla de peças no Teatro do Bairro Alto.
As duas peças em cena no TBA, Turma de 95 e Morrer no Teatro, tratam-se de dois monólogos. A de Raquel Castro será uma estreia absoluta e a de Alex Cassal será uma estreia em Lisboa. «A peça do Alex é uma herança da programação do Maria Matos de 2018, e a da Raquel parte de uma proposta dela ao TBA. A ideia (minha e da Laura Lopes) de juntá-las veio do facto de se tratarem de dois solos ou monólogos, bem como de uma série de contrastes que as caracterizavam: homem/mulher, futuro/passado, ficção/documentário, etc. Isto surge ainda na fase de projeto, antes da estreia», explicou Francisco Frazão.
Turma de 95 é um solo autobiográfico de Raquel Castro, que nasce a partir de uma fotografia da sua antiga turma no Colégio Salesiano de Lisboa, no ano de 1995. «Estávamos no 9.º ano, o João C. e a Filipa N. estavam apaixonados, o Pedro C.C. sonhava vir a ser jogador de futebol e o Rui A. foi à televisão imitar o Michael Jackson», pode ler-se na sinopse, escrito na primeira pessoa, por Raquel Castro. Uma peça que trará memórias ao presente, partindo de Class of 76, da companhia britânica Third Angel, para descobrir a sua Turma de 95.
Raquel Castro é atriz e encenadora. Já fez muitas coisas: fez de cowboy açoriana em plena América do séc. XIX, inventou um cruzeiro para o séc. XXX e fez de dona de casa rodeada de eletrodomésticos. Conhece-a melhor no podcast Maria Matos.
Podcast Maria Matos, episódio 14, com Raquel Castro.
Depois da antestreia na Moita e da estreia no Funchal, Morrer no Teatro, um quase-monólogo sobre a morte e o teatro, é apresentado pela primeira vez em Lisboa. Partindo de uma premissa comum ao imaginário do cinema-catástrofe, um ator (Marco Paiva) narra o futuro que o público espera se ficar preso numa sala de espetáculos, e isso inclui descrições de velórios, receitas antropofágicas, orgasmos transcendentais e uma fina seleção de excertos da dramaturgia universal.
Alex Cassal é um encenador, dramaturgo e ator brasileiro a viver atualmente em Lisboa. Cresceu a ler banda desenhada e a assistir a filmes de ficção científica. No Brasil, integra o grupo Foguetes Maravilha e, em Portugal, criou os espetáculos Tornados, As Cidades Invisíveis, Tiranossauro Rex e Ex-Zombies: Uma Conferência. Em parceria com Paula Diogo, criou a peça A Menor Língua do Mundo, sobre a qual poderás saber mais neste artigo do Público.
No último dia, 15 de dezembro, as sessões dos dois espetáculos (Turma de 95 às 17h30 e Morrer no Teatro às 20h00) serão com audiodescrição e interpretação em Língua Gestual Portuguesa. Consulta mais informações sobre os horários das peças nos restantes dias e sobre os preços no site do Teatro do Bairro Alto. O Gerador adianta-te que, para menores de 25 anos, o valor do bilhete é de 5€.