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Opinião de Ana Pinto Coelho

Telecomando

Há muitos anos que trabalho em casa. Havia a excepção das consultas presenciais, mas até…

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Há muitos anos que trabalho em casa. Havia a excepção das consultas presenciais, mas até essas passaram a ser, na maior parte, realizadas através dos meios digitais. Podem até perguntar-me como é possível produzir todo um Festival Mental através de casa ao que respondo, muito sinceramente, que é possível e fazível, pois perco menos tempo em transportes e estou mais focada.

Toda esta introdução tem a ver com um recente artigo publicado pela BBC Worklife em que aponta as vantagens do trabalho remoto para certo tipo de pessoas, nomeadamente, as mais introvertidas. E, quando pensamos nas mudanças que afectam a nossa existência diária e a modificação drástica de comportamentos, esquecemos bastas vezes que não somos todos iguais e que, infelizmente, teve de ser uma pandemia a mostrar que havia outros caminhos, outras possibilidades.

Os mais introvertidos encontraram o seu éden! Ao trabalhar em casa, escusam-se a relacionamentos que não desejam e que tentam evitar durante todo o dia, desde que saem de casa até que lhe chegam. Imaginam o desgaste em todo este processo? O evitar o olhar de alguém no transporte público, ter de encontrar desculpas para não ir almoçar com o grupo de trabalho, preencher os requisitos para mais uma reunião “fast food”?

Num repente, e agora que o mundo se reabriu um pouquinho, os extrovertidos exultam com grandes manifestações de alegria, ajuntamentos e uma tentativa de regresso a uma vida que pretendem normal. Mas os introvertidos, que de repente até podem escolher ficar no seu canto a trabalhar, estão a produzir mais e melhor, sentem-se enérgicos e felizes, estão entusiasmados pelo esticar das horas para mais tempo livre que lhes permita fazer outras coisas e às horas que preferem.

Para muitos directores empresarias, esta realidade foi quase imediata, pois o nível de concentração e de qualidade destes elementos aumentaram quase imediatamente. Parte do segredo está na empatia que se cria sem ser fisicamente, pois ela é possível e necessária para manter clientes. E quem foram os melhores a fazê-lo? Exactamente, os que estavam muito mais confortáveis no seu canto.

Para muitas empresas, como a Netflix (passe a publicidade), os elementos mais activos, frontais, directos e carismáticos foram-se abaixo com o isolamento, enquanto os mais tímidos, calados e “invisíveis”, tomaram a seu cargo muito do trabalho feito pelos anteriores, afirmou Patty McCord, antigo formador de recursos humanos na empresa.

Não é este um sinal claro que a sociedade tem que se adaptar imediatamente aos novos conhecimentos e travar, desde já, esta desenfreada corrida ao “antigo normal”? Tenho amig@s que claramente se sentem mais confortáveis a trabalhar em casa, mesmo que “presos” nela ou a ela e que querem continuar assim, pois encontraram mais tempo, maior qualidade de vida e tranquilidade, ao mesmo tempo que melhoraram as “skills” e aumentaram a produtividade.

Sempre ouvimos falar das pessoas que preferem o dia e das que preferem a noite, mas há todo um “novo normal” que mistura esses conceitos com os que preferem estar sozinhos a acompanhados, de fato de treino em vez de fato e gravata, de se alimentarem às horas que querem e não serem empurrados para cantinas ou restaurantes barulhentos e cheios.

Sou uma dessas pessoas, com horários um pouco diferentes dos socialmente estabelecidos. Não gosto de almoçar entre as 13 e as 14h30, não me obriguem a ir a reuniões em que parte, que também sei importante e necessário, só serve para trocar ideias e posições sociais antes de se abrir o dossier. Não sou introvertida, mas não sou um bicho social. E, por isso, compreendo o bem que esta mudança trouxe a milhares de profissionais.

O título deste artigo reflecte isso mesmo: o telecomando, afinal, pode ser meu e ao escolher o canal que quero ver, não perco tempo com zappings. E isto também é qualidade de vida.

*Texto escrito ao abrigo do antigo Acordo Ortográfico

-Sobre Ana Pinto Coelho-

É a directora e curadora do Festival Mental – Cinema, Artes e Informação, também conselheira e terapeuta em dependências químicas e comportamentais com diploma da Universidade de Oxford nessa área. Anteriormente, a sua vida foi dedicada à comunicação, assessoria de imprensa, e criação de vários projectos na área cultural e empresarial. Começou a trabalhar muito cedo enquanto estudava ao mesmo tempo, licenciou-se em Marketing e Publicidade no IADE após deixar o curso de Direito que frequentou durante dois anos. Foi autora e coordenadora de uma série infanto-juvenil para televisão. É editora de livros e pesquisadora.  Aposta em ajudar os seus pacientes e famílias num consultório em Lisboa, local a que chama Safe Place.

Texto de Ana Pinto Coelho
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