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Tiago Bettencourt: “A ideia é não só não seguir fórmulas, mas também não descobrir novas”

Já quase no fim do período de quarentena nacional, Tiago Bettencourt estreou o seu mais…

Texto de Bárbara Dixe Ramos

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Já quase no fim do período de quarentena nacional, Tiago Bettencourt estreou o seu mais recente vídeo "Dança”. Este afirma-se como um “hino à era do vazio”, numa altura em que todos correm pela “fama prematura” e batem palmas “ao ritmo desconcertante deste velho mundo”.

Com os acordes de La Bamba, “Dança” surge como uma sátira ao culto da fórmula na escrita pop. O vídeo conta ainda com a participação da performancista Jocellyn Allen e do ator Ivo Canelas. Este último afirma no início do vídeo: “Não interessa a música, não interessa a letra. Este vídeo tem que partir tudo! Movimento, poses, luzes nos olhos, tens de hipnotizar as pessoas! Vais ganhar este ano!”.

Em entrevista ao Gerador, Tiago Bettencourt fala sobre como adaptou o lançamento deste vídeo em cenário pandémico, sobre o novo álbum ainda por lançar - 2019 Rumo ao Eclipse - e os seus lives no Instragram durante o período de confinamento. Será que a arte e a música podem ajudar este “velho mundo” a mudar? “A ver vamos”, afirma.

Gerador (G.) - Com tudo isto a acontecer e, de certa forma, tão repentinamente, tiveste de adaptar a estratégia inicialmente pensada para o lançamento do vídeo “Dança”?

Tiago Bettencourt (T.) – Sim, tive de adaptar a ideia original onde eu e o Ivo estaríamos num sofá em vez ser uma conversa por Zoom. Por outro lado, já antes tinha falado com a Jocelyn Allen para dançar no vídeo. Havia a hipótese de ela vir a Portugal gravar, mas com os voos cancelados tivemos de fazer tudo mais minimal, no fundo como os vídeos originais dela.

G. - Desde o início da quarentena que tens estado todas as segundas-feiras à noite em direto no Instagram com alguns covers e originais. Como foi a reação das pessoas ao lançamento do “Dança”? Sentes que esta interação te permitiu aproximar do teu público?

T. - Sinto que, antes de tudo, o Festival Fica em Casa fez com que muita gente que não me seguia nas redes, mas que ouvia a minha música, me começasse a seguir. Eu não sou muito ativo nas minhas redes, ou melhor, não mostro muito da minha vida pessoal e esta minha postura faz com que muita gente apenas ouça a minha música e não me siga. Conceptualmente, acho isso ótimo, em termos práticos é um risco nos dias que correm. Quero que seja a música o importante. No entanto, durante esta fase as redes sociais transformaram-se numa poderosa ponte para cada artista, seja de que área for, para mostrar o seu trabalho e ter um impacto forte no dia a dia de tanta gente que estava fechada em casa. Os meus seguidores subiram nesta fase, exatamente porque eu também fiquei muito mais presente. No fundo, é como se eu tivesse feito as pazes com as redes sociais depois de aparecer esta nova maneira de lá existir sem ter de me tornar num influencer pelo meio, exibindo cada pormenor da minha vida privada, que prezo muito. Sinto-me sim, mais próximo do meu público, pelo menos às segundas feiras à noite.

G. - E o que podemos esperar do novo álbum 2019 Rumo ao Eclipse? Uma nova fórmula na escrita pop, talvez?

T. - A ideia é não só não seguir fórmulas, mas também não descobrir novas. A ideia de fórmula é, só por si, limitativa e sinal de uma postura que não quero seguir na música. O novo álbum sinto que é o produto de um ano de 2019 tenso e turbulento, mas também feito de descobertas. Tem, portanto, dois lados. Um representado pelo alter ego que surgiu, e outro por mim. Um mais ausente, outro mais presente. Os dois, obviamente, confundem-se.

G. - Falas na “era do vazio” e na “falta de força ou vontade de parar de bater palmas ao ritmo desconcertante deste velho mundo”. Achas que todo este novo cenário mundial ajudou ou agravou esta forma de estar?

T. - Acho que ninguém sabe bem a resposta a essa pergunta. Qual o resultado social e moral desta quarentena forçada? Eu já aprendi a não ter grandes expectativas, para não me desiludir se tudo voltar ao de sempre. Sinto que durante toda esta fase as pessoas consumiram muita cultura em várias formas, e isso só pode ter um impacto positivo. A arte torna-nos mais conscientes, mais empáticos, mais humanos. A ver vamos.

G. - O Amálio Só (aka Ivo Canelas) diz que “vais ganhar este ano”. O que queres ganhar em 2020?

T. - Terás que perguntar ao Amálio. Ele tem teorias só dele. Claramente quer que eu ganhe uma corrida qualquer, uma competição, uma qualquer taça. Não sei, no entanto, se os meus objetivos se alinham com os dele.

G.- O lançamento do novo álbum está para breve. Em termos de concertos, vamos poder ver-te ainda este ano?

T.- Está para breve, o novo álbum. Gravado. Estamos à espera de saber o que se vai passar com o país para agir de acordo com as expectativas. Até lá, continuarei a lançar conteúdos.

Entrevista por Bárbara Dixe Ramos
Fotografia do vídeo "Dança"

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