Quando em 1969, se cria a editora Ulmeiro, José Ribeiro, seu fundador, não esperava que a aventura durasse tantos anos. Volvidos 50 de atividade literária e depois de um período conturbado com a possibilidade de fechar a sua livraria em Benfica, parece agora haver de novo espaço para um renascimento.
Assim, este ano, a Ulmeiro irá voltar a edição, tendo já dois títulos na calha, que deverão sair nos próximos meses: “Tragam-me a Orelha de Pedro Sanches”, romance de Jacinto Rego de Almeida e a reedição de “Sete Cartas a um Jovem Filósofo”, de Agostinho Silva. Em declarações ao Gerador, José Ribeiro explica que “foi um erro” ter deixado a edição, algo que no seu entender pode ser “parte da solução” para a manter aberta a Livrarte - livraria que se mantém aberta no bairro de Benfica, em Lisboa – e para consolidar a transformação da Ulmeiro numa associação cultural.
A par dos títulos anunciados, José Ribeiro confirma ainda que a Ulmeiro irá reeditar obras em língua portuguesa, de autores como Raul Brandão, Camilo Castelo Branco e Eça de Queiroz, mas também de autores brasileiros como Machado de Assis.
Por outro lado, serão também publicadas algumas plaquetes literárias (um panfleto com pequenos textos de autores), o primeiro número de uma revista literária, intitulada Voo da Coruja e, uma antologia poética com poemas sobre gatos (homenagem feita ao gato Salvador que se mantém como uma espécie de “relações públicas” da livraria).
Exposição comemorativa na Fábrica do Braço de Prata
Ainda este ano, será organizada a exposição Edição e Contracultura: Ulmeiro e Amigos, 1969-2019, que estará patente na Fábrica do Braço de Prata, em Marvila. Sem data marcada, José Ribeiro afirma, no entanto, que pretende que a mostra possa depois ser apresentada noutros locais, almejando uma possível parceria com o Palácio Baldaya, em Benfica.
A exposição organizada por Pedro Piedade Marques, editor, e Daniel Melo, professor da Universidade Nova de Lisboa, pretende passar em revista os 50 anos de atividade da editora e da livraria, por onde já passaram figuras como o poeta norte-americano Lawrence Ferlinghetti ou o músico e poeta francês Léo Ferré.