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Um caminho alternativo para iniciar uma carreira profissional

Sou de uma pequena aldeia no interior de Portugal e, apesar de ser o melhor…

Opinião de Teresa Valente | Youth Cluster

©Bárbara Marques

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Sou de uma pequena aldeia no interior de Portugal e, apesar de ser o melhor lugar do mundo para mim, é só um ponto de paragem no meio das minhas viagens. Nós, jovens, somos talvez a geração mais globalizada, somos cada vez mais a usufruir de experiências internacionais, sejam estas académicas ou profissionais, tornando-nos pessoas mais completas e criando ligações afetivas com pessoas com quem nunca nos pensámos relacionar.

No meu caso, já visitei vários países - a maior parte deles ao abrigo de programas da União Europeia como Youth Exchanges ou Training Courses - e passei por situações caricatas em que jurei nunca mais, que era a última vez que me metia nessas coisas. Mas quem é que eu queria enganar?! Voltei sempre. Logo no meu primeiro intercâmbio Europeu na Eslovénia, estávamos a acampar e, devido às condições climatéricas, tivemos de ir para outro alojamento. Um hostel? Uma casa? A opção foi um palheiro. Ou na Eslováquia, pois devido a ter uma alimentação vegana, a única comida disponível era massa com açúcar e pó em chocolate. Entre estas, tenho muitas outras histórias que contribuíram para a pessoa que sou hoje.

Viajar por lazer ou beneficiar de experiências académicas e profissionais a um nível internacional claramente ainda não está ao alcance financeiro de todos. Enquanto as experiências internacionais podem beneficiar muito quem as possui, por exemplo, na candidatura a um emprego. Quem não beneficia delas sente na primeira pessoa uma crescente desigualdade de oportunidades. Acredito que estas oportunidades devem estar ao alcance de todos, especialmente dos jovens, por isso, através do meu exemplo, quero guiar outros jovens na descoberta e alcance destas possibilidades.

Os países que já foram a minha casa em longa-duração foram a Inglaterra, o Gana e, no passado dia 30 de agosto, embarquei em mais uma aventura sem bilhete de volta. Estou em França ao abrigo do Corpo Europeu de Solidariedade, um programa financiado pela União Europeia durante o qual todos os meus custos estão cobertos. Deixei o meu emprego em Portugal para vir um ano para a Cruz Vermelha Francesa, num país que nem a língua sei falar - ainda -, mas nada que o google tradutor e gestos não resolvam por agora.

Desde que tenho memória, sempre desejei trabalhar na área humanitária, mas todas as oportunidades que eu encontrava para quem ainda está no início da vida profissional eram posições de voluntariado ou estágios não remunerados, o que para mim era uma opção fora de questão! O facto da maior parte das oportunidades serem nas grandes cidades e, sendo eu do interior, iria ter custos adicionais. Além disso, aceitar oportunidades não remuneradas, independentemente da área, contribui para uma desvalorização dos setores e, por fim, existem muitas opções do típico voluntourismo que, além de exigir o pagamento de custos elevados, tendencialmente tem um impacto bastante negativo nas comunidades. Desta forma, quando acabei o meu curso comecei a trabalhar noutras áreas, porque não podia ficar muito mais tempo desempregada, mas no meu tempo livre continuava sempre à procura de oportunidades financiadas para que pudesse trabalhar na área em que me formei. Assim que vi esta vaga no Corpo Europeu de Solidariedade na Cruz Vermelha Francesa, nem pensei duas vezes, era o ideal para mim.

O Corpo Europeu de Solidariedade é um programa para jovens entre os 18 e 30 anos e que nos permite participar em projetos comunitários em Portugal ou no estrangeiro. O objetivo do programa consiste em apoiar as pessoas jovens no desenvolvimento das suas aptidões e competências contribuindo para uma sociedade mais justa e solidária. Uma vez que o programa inclui as viagens para o país do projeto, o alojamento, aulas do idioma falado no país, formação e dinheiro de bolso, esta torna-se uma opção inclusiva para darmos os primeiros passos na área profissional que pretendemos seguir.

Eu encontro-me a fazer o meu voluntariado na Unidade da Cruz Vermelha em Poitiers e vou ficar aqui durante 12 meses. Além de apoiar nas atividades e serviços já desenvolvidos pela organização e que são destinados a pessoas em situação de sem-abrigo, mulheres sobreviventes de violência doméstica e refugiados, ainda tenho a possibilidade de criar o meu próprio projeto. Este é desenvolvido em conjunto com as pessoas que dele podem obter benefício, garantindo que estou a criar um impacto real e a empoderar as pessoas a longo prazo em detrimento de “impingir” projetos sem uma utilidade real.

A vida não é só trabalho e o nosso tempo livre tem um peso essencial na nossa satisfação geral! Normalmente existem mais voluntários de vários países a participar no programa no mesmo país. O nosso grupo de voluntários na Cruz Vermelha é composto por portugueses, alemães, húngaros, italianos, brasileiros e espanhóis, espalhados por França. No meu caso, a minha colega de projeto, e casa, é uma rapariga com dupla nacionalidade - alemã e italiana. Para uma amante de pasta, não podia ter tido mais sorte!

Na minha opinião, fazer voluntariado internacional é uma oportunidade para conhecer novas culturas, experienciar um contexto de trabalho internacional, apoiar comunidades e cimentar valores europeus, numa era com crescentes extremismos. Para mim esta aventura ainda vai no início, mas tem sido muito positiva, cheia de peripécias, e o melhor ainda está para vir - clichê, eu sei - mas também tu podes começar a tua aventura!

Podes encontrar várias vagas na plataforma do Corpo Europeu de Solidariedade ou na página da Youth Cluster onde partilhamos várias oportunidades internacionais financiadas incluindo o Corpo Europeu de Solidariedade e também muitos outros programas.

Vemo-nos em breve por aí, na Europa!

-Sobre a Teresa Valente-

Descreve-se como cidadã do mundo apesar de ter Abrantes sempre no coração. Licenciou-se em psicologia, com a certeza que seria psicóloga clínica, mas a vida trocou-lhe as voltas! Acabou a fazer um mestrado em Conflito, Governação e Desenvolvimento Internacional na Universidade de East Anglia.
Devido à sua forte presença na esfera associativa já teve a oportunidade de beneficiar de múltiplas programas internacionais. Co-fundou a Associação Youth Cluster em 2020 com o objetivo de promover oportunidades inclusivas e acessíveis a todas as pessoas jovens. Através do seu trabalho na Youth Cluster e, em cooperação com outras organizações, tem reivindicado por igualdade de oportunidades e melhores políticas para a juventude.

Texto de Teresa Valente
Fotografia de Bárbara Marques
A opinião expressa pelos cronistas é apenas da sua própria responsabilidade.

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