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Um deus chamado futebol

Nas Gargantas Soltas de hoje, Nuno Varela fala-nos da relação entre o futebol, os direitos humanos e a construção do Campeonato Mundial de Futebol FIFA de 2022.

Opinião de Nuno Varela

©Pedro Vaccaro

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Parabéns a Portugal pela vitória sobre o Gana, visto a nossa seleção ter saído vitoriosa neste jogo, tinha de começar por dar os parabéns. Foi um jogo complicado que deixou muita gente à beira de um ataque cardíaco, principalmente os apostadores, para esses este Mundial tem sido uma montanha russa, com muitos favoritos a tropeçarem perante clubes que estão a ser a surpresa. Espero que Portugal chegue longe e a minha final de sonho seria Portugal vs Brasil, se isso acontecer, o país para tendo em conta a quantidade de brasileiros que cá estão agora, ia ser engraçado.

Bem, já dei os meus parabéns, então vamos agora ao que interessa. Quero falar sobre essa doença, religião, seita ou sei lá o que, do qual eu faço parte, de uma forma muito moderada e racional mas faço parte. Este Mundial nas condições em que foi feito mostra o poder que o futebol tem no mundo todo, podem morrer milhares de pessoas, podem vir a público situações de quase escravidão, podem até existir políticas contra a liberdade das mulheres que, a festa vai acontecer na mesma e isto explica muita coisa que vai acontecendo no nosso mundo.

Podemos encontrar mil desculpas, mas a verdade é só uma: o dinheiro parece falar mais alto quando os bolsos a encher são muitos. É uma máquina muito grande que por mais documentários que façam nunca vamos ter a real noção do problema, aproveito para sugerir que vejam o documentário da FIFA que se encontra disponível na plataformaNetflix.

Este parece ser mais um negócio que está acima dos direitos humanos, pois estima-se que mais de 6000 trabalhadores morreram nas obras deste Mundial e estes são números não-oficiais, o que quer dizer que os números podem ser muitos mais e a FIFA sendo o maior nome por trás desta organização, não parece preocupada em responsabilizar ninguém.

Existem vários vídeos a circular pela internet que mostram as dificuldades em que muitos destes trabalhadores viviam, o que é chocante e revoltante. Muitos ficam mais de nove meses sem receber salário. Não digo que isto seja algo directamente causado pela FIFA mas, claramente, que é pelas pessoas contratadas.

Muitas são as seleções que começam os seus jogos com mensagens ou nos equipamentos ou em fitas sobre estas questões num gesto solidário com todos os que perderam a vida para que esta festa se realize e outros solidários com algumas leis ainda praticadas naquele país.

Somos conscientes de tudo isto, porém custa ouvir muito do que é dito sobre este Mundial, mas tudo isso fica para trás quando é a hora da nossa seleção jogar. É hipocrisia? Claro que sim e somos todos hipócritas, não todos porque de vez em quando vou conhecendo alguém que não acha piada nenhuma ao futebol, esses sim são os inteligentes.

Uma das coisas que mais tenho feito ultimamente é observar pessoas a discutir sobre futebol e isso mostra que, de facto, as pessoas se quiserem sabem e são especialistas em assuntos variados. Não há pessoas burras há pessoas desinteressadas. Eu, com base em conceitos pré-definidos que tenho sobre algumas pessoas (é errado mas, todos fazemos isso), tenho me surpreendido com a forma de argumentação e conhecimento de muitos indivíduos no que toca a futebol. sSabem datas, nomes completos, nacionalidade, equipas inteiras, de coisas que aconteceram em 86, 98 ou antes deles nascerem, é normal saberem os minutos exatos dos golos, quanto tempo foi dado de compensação e fico parvo porque para outros assuntos parecem completamente ignorantes e com alguma dificuldade de compreensão.

Outra coisa que é certa é a quantidade de amizades que acabam e lutas que acontecem depois de um derby ou clássico aqui em Portugal. Nos Bairros em Lisboa é normal ouvirmos que alguém lutou por causa de um jogo e o que não falta por aí são claques de adeptos que quase se matam apenas pelo amor ao clube.

Esta energia, força, predisposição para ir ver jogos, fazer milhares de quilômetros para ver o clube que tanto gostamos a jogar, se fosse aplicado pelo bem e mudança da sociedade, imaginem lá onde estaríamos. Não é preciso pensar muito, mas ver o que o futebol movimenta e faz para que milhões fiquem colados a uma tv por 90 minutos e vira isso para o que o mundo precisa, está aí a solução.

Isto é mais que uma religião, sinceramente não existe nada maior que o futebol no mundo e no dia que os responsáveis pelo futebol mundial perceberem que podem mudar o mundo com este desporto, o mundo muda. Será possível eles encherem o bolso que tanto gostam e ao mesmo tempo mudar o mundo, basta quererem.

Metam o Ronaldo como presidente da FIFA e o futebol vai viver uma nova história, acredito que sim.

-Sobre Nuno Varela-

Nuno Varela, 36 anos, casado, pai de 2 filhos, criou em 2006 a Hip Hop Sou Eu, que é uma das mais antigas e maiores plataformas de divulgação de Hip Hop em Portugal. Da Hip Hop Sou Eu, nasceram projetos como a Liga Knockout, uma das primeiras ligas de batalhas escritas da lusofonia, a We Deep agência de artistas e criação musical e a Associação GURU que está envolvida em vários projetos sociais no desenvolvimento de skills e competências em jovens de zonas carenciadas. Varela é um jovem empreendedor e autodidata, amante da tecnologia e sempre pronto para causas sociais. Destaca sempre 3 ou 4 projetos, mas está envolvido em mais de 10.

Texto de Nuno Varela
A opinião expressa pelos cronistas é apenas da sua própria responsabilidade.

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