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Uma vida de mãos dadas com o isolamento: a luta de quem persiste nas aldeias do interior

No concelho de Mação, no interior centro do país, são centenas os idosos que vivem sozinhos em aldeias dispersas e cada vez mais despovoadas. Numa rotina tomada pela monotonia e onde o contacto social é escasso ou, nalguns casos, inexistente, fomos conhecer a realidade de quem lida com o isolamento nas suas diferentes formas. Da falta de companhia à ausência de serviços básicos, dos obstáculos de mobilidade às barreiras para ter direito à saúde, descobrimos como se reinventam e sobrevivem às adversidades diárias.

Texto de Redação

Ilustração de Frederico Pompeu

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Depois do esforço hercúleo do motor para vencer a íngreme e curvada subida, chegámos ao fim da estrada. A partir daqui, o carro não passa e o caminho faz-se somente a pé, numa rua de chão mal alcatroado e com rasteiras a cada passo.

Passam poucos minutos das nove da manhã. Encontramo-nos a escassos quilómetros do marco geográfico que assinala o centro de Portugal, no interior profundo do país. No ponto mais alto da aldeia do Cerro do Outeiro, na fronteira entre os concelhos de Mação e Vila de Rei, o vento assobia com pujança. À nossa volta, nada mais se avista além de uma paisagem verdejante composta por pinheiros e eucaliptos que dividem o espaço com dezenas de telhados caídos, vítimas do abandono de longos anos.

Legenda: Uma rua deserta, telhados caídos e floresta a perder de vista, é este o cenário à chegada da aldeia do Cerro do Outeiro, em Mação. © Ana Rita Cristóvão

Começamos a percorrer a única rua existente, sinalizada numa placa em mármore como “Rua do Centro”. No imediato, um cão corre na nossa direção enquanto ladra ferozmente. Pequeno mas destemido, entre a desconfiança perante quem lhe é estranho e a necessidade de alertar alguém para a nossa presença, acaba por fugir e apressamo-nos a seguir o seu rasto. No vazio do cenário, ouvimos ao fundo uma voz num tom apreensivo: “O que é que anda para aí?”.

Chegamos ao pé de um tanque de cimento de lavar a roupa que nos tranca a passagem para umas escadas de pedra, como se de um portão improvisado se tratasse. Do outro lado, surge uma senhora de avental azul florido.

“Estava a acabar de lavar a loiça do jantar de ontem”, diz-nos com um sorriso envergonhado de quem não esperava ver por ali alguém, enquanto segura um pedaço de sabão azul esfarelado e uma panela quase tão gasta como o alcatrão que pisamos.

As mãos enrugadas de Hermínia António e o cabelo grisalho atado por um velho elástico são marcas inevitáveis de uma vida sem luxos, onde o trabalho é a única rotina com a qual se cruzou ao longo dos seus 79 anos de vida.

Hermínia António, uma das últimas habitantes da aldeia do Cerro do Outeiro, em Mação. © Ana Rita Cristóvão

“Vivi sempre aqui e sempre a trabalhar. Acordo quando o sol se começa a levantar e vou logo tratar dos animais. Tenho duas cabritas, 10 ou 11 galinhas e um cão, é fazer comer para isto tudo, já viu? E a gente também tem que comer alguma coisa. Depois é cavar, ir ao mato buscar lenha, e é assim que se passa o dia”, resume com a perspicácia de quem já tem a rotina bem memorizada na cabeça.

Enquanto Hermínia prepara uma mistura de couves com restos de comida para “desenjoar os animais”, na outra ponta do concelho de Mação, na quietude da aldeia da Maxieira, Laura Pereira enche o avental de ovos frescos.

“Olhe para isto, foi quase uma dúzia de uma vez!”. O brilho nos olhos por ver tamanha riqueza rapidamente dá lugar à generosidade: “Tem ovos lá na sua casa?”, pergunta, enquanto se apressa a tirar os vestígios de palha que trouxe descuidadamente de dentro da capoeira.

Laura Pereira, habitante da aldeia de Maxieira, em Mação, passa grande parte do seu dia a cuidar dos animais. © Ana Rita Cristóvão

De telemóvel pendurado ao pescoço, pérolas brancas a enfeitar as orelhas e óculos postos para ver bem tudo o que acontece ao seu redor, Laura pousa os ovos na mesa da cozinha e vai tratar do pequeno-almoço. À mesa, coloca o pão de há já três dias – a última vez que o padeiro passou – e um bolo de laranja acabado de sair do forno. Para beber, a escolha é sagrada: “Café! Nunca pode falhar o meu cafezinho”.

Entre as idas da chávena à boca, pensa no que vai fazer a seguir e liberta um profundo suspiro. “Muito”, é a resposta que dá quando lhe perguntamos se o tempo custa a passar.

A monotonia em troca da qualidade de vida

“É uma vida simples demais. É muito monótona, muito sossegadinha. Mas não posso estar quieta, tenho que ocupar o meu tempo: é com a horta, a criação e à noite um bocadinho de televisão e o ponto cruz”, conta-nos Laura, que revela o truque para combater o aborrecimento que, não tão poucas vezes, toma conta de si: “É seguir em frente. Parar é morrer.”.

Todos os dias, assim que nasce o sol, a monotonia entra porta dentro sem pedir licença. A sua visita tão certa faz com que acabe por se tornar já indispensável.

“É sempre a mesma rotina, mas estou habituada a esta vida, faz-me falta. Aqui a respiração é outra, o ar é outro, não se compara com a cidade. O campo sempre é mais livre, eu gosto é de andar assim livre, à vontade”, descreve-nos Hermínia António, do Cerro do Outeiro. “Os meus pais morreram aqui, nesta povoação, e eu aqui vou morrer”, acrescenta, com um misto de conformismo e de certeza de que não trocava o seu destino por nenhum outro.

É entre o cheiro da terra fresca, a panóplia de sons das incontáveis espécies vivas e a grandeza da paisagem envolvente que também Laura, hoje com 70 anos, deseja passar os dias que ainda estão por vir.

“Eu gosto de estar aqui. Gosto muito do contacto com a natureza, gosto da criação. Não quero sair daqui por isto: quero ter os meus animais, quero ter os cães, quero ter o gatinho. Aqui tenho qualidade de vida, a qualidade da comida, isto é saudável”, garante.

O gato é a grande companhia de Laura durante a sua rotina. © Ana Rita Cristóvão

Mas se olharmos além do ar puro e das paisagens de tranquilidade, esconde-se uma realidade mais dura do que aquela que se vê à primeira vista, onde o isolamento, consequência do despovoamento contínuo das últimas décadas, é o preço a pagar por quem ainda persiste nestes territórios. E são cada vez menos.

O definhar das aldeias e os últimos sobreviventes

São cerca de 600 os idosos que vivem sozinhos nas mais de 100 aldeias do concelho de Mação. Destes, “entre 200 a 300” vivem em situação de isolamento, revela ao Gerador o presidente da Câmara Municipal, Vasco Estrela.

Num concelho com 6400 habitantes e onde 42 % da população se insere na faixa etária acima dos 65, a maioria encontra-se hoje na casa dos 70 a 74 anos (cerca de 520 pessoas, conforme os dados mais recentes disponibilizados ao Gerador pelo Instituto Nacional de Estatística). Números que materializam a tendência de envelhecimento demográfico e aos quais se juntam os da perda de população: lado a lado com Abrantes, Mação foi o concelho da região do Médio Tejo que mais habitantes perdeu na última década – quase 13 %.

Mais do que números, este é um cenário que, diz o autarca maçaense, acentua um caminho sem retorno. “Não digo a morrer, mas [as aldeias] estão a definhar, muitas delas, lentamente”, admite.

O concelho de Mação perdeu mais de 900 habitantes na última década. © Ana Rita Cristóvão

Aqui, o despovoamento é o futuro cada vez mais garantido. “Temos muitas aldeias despovoadas, é este também um pouco o retrato do Portugal do interior. (…) Em 2050, perspetiva-se que 80% da população portuguesa viva no litoral, acho que esse número diz tudo sobre aquilo que se espera que venha a acontecer no interior do país, onde estamos inseridos”, acrescenta, assumindo o expectável aumento do número de aldeias sem ninguém num futuro não assim tão longe.

 “Como disse a Ministra da Coesão Territorial há uns tempos, neste momento, temos de gerir o declínio e perceber como é que vamos manter vivos grande parte dos territórios. Qualquer política que possa surtir efeito nesta altura só vai mitigar o problema (…) deixámos, todos nós enquanto país, chegar isto a um ponto que estamos num caminho sem retorno”, reitera ainda o autarca maçaense, que destaca ainda a falta de resultados visíveis das diversas iniciativas de repovoamento concretizadas ano após ano.

O isolamento social e o sentimento de solidão: as consequências de quem resiste

A imensidão das localidades que se avistam por Mação e o número de telhados que se contam pelos mais de 400 quilómetros quadrados de território são, na maior parte dos casos, um mero engano.

“As aldeias, isto está tudo cada vez a menos. Parecem muito grandes, com muitas casas, mas se entrarmos lá estão uma, duas, três pessoas e as casas estão todas desabitadas”, confirma Maria da Luz, uma das últimas habitantes da aldeia cujo nome não podia contrastar mais com a sua realidade - “Juntos”, pertencente à freguesia de Amêndoa, a que mais população perdeu na última década em todo o concelho (tem hoje menos 24% dos habitantes).

Aldeia de Juntos, na freguesia de Amêndoa, Mação. © Ana Rita Cristóvão

Aos 85 anos, é na última casa da aldeia, que delimita a povoação do extenso mato florestal, que Maria da Luz vive sozinha. De chapéu na cabeça e jornal na mão a fazer sombra ao sol, observa com atenção o trajeto do carro que passa lá bem ao fundo da estrada.

“Já lá vai, não vinha para aqui”, diz com um tom aliviado mas, simultaneamente, desolado. Entra para casa e o som do silêncio volta a emergir das quatro paredes com uma brutalidade que ensurdece.

Entre os que deixam o concelho e os que vão partindo desta vida, a perda contínua de população tem feito sobressair o número de idosos a viver em situação de isolamento social.

“Eu ando sempre sozinha, o dia inteiro. Ando por aqui, por aqui estou. Costumo fazer uma caminhada a pé todos os dias, vou sozinha”, diz-nos. Os dias passam e não se vê ninguém. A presença de uma vizinha na outra ponta da aldeia é quase despercebida, tal como a dos ingleses que compraram recentemente casa de férias na povoação.

O isolamento mistura-se com um sentimento de solidão. Perguntamos-lhe se se sente sozinha e o vazio da resposta que nos dá, acompanhado por um longo suspiro e um acenar de cabeça, diz-nos mais do que esperávamos. “Também já não penso muito, já não tenho grande entusiasmo de viver, é um dia de cada vez”, são as poucas palavras que verbaliza, acompanhadas por um encolher de ombros.

A viver sozinha na aldeia de Juntos, Maria da Luz passa grande parte dos seus dias a ler. © Ana Rita Cristóvão

Com os filhos longe, um deles no estrangeiro, a falta de visitas e a necessidade de alguém com quem conversar reflete-se nas respostas longas e repetidas. Os bocadinhos de tempo que passa nas atividades de ginástica mental promovidas às quartas-feiras pela Câmara de Mação – através do projeto “+Atividade, - Solidão”, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e que pretende levar atividades físicas e mentais a cerca de 300 idosos em todo o concelho – não são suficientes para lhe tirar do peito o aperto da solidão.

Outrora, valia-lhe ainda a ida à missa ao domingo para ouvir novas histórias e contar as de antigamente. Mas hoje “já pouco se fala”. “Há pouca gente, já há poucas pessoas. Noutro tempo, era a Igreja cheia de gente, agora é uma em cada canto e as pessoas de mais idade já tudo se encolhe porque já não têm transporte, ficam em casa”, conta.

Dentro de casa, a seis quilómetros dos Juntos, na aldeia da Maxieira, Laura Pereira sobe muitas vezes a persiana do primeiro andar “só para ver se lá ao fundo a janela do vizinho está aberta”. As janelas abertas acalmam o coração de quem vive nestes lugares, mas hoje são cada vez mais as que se fecham sem mais se abrirem.

Foi o que aconteceu no Cerro do Outeiro, onde a janela do último vizinho se fechou a última vez em dezembro do ano passado, deixando Hermínia António sem o amigo do lado.

O desaparecimento da população mais idosa que ainda habita nestas aldeias tem levado ao aumento do número de casas abandonadas. © Ana Rita Cristóvão

“Agora é que não temos cá mais ninguém. Nada!”, constata. O silêncio “é demasiado para quem gosta de conviver. E eu gosto tanto de convívio, mas não tenho”, lamenta. Sem marido nem filhos, Hermínia tem ainda a companhia da irmã, mas o seu estado de saúde debilitado e as poucas palavras que pronuncia faz despertar as lágrimas nos seus olhos perante um futuro que não se avizinha melhor.

“Estamos aqui muito desertas, temos muita falta de companhia, tenho muito preciso disso”, confessa, com uma voz tremida que esconde uma consequência direta da falta de vizinhos: o receio dos estranhos que ali vão parar.

O sobressalto da noite e a desconfiança aos estranhos

Quando o sol se põe e a escuridão toma conta das aldeias, é hora de recolher a casa. Lá fora, corujas e cigarras rompem com o silêncio. Cá dentro, o compasso do velho relógio de corda tenta sobressair, mas todos os sons são rapidamente abafados pelo da televisão.

“As noites são muito longas, é horrível. Estou ali até à meia-noite, a ver a televisão. É a minha companhia: começo no Portugal em Direto, depois no Preço Certo do Fernando Mendes, depois são três telenovelas seguidas (…) Mas às vezes é horrível, ver a televisão é horrível. Estou sempre com o comando na mão para mudar, é só misérias, já viu a guerra na Ucrânia? Mudo para a Canção Nova para ver a missa, mas não vê como é que está também hoje a Igreja Católica?”, exclama com desalento Laura.

O ponto cruz feito à luz do candeeiro ajuda a distrair mais um pouco até chegar a única chamada certa do dia. “É à meia-noite, todos os dias não durmo sem a última chamada da minha filha”, diz, levando a mão ao peito em jeito de expressar o conforto que tal momento representa para si.

O ponto cruz é uma das distrações de Laura para combater o amargo da noite. © Ana Rita Cristóvão

São horas de ir dormir e Laura desliga a televisão. Depois de confirmar se as portas e janelas estão bem trancadas, sobe para o primeiro andar, onde a vista consegue alcançar toda a povoação. O calmante que tomou para conseguir adormecer começa a fazer efeito, mas logo os cães começam a dar sinal na rua.

“A gente fica logo em alerta. Ainda há dias parou um carro branco ali em frente às minhas árvores, com a matrícula escondida, e um senhor pergunta-me ´A senhora é reformada?’. Começou a falar e eu só disse ‘Ó, conto do vigário, eu não quero nada dessas coisas, comigo não cola, não há cá dinheiro em casa’, e ele lá se foi embora”, recorda Laura, admitindo que apesar do sobressalto, não tem medo.

“Eu não tenho medo, não sou daquelas pessoas de entrar em pânico. Mandei vir o ferreiro e meti aquela porta com trancas de ferro, ando a proteger isto aos poucos. Quer dizer, isto não vale de nada, mas sinto-me mais protegida. E também para que é que vem aqui se não há nada para roubar …”, diz-nos, com uma coragem que se comprova pelo olhar arregalado e atento que nos mostra.

“Se alguém vier para partir, eu ouço. Tenho sempre em cima da mesa de cabeceira dois telemóveis e o telefone fixo (…) e tenho aí uma corneta daquelas quando os navios vão a arrancar, aquilo faz um barulho que se ouve daqui até lá ao fundo. Já combinei com o vizinho lá de baixo: quando ouvir este barulho, é porque há aqui qualquer coisa estranha”, adianta.

Na aldeia de Juntos, Maria da Luz mostra-se mais apreensiva. A falta de vizinhos a quem pedir socorro acentua um sentimento de insegurança que, embora sem registo de episódios passados que o justifiquem, se expressa mais alto.

“Não há coisas para roubar, mas é a nossa casa. Eu falo francamente, eu não estou nada segura, porque de um momento para o outro aparece-nos um bandido, e depois? Como é que a gente faz? (…) A gente sabe lá, de um momento para o outro se entra alguém para casa sem a gente dar por ela”, desabafa, soltando um suspiro.

Enquanto havia vizinhos, no longínquo Cerro do Outeiro, Hermínia e a irmã juntavam-se a eles para dormirem todos na mesma casa. “Fizemos isto durante 10 anos”, conta-nos. Hoje, só as duas, os receios são dois: o dos carros que “vêm muitas vezes lá acima” e o das portas abertas das casas abandonadas abertas. “Parece que a gente com as portas fechadas estamos mais tranquilas, porque assim pode estar alguém detrás de uma parede e a gente não vê, e a pessoa vir agarrar-se à gente”, diz.

O cenário junto à casa de Hermínia e a precariedade de condições em que vive. © Ana Rita Cristóvão

O seu cão, Bobi, é a única garantia de alguma segurança que ainda vai sentindo. “É por isso que me faz muita falta o cãozinho. (…) A GNR é raro vir cá. Veio cá não foi o ano passado, foi o outro ano, ver quantos idosos éramos. Na altura, disseram que eram para ir passando por cá, mas avisaram que eram raras as vezes porque o concelho é grande. Até hoje, nunca mais cá apareceram (…) é cá um cuidado que fazem da gente”, desabafa Hermínia.

As pedras no caminho de quem luta pela subsistência

Mas não só na falta de contacto social reside o isolamento. À falta de companhia junta-se a falta de uma mercearia onde comprar os bens essenciais, a falta de um médico de família a quem recorrer perante algum episódio de saúde mais urgente e a dificuldade de arranjar um meio para lá chegar.

Adversidades que são combatidas pela experiência de quem vive habituado à arte de desenrascar e semear alternativas.

“Se eu semear, tenho tudo: alfaces, couves, nabos, batatas – foi uma desgraça este ano, mas tenho sempre batatas para o ano inteiro. Por morrer uma andorinha, não acaba a primavera”, diz-nos Laura Pereira, enquanto nos mostra como salta a barra de proteção metálica que delimita a estrada para conseguir chegar à sua horta. É daqui que, à semelhança de Maria da Luz e Hermínia, tira a maior parte do seu sustento.

É no cultivo da horta que se encontra o sustento de quem vive no campo. © Ana Rita Cristóvão

Mercearia só há uma, a meia hora de caminho a pé. “Havia muitas, antigamente. Era no tempo em que havia muita gente, agora se a gente se puser a contar, as aldeias estão a acabar”, explica Laura.

É por telefone que pede para guardar aquilo de que precisa, antes que acabe. “Pego no telefone, ligo para o Vítor e digo ‘Olha, tenho preciso de um saco de farinha grande para as minhas galinhas e preciso mais disto e daquilo’. Ele normalmente vem sempre. Mas se for uma coisa pouca que eu vejo que lhe dou prejuízo, abalo a pé e vou lá”, explica.

O truque para não faltar nada é seguir à risca a sabedoria popular: ‘Mais vale prevenir do que remediar’. A gente não pode estar assim sem nada, nada. Temos que estar prevenidas, porque a gente não sabe…”, refere Maria da Luz, que vê a mercearia mais próxima a 40 minutos a pé, mas há mais de dois meses fechada para obras.

Mesmo assim, às quartas-feiras sai-lhe “a sorte grande”, quando passa o padeiro para deixar o pão quente na porta. Mas nem todos têm a mesma sorte.

Lá do fundo do vale, o cheiro a pão saído do forno espalha-se pelo ar. Todos os meses, Hermínia António amassa com as próprias mãos o pão que há-de comer. “Enquanto eu for capaz de cozer, antes quero cá o nosso pão cozido. Tenho o forno lá em cima, vou com cinco ou seis quilos no tabuleiro, já não posso com mais”, afirma.

A juntar ao pão, o queijo fresco que faz de forma artesanal completa, tantas vezes, a refeição. “Pode faltar tudo, mas enquanto a gente tiver pão com queijo ou pão com azeitonas, é o que se come”, confessa.

Todos os dias, a ordenha da cabra permite a Hermínia ter queijo fresco para completar ou até substituir uma refeição. © Ana Rita Cristóvão

Porém, quando a despensa já está demasiado despida, para Hermínia, Maria da Luz e Laura só resta uma solução: ir ao centro da vila, a Mação. E é aqui que se levanta a questão: como lá chegar?

“Autocarros não passam aqui. Eu já disse, podem tirar dali aquela paragem de autocarro, não está ali a fazer nada. Mas disseram que não podiam tirar, tinha que estar lá”, expõe Laura.

 “Os autocarros, pouco a pouco, foram começando a desaparecer”, conta, lembrando uma situação em que teve de ir ao hospital mais próximo, em Abrantes, e quase ia ficando a pé no regresso a casa. “Para ir para Abrantes, apanhava o autocarro dos estudantes e ia. Para voltar, o autocarro já não voltava aqui, passava pela Amêndoa e seguia para Cardigos. O motorista disse para mim ‘então agora de inverno, com chuva, vai a pé’. E foi-me levar a casa, para não me ia deixar sozinha no meio da mata”, recorda, fazendo transparecer o alívio que sentiu em tal episódio.

A este ponto, a questão impõe-se: Como é possível manter transporte público regular num concelho com mais de uma centena de aldeias dispersas? A resposta surge, também em forma de questão. “Como é que nós conseguimos fazer isso quando neste momento os recursos são limitados e não há nenhuma racionalidade económica para uma série de questões? É inviável irmos às 100 localidades do concelho com transporte público todos os dias, isto não existe, nunca existiu nem nunca existirá, é irreal pensarmos nessa solução”, responde o presidente da Câmara de Mação.

À paragem de autocarro à porta de Laura, na aldeia da Maxieira, não passam carreiras. © Ana Rita Cristóvão

“Deixaram de existir carreiras públicas, as carreiras hoje são operadas por operadores privados e não podem andar onde não há gente ou onde uma senhora usa a carreira uma vez por mês (…) já não é como era no passado, carreiras de 50 lugares a passarem perfeitamente vazias, anos e anos que isto sucedeu, e isto custou muito dinheiro a todos nós”, refere.

A solução passou pela implementação de um projeto pioneiro a nível nacional que abrange os 13 concelhos do Médio Tejo, onde se insere Mação, e que permite aos habitantes das zonas de baixa densidade populacional onde não há oferta regular de transporte público reservar uma viagem por preços entre 1,00€ e 3,00€. O projeto, denominado “Transporte a Pedido”, tem hoje dezenas de circuitos e permite a deslocação, dentro dos horários definidos, entre os vários pontos do concelho.

 “É o que me tem valido”, confessa Laura. Duas vezes por mês, liga para o número de telefone inscrito na placa ao lado de sua casa e por 4,00€ vai a Mação e regressa.

Já na terra ao lado, a sorte de Maria da Luz é o autocarro que a Junta de Freguesia decidiu disponibilizar para os seus habitantes para ir até ao centro da vila. “Ainda há vaga para mim?”, pergunta ao telefone, sussurrando-nos enquanto espera por resposta que os lugares esgotam sempre “muito depressa”.

A tentativa de conseguir um lugar para ir à vila faz-se de manhã cedo, com uma chamada para a Junta de Freguesia. © Ana Rita Cristóvão

Além das idas a Mação, a carrinha da Junta de Freguesia vem também buscá-la aos domingos para ir à missa e, quando a vontade e a forçam existem, para as atividades de ginástica mental da Câmara de Mação. “É só um bocadito que lá vou e gosto muito, mas se não fosse o transporte, também não ia lá. Quem é que era capaz de caminhar o caminho a pé”, apressa-se em deixar claro Maria da Luz, que outrora caminhava quilómetros até lhes perder a conta.

Mas no longínquo Cerro do Outeiro, nem autocarros nem carrinhas da Junta de Freguesia: o caminho faz-se a pé.

A falta de conhecimento sobre o projeto do Transporte a Pedido e o não ter a quem perguntar sobre as alternativas que existem faz com que Hermínia António opte muitas vezes por trocar Mação pelo concelho do lado. “Para Vila de Rei, todas as quintas-feiras às 09h30 temos um autocarro e não pagamos nada. Corre as povoações e regressa por volta das 15h00”, explica.

Mas quando há coisas que só em Mação pode resolver, não há volta a dar: “Ou vou a pé ou tenho de alugar um táxi”. A pé “são cerca de três horas, só para ir. É um dia completo para ir e vir, e sempre a cortar carreiros”. Já de táxi, fica-lhe hoje na ordem dos 15,00€ cada deslocação. “Mas ao sábado e ao domingo levam mais dinheiro, e à noite também”, acrescenta.

Os acessos à aldeia de Cerro de Outeiro são íngremes e difíceis de percorrer de carro. © Ana Rita Cristóvão

Na chegada à vila, aproveita-se a visita para tratar de tudo quanto é preciso, desde a compra de mercearias, aviar medicamentos, procurar uma peça de vestuário para substituir as que já não têm remendo. Mas antes de tudo isto, a prioridade é sempre a mesma: tentar a sorte de conseguir uma consulta no único médico da vila.

A falta de acesso à saúde: um médico para 6000 habitantes

Segundo um estudo publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos em julho do ano passado, no qual Mação é um dos concelhos em análise, a questão da saúde é vista como “um dos maiores desafios do território”. Com cerca de 6400 habitantes, há apenas um médico de família para todo o concelho.

“Havia extensões de saúde em praticamente todas as freguesias do concelho que todas as semanas tinham médico e, neste momento, não há médico. Há em Mação ao fim de semana e médica de família de alguns utentes em duas freguesias durante a semana (um dia ao Penhascoso, outro à Ortiga e o resto do tempo em Mação) ”, expõe Vasco Estrela.

Perante o cenário de falta de profissionais, a autarquia maçaense prepara-se para tomar uma medida de choque: atribuir um valor pecuniário de 2500€ mensal além do ordenado de cada médico que queira vir trabalhar para Mação. Uma decisão que só trará frutos quando abrir concurso por parte da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, o que pode demorar meses.

Até lá, o cenário repete-se todas as madrugadas. “Temos pessoas a vir ao Centro de Saúde ao fim de semana para uma simples receita a ter de acordar às 05h00 ou 06h00 para conseguir a solução dos seus problemas. É esta a realidade”, expõe o presidente da autarquia maçaense, que revela ainda um número preocupante: “Temos 75% da população sem médico de família, o que causa problemas gravíssimos”.

Deste número fazem parte Hermínia, Laura e Maria da Luz. Perante a falta de um médico, são as utentes que acabam por ser, muitas vezes, as suas próprias médicas.

“Eu é que sou a minha médica. Se me dói uma perna posso optar pelo Adalgur, pelo Brufen, pelo Meloxican. Lexotan, se não conseguir dormir, Minoral – este não faz bem nem faz mal”, enumera Laura enquanto mostra a sua cesta da farmácia.

A dificuldade de acesso a uma consulta médica para uma simples prescrição de medicamentos é outro dos desafios sentidos por quem vive em Mação. © Ana Rita Cristóvão

Sem médico de família, há mais de 10 anos que não tem uma consulta de rotina. “Nem fazer análises, nem exames, nada”, expõe. É com os medicamentos de venda livre que vai acalmando as dores que lhe aparecem e com ajuda de um pequeno aparelho vai controlando a tensão arterial.

Também sem médico de família e a fazer medicação de foro psiquiátrico, Maria da Luz descreve-nos o processo para conseguir uma receita.

Se queremos médico tem que se ir à Junta de Freguesia de Amêndoa, às terças-feiras vem lá uma administrativa do Centro de Saúde de Mação, e se as pessoas têm credenciais para consultas ou para exames, entregam, ela leva a Mação para marcar. (…) Quando precisamos de consulta, é igual. Ela leva o papel, noutra semana traz as marcações, às vezes só para o fim do mês, leva tudo muito tempo. É uma complicação, Deus nos livre. Uma pessoa anda atrapalhada, nem sabe como é que há-de passar”, explica, não escondendo o desabafo.

Já no caso de Hermínia António, a perda do médico de família por motivos de reforma aconteceu em meados de outubro do ano passado. Com um historial de operações aos ouvidos, barriga e ao cancro da mama, os medicamentos não podem faltar. Quando estão quase a acabar, a única solução é tentar a sorte. “ É alugar um carro para ir a Mação e nos passarem os medicamentos. Isto enquanto a gente tiver dinheiro, quando a gente não tiver dinheiro, morremos aqui entre estas quatro paredes”, afirma.

Quando a situação é mais grave, o número dos bombeiros está sempre à mão. “Ainda há tempos, a minha irmã partiu uma perna, não conseguia andar e tiveram [os bombeiros] de a trazer de maca. E isto aqui é ruim, é tudo caminhos de antigamente, quando iam para virar a maca era apertado, tiveram de a levar [ao colo] ali para cima para conseguir”, recorda Hermínia, deixando claras as dificuldades acrescidas com que têm de lidar em momentos de aflição.

O difícil acesso à casa de Hermínia António, na aldeia do Cerro do Outeiro. © Ana Rita Cristóvão

Com os corações habituados a sofrer e sempre à espera do próximo problema com que se afligirem, há ainda na vida destas pessoas um obstáculo maior que tende a aparecer demasiadas vezes. Esse, sim, confessa Hermínia, “faz-nos tremer”.

Das paisagens verdes às cinzas na terra: O “inferno” dos incêndios

Foram mais de 800 os incêndios que atingiram o concelho de Mação nos últimos 30 anos. Destes, mais de uma dezena foram de grandes dimensões. 2003, 2017, 2019 são datas que ninguém esquece: marcam os mais devastadores que passaram pelo território.

“Até parece que estou a ver a chama, isto foi horrível mesmo, e nós aqui parecíamos gatos abandonados. (…) Eu lembro-me dos primeiros incêndios de todos, vinham além devagarinho, devagarinho, a gente esperava aqui… este não deu tempo para esperar. Foi o inferno!”, recorda Hermínia.

Cercada no fundo do vale, onde o veículo dos bombeiros não chegava, a aldeia do Cerro do Outeiro foi uma das que esteve na linha da frente do fogo em 2017, proveniente do concelho vizinho de Vila de Rei e que deixou em cinzas mais de 90% do território de Mação.

“Esta zona aqui, tudo até lá em cima, queimou-se tudo. Em quê? Dois minutos, eu digo que foram dois minutos”, conta-nos Hermínia, que ainda viu uma faúlha entrar-lhe casa dentro. “Aqui ainda entrou lume, uma faúlha que veio e se meteu ali nas telhas. Tenho aqui em cima as batatas, e tenho-as forradas com um papelão, ainda queimou um bom bocado”, lembra.

Foi com depósitos e baldes de água que se tentou apagar o lume, em momentos de aflição que jamais lhe sairão da memória. “Só tínhamos barricas cheias de água, mas o que é que era isso? Enquanto a gente ia buscar um regador ou um balde de água ele lançava-se por aí. A minha salvação foi a fonte, ia lá pôr um balde e ficava a encher enquanto estava com outro a apagar”, diz.

Aos momentos de angústia e incerteza, juntam-se as queixas de falta de ajuda. “Queriam-nos tirar, a gente é que não quisemos. Então se a gente saísse isto ardia tudo. (…) Ainda passou um avião e a gente disse ‘Olha, se Deus quiser o fogo não chega cá que passou aqui o avião a apagar o fogo’. Qual quê, foi a espalhar, parecia farinha… branquinha. Aquilo foi uma pólvora qualquer que ele espalhou que foi rápido. O fogo apareceu lá em baixo, eu fui lá para o cercar, foi um instante”, aponta Hermínia.

Após os incêndios de 2017 e 2019, dois dos mais devastadores fogos do concelho de Mação, o território reergue-se ainda lentamente. © Ana Rita Cristóvão

Dois anos depois, em 2019, foi a vez das aldeias de Laura e Maria da Luz. Separadas por seis quilómetros mas unidas no mesmo sentimento de impotência, recordam o que lhes passou pela cabeça nesses momentos.

“Muitas colunas de bombeiros por esta estrada fora, a cobrir a vista ao sol, mas atirarem-se para limpar o fogo, está quieto. Isto posso dizer bem alto: se não fossem os espanhóis aquela serra ardia toda até à Amêndoa. Esteve mesmo aqui ao pé das capoeiras”, diz Laura, ainda com a revolta na voz.

“Depois não havia água, estava a ser puxada para muito lado: Perogonçalves, Vinha Velha, valia-se tudo da água da rede, corria assim um fiozinho muito baixinho”, lembra Maria da Luz. Sem conseguir dormir e a observar o arder da serra, as chamas vinham grandes e o pensamento era o pior: “Morrer aí no meio do lume, é o que uma pessoa às vezes pensa. Não é fácil, isto é muito complicado”.

Não restam muitas dúvidas na cabeça destas pessoas de que o fogo há-de voltar. A limpeza constante dos terrenos, quer por parte dos habitantes quer da autarquia, não será suficiente para evitar o pior.

“É uma ilusão pensar que o assunto se resolve com limpeza da floresta. Vamos limpar 40 mil hectares, 80 mil prédios rústicos de 20 mil proprietários? É uma ilusão dita por quem não sabe do que é que está a falar”, admite o presidente da autarquia maçaense, Vasco Estrela.

A autarquia tem, porém, apostado num trabalho de prevenção diário e os investimentos na área florestal são contínuos. Dos kits de primeira intervenção de combate a incêndios distribuídos a diversas associações do concelho às ferramentas inovadoras de monitorização de fogos – com destaque para o pioneiro sistema Mac Fire, criado em Mação e já aplicado a nível distrital - são inúmeros os esforços para tentar evitar o que acaba sempre por ser inevitável.

“Onde não há pessoas que cuidem das coisas, a própria natureza trata de ocupar o lugar que o homem ocupava. (…) Quando culpamos as alterações climáticas pelos incêndios, estamos a ser falsos. Podem ter ali uma percentagem relativamente pequena da culpa, mas em territórios como o nosso onde em 1950/60 havia 20 mil pessoas, as aldeias estavam ocupadas pelo gado, pelas hortas e agora não há nada, é um contínuo florestal que agora existe que propícia os grandes incêndios. Não é porque em 1950/60 não houvesse dias com 40 graus, seguramente que havia e há ‘n’ relatos históricos disto, e havia fogo, havia sempre era uma harmonização do território, não havia o chamado mato, não crescia como cresce agora. Isto é tudo essencialmente uma consequência do abandono do território”, considera Vasco Estrela.

A desertificação dos territórios leva à ocupação das terras por mato florestal, propiciando os grandes incêndios. © Ana Rita Cristóvão

E quando tudo o que fica é o cheiro a fumo e as paisagens negras, há sempre quem resista e pise as cinzas que assentam na terra. A cada passo, procura-se a esperança para continuar a lutar contra o vazio. Por quanto tempo mais, não se saberá, mas uma coisa é certa: “A gente anda cá e só vai quando tiver que ir, é quando chegar a nossa hora. Temos de ter fé e acreditar nalguma coisa. Andamos cá, algum destino a gente tem”.

As palavras de Hermínia fazem-se ouvir por cada canto recôndito do vale e entram pelas portas abertas das casas vazias que enchem a aldeia deserta.

O sol começa a pôr-se. É hora de recolher a casa.

Despedimo-nos com a promessa de voltar e começamos a subir a estrada mal alcatroada de regresso ao carro. Tal como à chegada, o pequeno e destemido cão acompanha-nos, desta vez em silêncio.

O ambiente tornou-se pesado e a cada passo sente-se uma espécie de receio difícil de meter em palavras. O cão volta para trás e entramos no carro.

Começamos a pensar no sorriso fácil de quem nos recebeu e nas risadas envergonhadas que soltaram durante as conversas. Eis que nos vêm à memória os versos de Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa:

“Estás só. Ninguém o sabe. Cala e finge.
Mas finge sem fingimento.
Nada ‘speres que em ti já não exista,
Cada um consigo é triste.
Tens sol se há sol, ramos se ramos buscas,
Sorte se a sorte é dada.”

Texto de Ana Rita Cristóvão

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