fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Versão musical do conto “Menina do Mar” de Sophia de Mello Breyner estreia no LU.CA

A “Menina do Mar”, conto de Sophia de Mello Breyner Andresen foi agora adaptado ao…

Texto de Ricardo Gonçalves

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

A “Menina do Mar”, conto de Sophia de Mello Breyner Andresen foi agora adaptado ao teatro com música, numa peça dirigida sobretudo aos mais novos, que acaba de estrear LU.CA, Teatro Luís de Camões, em Lisboa.

Em palco um conjunto de dez músicos, um maestro e cinco atores compõem o elenco desta nova produção que se integra também nas comemorações dos 100 anos do nascimento da escritora portuguesa, nascida no Porto, em 1909. A dirigir a pequena orquestra encontra-se Martim Sousa Tavares, neto da escritora, que traz ao palco a banda sonora original de Edward Luiz Ayres d’Abreu. A encenação está a cargo de Ricardo Neves-Neves, diretor do Teatro do Elétrico, que teve a tarefa de transformar o conto infantil para teatro, adaptando o seu dispositivo cénico aos dias de hoje.

Por entre os atores vislumbram-se, assim, televisores, onde vão passando animações, quer da personagem central do conto - a menina que quer conhecer o "mundo da terra" -, quer dos seus amigos do "mundo do mar", acabam por dar ao público os dois lados da mesma personagem, uma abordagem distinta que permitiu a Ricardo Neves- Neves o uso, pela primeira vez, monitores de televisão, cumprindo um "desejo de há muito", explicou à imprensa.

Dessa forma, o encenador pôde personificar os animais do conto – um caranguejo, um polvo e um peixe – sem ter de os mascarar com “fatos de espuma” e também para evidenciar a diferença de tamanho entre o rapaz e a menina do mar, que no conto de Sophia cabe na palma da mão do rapaz.

Não obstante, a verdade é que foi pela música que se formou, conceptualmente, a ideia que, posteriormente, iria moldar a encenação. Com a música Edward Luiz Ayres d’Abreu, Martim Sousa Tavares começou por ter uma ideia mental de como colocar em palco este conto, podendo ser acompanhado por música ao vivo e, uma vez que não lhe agradava a ideia de ter apenas música gravada como fundo.

Em declarações à imprensa, Martim Sousa Tavares considera, no entanto que, do ponto de vista musical, a “Menina do Mar” já “está bastante bem servida”, destacando a versão “canónica”, com música de Fernando Lopes-Graça e voz de Eunice Muñoz, a de Bernardo Sassetti, com Beatriz Batarda, uma versão “de jazz”, composta por Filipe Raposo a partir da de Bernardo Sassetti, e outra de Filipe La Féria.

“Faltava-lhe uma coisa que fosse mesmo uma produção a sério, com uma orquestra, com uma encenação de facto interessante e vim aqui fazer este desafio à Susana Menezes [diretora artística do LU.CA, Teatro Luís de Camões] mal o teatro acabara de abrir", explicou o músico.

De acordo com o neto da poetisa portuguesa, o projeto nasceu para ser feito em Lisboa e no Porto, na Casa Andresen, antiga Quinta do Campo Alegre, ligada à infância da Sophia e do seu primo, também escritor, Ruben A., onde funciona atualmente a galeria da Biodiversidade e o Jardim Botânico do Porto.

Como curador das comemorações do centenário de nascimento da autora naquele espaço, a ideia de Martim Sousa Tavares era a de “fazer uma versão sem cenário, com músicos e atores, por ocasião do centenário de nascimento da escritora, mas como o LU.CA tinha acabado de abrir [junho de 2018] e é o único teatro infantojuvenil, vim propor a ideia à diretora artística da sala", frisou o músico, que, na altura, se encontrava a estudar fora de Portugal há seis anos.

A ideia “agradou” a Susana Menezes, por ter a ver com uma efeméride importante, por o espaço ser direcionado para o público infantojuvenil e porque “ter um neto a dirigir uma partitura para um texto da avó, é algo que enternece todos”, explicou a diretora aos jornalistas.

Assim “nasceu a ideia de 'isto' ser um teatro a sério”, com o LU.CA a assumir-se como coprodutor, ainda antes de haver um encenador escolhido, já que este foi encontrado a partir de uma lista com dez nomes propostos pelo maestro, com outros tantos sugeridos por Susana Menezes, disse Martim Sousa Tavares.

A escolha recaiu em Ricardo Neves-Neves, nome mencionado por ambos, e acabou por ditar a estreia do espetáculo em Lisboa, acrescentou Sousa Tavares, sem se preocupar com o que a avó poderia pensar do espetáculo, e apenas por pensar que a autora “merece ser celebrada”.

Feliz por ver o espetáculo montado, Martim Sousa Tavares justifica a escolha deste conto apenas porque é o primeiro de uma sequência de histórias fantásticas da autora e por ser também aquele que melhor se adequa ao público mais jovem, até pela sua duração, perto de 40 minutos.

A “Menina do Mar” permanece em cena no LU.CA até ao próximo dia 12 de maio, com vários horários de manhã e de tarde. Depois disso, o espetáculo pára durante uns meses e regressa em setembro, com uma digressão que irá passar pelo Porto, Guimarães, Penafiel, Ovar, Coimbra, Aveiro, Lagos, Loulé, Bragança

Texto de Ricardo Ramos Gonçalves
Fotografias de Alípio Padilha

Se queres ler mais notícias sobre a cultura em Portugal, clica aqui.

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

2 Julho 2025

Candidaturas abertas para o Workshop de Curadores da 13.ª Bienal de Berlim

16 Junho 2025

Para as associações lisboetas, os Santos não são apenas tradição, mas também resistência

29 Maio 2025

Maribel López: “Temos de tentar garantir que os artistas possam dar forma às suas ideias”

28 Maio 2025

EuroPride: associações LGBTI+ demarcam-se do evento mas organização espera “milhares” em Lisboa

1 Maio 2025

Literacia mediática digital além da sala de aula 

22 Abril 2025

“Pressão crescente das entidades municipais” obriga a “pausa criativa” dos Arroz Estúdios

17 Abril 2025

Estarão as escolas preparadas para os desafios apresentados pela IA? O caso de Portugal e da Bélgica 

17 Março 2025

Ao contrário dos EUA, em Portugal as empresas (ainda) mantêm políticas de diversidade

6 Janeiro 2025

Joana Meneses Fernandes: “Os projetos servem para desinquietar um bocadinho.”

23 Dezembro 2024

“FEMglocal”: um projeto de “investigação-ação” sobre os movimentos feministas glocais

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Escrita para intérpretes e criadores [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Patrimónios Contestados [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Artes Performativas: Estratégias de venda e comunicação de um projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Gestão de livrarias independentes e produção de eventos literários [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

02 JUNHO 2025

15 anos de casamento igualitário

Em 2010, em Portugal, o casamento perdeu a conotação heteronormativa. A Assembleia da República votou positivamente a proposta de lei que reconheceu as uniões LGBTQI+ como legítimas. O casamento entre pessoas do mesmo género tornou-se legal. A legitimidade trazida pela união civil contribuiu para desmistificar preconceitos e combater a homofobia. Para muitos casais, ainda é uma afirmação política necessária. A luta não está concluída, dizem, já que a discriminação ainda não desapareceu.

12 MAIO 2025

Ativismo climático sob julgamento: repressão legal desafia protestos na Europa e em Portugal

Nos últimos anos, observa-se na Europa uma tendência crescente de criminalização do ativismo climático, com autoridades a recorrerem a novas leis e processos judiciais para travar protestos ambientais​. Portugal não está imune a este fenómeno: de ações simbólicas nas ruas de Lisboa a bloqueios de infraestruturas, vários ativistas climáticos portugueses enfrentaram detenções e acusações formais – incluindo multas pesadas – por exercerem o direito à manifestação.

Shopping cart0
There are no products in the cart!
Continue shopping
0