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Era verde a maior batalha que a humanidade estava a travar até à indesejada chegada…

Opinião de Tiago Sigorelho

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Era verde a maior batalha que a humanidade estava a travar até à indesejada chegada de um vírus que nos deixou a todos no vermelho. Com a esperançosa afirmação da vacina nos próximos meses, podemos dar início ao atrevimento de encerrar o intervalo para o ambiente que foi 2020.

A nossa recentemente conquistada acutilância ambiental tornou-se dormente e foi ultrapassada, embora justamente, pela omnipresença da pandemia. As manchetes sobre sustentabilidade passaram para segundo plano, tal como acontece com as coisas importantes quando em confronto com as coisas urgentes.

Este foi um movimento global. Por todo o lado, por todo o mundo, o tema de capa era sempre o mesmo. Mas essa constante uniu-nos. Fez com que procurássemos soluções, algumas delas impossíveis de alcançar se não fosse essa intenção conjunta.

Conseguiremos pegar nessa nova energia que adquirimos e exportá-la para outros domínios? Será que depois deste intervalo a batalha contra as alterações climáticas vai surgir fortalecida? Nós, no Gerador, acreditamos que sim.

2021 vai ser o início de um período em que a resiliência e sustentabilidade ambiental vão estar no topo das nossas atenções de uma forma estruturada e organizada. Pouco a pouco, já que é difícil prometer o instantâneo, vamos refazer a maneira como trabalhamos internamente e procurar encontrar ferramentas para apoiar a comunidade cultural a percorrer um caminho de transição verde.

Sabemos que muitos artistas, entidades e espaços culturais já pensam e agem sobre o ambiente. Vários são verdadeiros activistas e vozes relevantes para a sensibilização da sociedade. Queremos juntar-nos a eles e sublinhar a força que a cultura pode emprestar a este combate.

Começamos, já, na próxima Revista Gerador, dedicada, praticamente em exclusivo, ao tema ambiental. Vamos encontrar as melhores referências, falar com quem nos pode inspirar e abrir caminhos para ideias refrescantes e provocadoras.

Em simultâneo, estamos a preparar um projecto ambicioso com a Associação Zero e com a Câmara Municipal de Lisboa, no seguimento da Lisboa Capital Verde Europeia 2020, que revelaremos em breve. Será um ponto de partida para muitas iniciativas que desejamos concretizar.

A ligação entre a cultura e o ambiente, por mais que se possa estranhar, é uma herança que importa respeitar. Foi devido a um apelo de um poeta que a proteção do ambiente se tornou um assunto de estado.

Sebastião da Gama, respeitado poeta do distrito de Setúbal, escreveu uma carta, em 1947, para um conjunto de personalidades a denunciar a desmatação da Serra da Arrábida. O apego à Arrábida vinha do amor pela natureza, mas também pela procura do seu ar puro, ideal para combater os problemas de saúde que o perseguiam.

Tão fortes foram as suas palavras que, no ano seguinte, em 1948, foi criada a Liga para a Proteção da Natureza (LPN), a primeira organização ecologista da península ibérica, marcando o início institucional da conservação da natureza no nosso país.

“Na noite calma,
a poesia da Serra adormecida
vem recolher-se em mim.
E o combate magnífico da Cor,
que eu vi de dia:
e o casamento do cheiro a maresia
com o perfume agreste do alecrim;
e os gritos mudos das rochas sequiosas que o Sol castiga
--passam a dar-se em mim.

E todo eu me alevanto e todo eu ardo.
Chego a julgar a Arrábida por Mãe,
quando não serei mais que seu bastardo.

A minha alma sente-se beijada
pela poalha da hora do Sol-pôr;
sente-se a vida das seivas e a alegria
que faz cantar as aves na quebrada;
e a solidão augusta que me fala
pela mata cerrada,
aonde o ar no peito se me cala,
descem da Serra e concentrou-se em mim."

Excerto do livro Serra-Mãe, Sebastião da Gama, 1945.

Texto escrito ao abrigo do antigo Acordo Ortográfico

-Sobre Tiago Sigorelho-

Tiago Sigorelho é um inventor de ideias. Formado em comunicação empresarial, esteve muito ligado à gestão de marcas, tanto na Vodafone, onde começou a trabalhar aos 22 anos, como na PT, onde chegou a Diretor de Estratégia de Marca, com responsabilidades nas marcas nacionais e internacionais e nos estudos de mercado do grupo. Despediu-se em 2013 com vontade de fazer cultura para todos.

É fundador do Gerador e presidente da direção desde a sua criação. Nos últimos anos tem dedicado uma parte importante do seu tempo ao estreitamento das ligações entre cultura e educação, bem como ao desenvolvimento de sistemas de recolha de informação sistemática sobre cultura que permitam apoiar os artistas, agentes culturais e decisores políticos e empresariais.

Fotografia de David Cachopo

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