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X-Tense apresenta Pablo, uma série para “absorver sem atrito”

Há cerca de um mês X-Tense apresentou Pablo, uma série disponível a partir do YouTube,…

Texto de Carolina Franco

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Há cerca de um mês X-Tense apresentou Pablo, uma série disponível a partir do YouTube, que já tinha sido antecipada pelos singles  “Así”, em Março, e “Bolero”, em abril. Aparece junto a Pedro Durão, Pedro Sousa e Duarte Correia da Silva, humoristas do grupo Roda Bota Fora, Carlos Pereira, e os rappers Uzzy, Raptruista e Smile. 

“Así” serve de genérico à série que ainda só tem um episódio disponível, mas já fez questionar uma série de questões dentro do universo do rap e da indústria musical. X-Tense assina a música, a produção e pós-produção, como reflexo de uma carreira em que foi tendo de fazer de tudo um pouco. 

Leva para o primeiro episódio uma leitura dos nossos tempos, atento ao que neste momento é mais atraente para produtores, agentes e os restantes decisores da indústria. As personagens-tipo compõem-se por características que facilmente serão associadas ao rap da velha escola e da nova escola — mas a ideia não é ficar por aí.

Em "Así" Pablo é Neruda Picasso e Escobar, uma tríade de Pablos icónicos

As drogas são usadas como elemento distintivo entre dois grupos — a cocaína para o grupo de Pablo, a codeína para Los Mambleros. "A cocaína é a droga original da qual originou toda a obra prima que faz ouvir hip hop" — explica Pablo na primeira música do primeiro episódio — "ao contrário dessa La codeína, que é uma droga simples, nem tem forma química, entope os ouvidos".

Se a cocaína é o rap de Biggie Smalls ou 2Pac, a codeína é tudo o que envolva ad-libs, dab e flexinconceitos mais recentemente associados ao rap, sobretudo ao trap, e que apenas num clique se encontram no Urban Dictionary.

Para perceber melhor o que é, afinal, Pablo, o Gerador falou com X-Tense, o grande responsável por esta criação.

Gerador (G.) — Em entrevista ao Rimas e Batidas disseste que o Pablo é uma caricatura Tarantinesca de ti mesmo. Que "traços de personalidade exagerados e sem filtros” do X-Tense é que fazes questão de carregar em Pablo? 

X-Tense (X.T.) — Todos. *risos* É difícil nesta fase explicar exactamente o que isso significa porque ainda pouco foi revelado, mas o formato de caricatura aplica-se a todas as personagens e temas abordados e sendo um álbum meu, o Pablo vai ter várias cores.
G. — Na mesma entrevista dizes que gostavas que o Pablo unificasse um pouco a comunidade. Teres uma série para onde levas diferentes intervenientes (do rap ao humor) e com uma componente visual tão forte é também uma forma de chegar com mais força a essa comunidade? 
X.T. — Sim , estou a comunicar-me da forma mais ampla e "colorida" possível de forma a que seja de fácil "consumo". Estamos a viver uma era diferente daquela que me apaixonou e a divisão entre estes 2 "mundos" está cada vez mais óbvia. Não existe, a meu ver, o investimento de compreender tão a fundo o propósito do que é dito numa música, existe uma expectativa de consumir numa só escuta, absorver sem atrito. Tudo é mais rápido e em maior escala. Este formato permite-me repensar as regras.
G. — No primeiro episódio fazes um paralelismo entre a cocaína, droga original, e o rap de outros tempos. Sentes que não tem havido espaço para a “cocaína” na programação musical — isto é, para registos que se distanciam daqueles a que associas a “codeína" ? 
X.T. — Ainda que o mundo de Pablo não seja uma representação direta mas uma caricatura vou responder que todos os mercados possuem hierarquias e que no topo da cadeia restam sempre poucas entidades a tomar decisões. Independentemente do formato que o mercado toma o beneficiário é sempre o mesmo. Se a "cocaína" ou qualquer outra coisa se tornar popular, é porque o interesse financeiro migrou nessa direcção, é porque o consumidor deu sinal de querer consumir essa outra coisa. Para isso é preciso que essa outra coisa esteja na prateleira para escolha, junto com os outros produtos. É aqui que a "magia" acontece.
G. —  Achas que a “codeína” — com todo o flexin que lá possa caber — tem moldado a forma como as novas gerações olham para o Rap?  
X.T. — Acho que a "gabarolice" tem sido parte estrutural do crescimento do Rap desde os primórdios. Começou por ser uma gabarolice de Skill, de estilo, o "Egotrip". Com o tempo foi migrando e com as primeiras carreiras de sucesso veio a gabarolice de posses materiais, face a um passado de pobreza. Entretanto hoje em dia já nem compreendo muito bem, a música passou completamente para segundo plano e tornou-se um veículo para te fazer sentir de determinada forma, por uns minutos. O Flexin é uma injeção de Ego, como um Like no Instagram. Drogas virtuais.
G. — Escolheste o Youtube como plataforma de difusão da tua série. Essa escolha está relacionada com o facto do Youtube continuar a conseguir convocar diferentes públicos e ser de fácil acesso a várias gerações?
X.T. — Como referi antes, a comunicação está afunilada e o spawn de atenção está baixo porque há demasiada informação a circular. As pessoas estão habituadas a um processo, já se tornou mecânico. Não seria fácil comunicar que além do meu formato ter trocado, a forma e ferramenta através do qual o consumirás, também é diferente. A ideia era criar o formato certo para o panorama, não criar um panorama que abrigue o formato.

O primeiro episódio de Pablo foi publicado no dia 2 de agosto.

Ainda sem data oficial para o lançamento do segundo episódio, X-Tense foi partilhando as músicas que integram o primeiro. Podes ouvi-las aqui.

Texto de Carolina Franco
Still de Pablo

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