"Um lugar onde a Arte Contemporânea é pública, livre e quer acolher cada vez mais gente". É assim que se define a Forum Arte Braga. As palavras ditas por Duarte Sequeira fizeram "todo o sentido" quando ouvidas por Guilherme Braga da Cruz. O galerista e Mestre em Curadoria de Arte Contemporânea e o co-fundador e Diretor Criativo da Show me – design & art gallery, mostram-se ser os pensadores e curadores do espaço que cultiva um programa com premissas como o conceptualismo, o rigor intelectual e a preocupação com o futuro. É nesta busca pelo diálogo crítico através dxs artistas nacionais e internacionais que não só completam uma programação pensada ao detalhe como permitem que o contacto com a Arte Contemporânea e a comunidade aconteça, em Braga.
A resposta à proposta da Câmara Municipal de Braga e da Invest Braga levou à fundação da galeria de arte contemporânea em 2018. O critério era pensar num espaço expositivo ligado à Arte e Contemporânea. Com liberdade para definir o conceito, "algo orgânico" aconteceu: "Desenhamos o Forum (espaço), baseando-nos num conceito que acontece em países como a Alemanha, a Suíca, etc... são espaços de museu que não têm uma coleção, mas organizam exposições, gratuitamente, para a cidade. Foi a partir desta premissa que pensamos a Forum. A tal juntou-se a necessidade de Braga precisar de um espaço destes, ou seja, há alguns espaços cá que fazem exposições, mas, na sua maioria, dedicados a exposição, ainda não há muitos", explica Duarte.
É colmatando a necessidade de um maior contacto com as artes e com a realidade curatorial que o Forum se revela um dos primeiros espaços - senão o primeiro, em Braga - apoiados pela Câmara Municipal, com este propósito, de caráter público, "sentimo-nos uns privilegiados por sermos um dos pilares, neste momento, da cidade. Estamos a ajudar a 'agarrar' a comunidade e a oferecer mais um espaço que permite trazer mais gente às exposições, envolvido na arte contemporânea de forma completamente gratuita", continua.
Inserido no Forum Braga Altice, o Guilherme recorda-nos que esta localização permite também uma maior descoberta e acesso a públicos que, eventualmente, não teriam contacto com um museu ou galeria "é engraçado ver esta simbiose. Torna-se parte íntegra do Forum Braga Altice que é um espaço de feiras e congressos."
Olhar para a Forum Arte Braga como um "espaço institucional" é também perceber que a galeria vem preencher uma lacuna que até então existiria no acesso às artes de forma pública, em Braga. Guilherme reconhece que "há locais privados, um ou outro municipal, mas sem as mesmas qualidades de espaço que o Forum Arte. Nós, aqui, podemos fazer exposições com outros mecanismos, de outros patamares que Braga, talvez, não tinha acesso através de outros locais. Agora, reconhecemos que a cidade precisava de um espaço ainda maior, no entanto, acreditamos que o Forum marcou uma etapa e um ponto de partida importante para a cidade. Eu e o Duarte temos feito um bom trabalho nesse sentido."
De um ponto vista curatorial é também o primeiro espaço público que conhecemos com um programa museológico, curatorial de Arte Contemporânea. Duarte acrescenta ainda que "o espaço acaba por ser muito interessante porque está inserido num contexto 'fora'. É uma galeria que nos permite uma liberdade enorme para apresentar aquilo que realmente queremos e que achamos que é pertinente, no momento; o que se está a fazer na Arte Contemporânea a nível nacional e internacional e, portanto, acho que o Braga só tem a ganhar com isso."
Atendendo às novas realidades que acompanham as Artes e a Cultura, os curadores reconhecem que houve uma redução das exposições a nível nacional, no que toca à programação, no entanto, as pessoas já reconhecem o local na cidade e procuram acompanhar a sua evolução.
Coletivo. Transformação. Herança. Estas três palavras invadiram o discurso dos curadores permitindo criar uma leitura "quase poética" com a exposição que está em exibição no Forum até dia 18 de junho.
Depois de refletirem em conjunto com o Gerador a importância da descoberta e do resgate no que toca à cidade de Braga e à Arte Contemporânea, a viagem que Luís Coquenão percorre em "Lugares Comuns" é também um momento de introspeção que reabriu as portas da galeria. Após 30 anos, o artista plástico voltou a expor na cidade de Braga, debruçado sobre a transformação da natureza e o fluxo do tempo e do espaço, com a apresentação de um conjunto de obras elaboradas com várias técnicas artísticas.
Mais do que um espaço de experiência experimental que recebe artistas das mais diferentes idades, países e conceitos, o Forum é também um espaço de experiência intelectual, "Quando convidamos artistas tem de fazer sentido. Os artistas têm que estar num ponto da sua carreira em que já faça sentido terem uma exposição institucional em termos de personalidade. Isso é importante. Para um artista ter uma coleção institucional não quer dizer que esteja a fazer um trabalho imenso. Pode fazer sentido até ser um artista que ultimamente não tem apresentado trabalho", explica Duarte.
O Forum Arte Braga já recebeu projetos de artistas como: Aires de Gameiro, Carlos Mensil, Diana Policarpo, Diogo Evangelista, Gonçalo Preto, Horácio Futuoso, Inês Norton, Joana Escoval, Paulo Arraiano, Teresa Braula Reis, Joanathan Uliel Saldanha, Oliver Laric, Douglas Gordon, Eva Rothschild, Franz West, Garry Webb, Jim Lambie, Gilbert & George, Martin Boyce and Miguel Rio Branco, entre muitos outros.
Apoiando reflexões emergentes, visitas guiadas, dinâmicas que trabalham diretamente com as escolas e oficinas em família, a Arte Contemporânea está cada vez mais próxima da comunidade. A relação direta com o artista e a obra é um processo coletivo que abre portas e mostra-se pronto a receber quem o quiser visitar, experienciar e pensar, em Braga.
Localizado na Avenida Dr. Francisco Pires Gonçalves, o Forum Arte Braga está aberto de segunda a sexta entre as 10horas e as 18horas. Ao sábado e Domingo dependerá mediante a abertura do mesmo.