Durante onze dias, o São João foi a personagem principal das festividades populares na cidade de Braga. Como manda a tradição, o centro histórico acolheu um programa cultural extenso para entreter a multidão que se reunia pelas ruas da cidade. Foram esperadas mais de um milhão de pessoas.
As festas sanjoaninas de Braga continuam a ser as maiores e as mais velhas por altura das festividades populares e a sua história distingue-se das restantes do país. “As festas de São João em Braga remontam a 1150, data em que foi fundada uma igreja dedicada ao São João na cidade de Braga, mas foi ao longo do século XVI que as festividades se afirmaram como uma das festas de São João que mais pessoas envolvia, sobretudo em número de espetadores”, começa por explicar o presidente da Associação de Festas do São João de Braga, Firmino Marques.
Estátua do São João nas festas sanjoaninas, em Braga
Três séculos depois, já existiam na cidade duas importantes festas: São João da Ponte e São João do Souto. “Se a primeira tinha como característica principal a realização de uma feira franca, que acontecia na envolvente da capela de São João, a segunda juntava às habituais celebrações religiosas uma procissão, onde o cortejo sanjoanino com a Dança do Rei David e o Carro dos Pastores eram os protagonistas”, continua.
Pouco tempo depois, as duas festividades acabaram por convergir. Em 1983, foi criada uma associação de festas que, até hoje, com a ajuda da Câmara Municipal e de voluntários, continua a trazer às gentes de Braga o percurso e a diversão que marcam a história de uma cidade tão religiosa quanto esta – não fosse a cidade de Braga conhecida como a “Cidade dos Arcebispos” ou a “Roma Portuguesa”.
O calendário da romaria estendeu-se assim por onze dias, com início no dia 14 de junho e culminando na famosa aclamação das flores de dia 24. A programação contou com diversos momentos culturais que celebraram o melhor da tradição minhota com música, cortejos ou encenações. Tendo em conta o caráter religioso da festa, houve espaço para a devoção, como missas e novenas em honra do santo.
Ao longo dos dias, vários grupos culturais encheram as ruas históricas do centro da cidade. Os gigantones e cabeçudos continuam a ser as personagens mais emblemáticas da festividade popular, com a representação de algumas figuras conhecidas da terra. O cortejo etnográfico marcou o primeiro fim de semana do calendário, onde desfilaram figurinos com os diferentes trajes folclóricos da região do Minho.
- No cortejo etnográfico desfilaram os diferentes trajes populares
- No cortejo etnográfico desfilaram os diferentes trajes populares
- No cortejo etnográfico desfilaram os diferentes trajes populares
- No cortejo etnográfico desfilaram os diferentes trajes populares
- No cortejo etnográfico desfilaram os diferentes trajes populares
- No cortejo etnográfico desfilaram os diferentes trajes populares
- No cortejo etnográfico desfilaram os diferentes trajes populares
- No cortejo etnográfico desfilaram os diferentes trajes populares
“A edição deste ano contou com algumas novidades como o fim do Encontro de Joões e a criação do evento Todos ao Bombo”, conta Firmino Marques. Houve também espaço para a “Praça do Artesão”, um novo local destinado a mostrar e dar a conhecer ofícios e instrumentos característicos do artesanato. Sendo Braga a capital do cavaquinho, destacou-se principalmente esse cordofone, mas a música soou também de outros instrumentos musicais ao longo da semana. Os bombos e bandas filarmónicas deram música à cidade enquanto acompanhavam os diferentes eventos e desfiles.
“Além de todos os anos assistirmos ao aumento progressivo do número de visitantes, que se reflete no fluxo de turistas que pernoitam nas unidades hoteleiras bracarenses, temos visto a comunidade a aproximar-se cada vez mais das festas municipais”, refere Firmino Marques. De forma a envolver ainda mais os cidadãos, a Associação de Festas lançou vários concursos. Os espaços comerciais foram desafiados a adornar as suas montras sob o mote “Braga à Janela” e procuraram-se as melhores fotografias que marcaram as festas. Entretanto, houve tempo de escolher a melhor fartura e o melhor doce sanjoaninos que passaram pela cidade nestes dias.
No Parque da Ponte, zona que acolhe maioritariamente as festas sanjoaninas de Braga, localiza-se ainda hoje a capela em homenagem a São João. À sua volta, nasce a festa em sua honra, com direito a variadas barracas de restauração, palco de música e os carrosséis que transformam as noites da cidade. Este ano, o local também ganhou novos contornos: “Reforç
amos também o programa do Parque da Ponte, garantindo concertos como o de Toy e o de Vítor Rodrigues”, diz o presidente da Associação de Festas. A música bracarense também não foi esquecida e ganhou novo palco na Praça da República.
Apesar da extensa programação, a abertura oficial das festas só aconteceu na manhã de domingo, dia 23. Foi na véspera de feriado que a cidade recebeu o maior número de visitantes, conterrâneos e turistas. Mais de um milhão de pessoas marcaram presença no São João de Braga, com a visita especial do Presidente da República.
A cidade foi enfeitada para as festas em honra de São João
Pelas ruas, os enfeites iluminavam-se com diferentes cores e a música do palco principal ouvia-se em eco. Pelo caminho, as marretadas de alhos porros davam lugar à diversão desta festa popular. Ainda que o tempo se tenha mostrado um pouco instável, a noite não foi ameaçada pela chuva. Já de madrugada, o fogo de artifício sanjoanino aqueceu o céu e entreteve o público. A noite continuou com música e concertos.
Depois da noitada, as festividades terminam neste feriado de dia 24, realizando-se maioritariamente festejos e cortejos religiosos. O São João despede-se dos bracarenses com a certeza de que continua a acolher a maior festa da cidade. As tradições e romarias minhotas foram, mais uma vez, celebradas por quem convive com elas todos os dias.