A exposição retrospetiva "Da Pedra: experiências técnico-poéticas de um escultor", de Volker Schnüttgen, marca o arranque da curadoria artística da zet gallery para o ano de 2021. Patente até 27 de fevereiro, na Sala Comum da Reitoria da Universidade do Porto, a mostra é uma homenagem ao artista alemão, que celebra 60 anos de idade e 35 de carreira, a maioria dos quais passados em Portugal.
Com curadoria 360º de Helena Mendes Pereira e de Bárbara Forte, da zet gallery, a exposição apresenta ainda conteúdos retrospetivos onde se incluem um livro e um documentário sobre Volker.
"Padrões", "Mo-nu-mentos", "Tropeços" ou "Habitat" são as séries de trabalhos que estruturam a expografia que apresenta “uma inédita seleção de pequenas esculturas e projetos que refletem essa mesma presença da sua escultura no território comum da cidadania: o espaço público”, adianta Helena Mendes Pereira, diretora e curadora da galeria. Além de escultura, a exposição convida a visitar uma seleção de fotografias e desenhos que recuam aos primeiros anos de trabalho do artista e perseguem a continuidade do binómio experimentação-poesia.
"Da Pedra: experiências técnico-poéticas de um escultor" tem a pretensão de “dar ao autor lugar de destaque na contemporaneidade artística como exemplo de combinação das ferramentas tradicionais da escultura com o sentido da vanguarda e dos limites que a obra de arte ultrapassa 35 de carreira, dos quais 30 passados em Portugal”, sublinha a curadora, propondo “um olhar, no tempo e no espaço, sobre um artista dos nosso afetos, dos nossos dias.”
Artista trocou Alemanha por Portugal "por amor à pedra"
Volker Schnüttgen nasceu na Alemanha há 60 anos, mas trocou o país por Portugal há precisamente 30 anos. "Terá sido por amor à pedra e pela perspetiva de uma espécie de renovação criativa que viu acontecer no encontro com as pedreiras, nomeadamente, as pedreiras de granito do Norte de Portugal", lê-se no comunicado. Através das pedreiras, o artista conheceu o país, começando nas pedreiras de Lioz, em Sintra; do mármore de Vila Viçosa e Estremoz, Viana do Alentejo e Trigaches, em Beja; do granito de Monforte, no Alto Alentejo; e durante quase 10 anos na pedreira do Sienito, na serra de Monchique, onde trabalhou com muita regularidade. Seguiu-se a Beira Alta e, finalmente, o Minho.
A pedra, recurso endógeno e simbolicamente embrionário de começos, acompanha 35 anos do percurso de Volker Schnüttgen, escultor nascido em Attendorn, na Alemanha, e que, em 1982, iniciou os seus estudos de escultura e gravura na Universidade de Artes de Bremen. O mestrado em Multimédia foi já concluído na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, em 2008, instituição onde viria a ser docente durante largos anos.
É também por isso que a Sala Comum da Reitoria da Universidade do Porto se apresenta como o espaço de celebração da obra de um artista que, num caminho que deambula entre a madeira, os metais e a pedra, consegue manter vivo o princípio de exploração e de experimentação de diferentes materiais e tecnologias, "nunca perdendo o espaço-tempo da poesia que confere aos objetos mágicos que brotam das suas mãos, resultados de uma nostalgia de pensamento que o leva a situar-se sempre na paisagem de neblina fria das suas origens."
A obra de Volker Schnüttgen marca a cena artística nacional e internacional, muito para lá da bilateralidade que estabelece entre Portugal e Alemanha. Espanha, Suécia, Holanda, Moçambique, EUA ou o Irão são mais alguns dos territórios onde inscreveu as suas narrativas, tanto em obras de arte em espaço público como em coleções particulares e institucionais.
A exposição está patente até dia 27 de fevereiro, na Sala Comum da Reitoria da Universidade do Porto, e pode ser visitada de segunda a sexta-feira, entre as 10h e as 12h30 e das 14h30 às 17h30. Aos sábados, as visitas acontecem entre as 10h e as 13h.