É já este mês, entre os dias 13 e 28 de novembro, que o Alkantara Festival regressa. Há teatro, dança e performance que se propõem a pensar os desafios do agora, dando pistas sobre possíveis caminhos do futuro. Do feminismo interseccional aos desafios trazidos para as margens do rio Xingu, no Pará, Brasil, os temas que esta edição toca são, de certa forma, transversais e dirigem-se a um público sem fronteiras.
O festival inicia-se com o trabalho do bailarino e coreógrafo congolês Faustin Linyekula, com História(s) do Teatro II, uma peça que revista a nação congolesa nos anos 70 e a criação do Ballet National du Zaïre com três dos seus membros originais, nos dias 13 e 14 de novembro na Culturgest. No edifício da frente, a Biblioteca Palácio das Galveias, Clara Amaral apresenta nos dias 13, 14, 16 e 17 de novembro She gave it to me I got it from her, em parceria com o Teatro do Bairro Alto.
Já no Teatro Nacional D. Maria II, entre 13 e 16 de novembro, a artista italiana Chiara Bersani reflete a sua própria existência, e do seu corpo político, com Gentle Unicorn, uma peça em torno da estigmatização dos corpos com deficiência. No CCB, Cherish Menzo, coreógrafa holandesa, pensa o mundo do hip hop, inegavelmente controlado por homens, e propõe-se a desconstruir os estereótipos associados ao corpo hiperssexualizado da mulher.
Também no Teatro Nacional D. Maria II, no final do mês - nos dias 20 e 21 de novembro - Gaya de Medeiros e Ary Zara dão a conhecer Atlas da Boca, uma investigação a partir de dois corpos trans “sobre a boca enquanto ponto de interseção das dicotomias identidade/voz, público/privado e erotismo/política”. De certa forma comunicante, Giorgia Ohanesian Nardin apresenta no São Luiz Teatro Municipal uma vídeo performance “que reúne o público à volta de uma fogueira para um olhar sobre a Arménia e a partilha de experiências” - gisher | Գիշեր é o nome da performance desta “agitadora Queer de ascendência arménia”, como lhe chamam no comunicado de imprensa.
No Teatro Bairro Alto, Gabriela Carneiro da Cunha partilha testemunhos sobre o desastre ambiental e social provocado nas margens do rio Xingu, com a construção de uma estação hidroeléctrica. No mesmo espaço, Sonya Lindfors estreia-se em Portugal com Cosmic Latte, um trabalho em torno da identidade Negra, “redefinida e reimaginada através de noções do Afrofuturismo”.
Expandir as reflexões
Ao longo do festival, haverá também espaço para conversas e festas — que não são apenas festas, mas momentos que servem de oportunidade a uma expansão de reflexões. Logo no dia 13 de novembro a garagem da Culturgest recebe MEIOFIO, “um espetáculo com elementos performativos e cenográficos imersivos”, com curadoria de Ágatha Barbosa (Cigarra).
Além das conversas após espetáculo, sempre moderadas pela jornalista Carla Fernandes, uma espécie de lupa nos temas levantados em palco, o festival conta ainda com dois momentos de Portas Abertas, nos quais serão apresentados espetáculos a estrear no próximo ano. Filiz Sızanlı & Mustafa Kaplan e Sofia Dias & Vítor Roriz vão até ao Espaço Alkantara no dia 14 de novembro, e Vânia Doutel Vaz até à Casa da Dança, em Almada, no dia 19 de novembro, para mostrar uma primeira versão das suas criações.
O Alkantara Festival é já um evento de culto no circuito da dança e da performance, a nível nacional. Numa reportagem publicada na Revista Gerador sobre o panorama da dança em Portugal, que podes reler aqui, surge com destaque na cronologia dos eventos dedicados à dança ao longo dos últimos anos.
Os bilhetes encontram-se à venda nas bilheterias, físicas e online dos teatros parceiros (Culturgest, Centro Cultural de Belém, São Luiz Teatro Municipal, Teatro do Bairro Alto e Teatro Nacional D. Maria II) e a partir do site do festival. Consulta a programação completa, aqui.
Fotografia de Uwa Iduozee (Cosmic Latte, de Sonya Lindfors)
O Alkantara Festival e o Gerador são parceiros