fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

António Sampaio da Nóvoa: “a melhor política educativa é a valorização daquilo que já se faz”

Neste episódio da rubrica Lugar Comum, António Sampaio da Nóvoa, antigo reitor da Universidade de Lisboa e ex-candidato à Presidência da República, reflete sobre a valorização dos professores e a transformação do sistema educativo. “As escolas e os professores são absolutamente necessários e, por isso, têm de ser protegidos. Mas proteger as escolas e os professores é também sermos capazes de transformar a organização das escolas. Fazer uma metamorfose, colocando no centro o trabalho dos alunos”, afirma.

Texto de Margarida Alves

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

As instituições de ensino não devem ser apenas lugares dedicados à aprendizagem formal, mas espaços onde os jovens aprendem a refletir, a criticar e a produzir conhecimento científico, segundo o Conselheiro de Estado. “A escola é o lugar onde os alunos vão trabalhar, a escola não pode ser apenas uma sucessão de aulas. Esse é o [principal pilar desse] grande movimento de transformação”, defende um processo de modernização das escolas que deve ser alicerçado no desenvolvimento de competências ao nível do pensamento crítico.

“Em novembro do ano passado peguei no meu carro e dei uma volta a algumas escolas públicas de Portugal escolhidas um pouco ao acaso, sem nenhum critério”, recorda as visitas a 44 escolas do país, onde testemunhou uma diversidade de estratégias pedagógicas e métodos de ensino. Da visita, Sampaio da Nóvoa destaca o facto de ser necessário mobilizar a comunidade escolar, os professores e as autoridades locais para a adoção de modelos de ensino mais estimulantes, nomeadamente nas escolas públicas do interior do país.

“O Ministro da Educação não é alguém que propõe uma reforma, que propõe um novo programa, que propõe um novo currículo. Esqueçam, esse tempo já acabou”, reconhece que o perfil de um Ministro da Educação assenta na capacidade de valorizar o atual sistema de ensino. O antigo candidato presidencial reforça a importância da relação entre professores e alunos, que não deve ser substituída pelas novas tecnologias de inteligência artificial: “Os discursos da inovação, os discursos futuristas, os devaneios ‘a escola não é necessária, os professores não são necessários, vamos acabar com a escola, passa tudo para o digital’ são o pior que nos poderia acontecer. Este movimento de inovação seria trágico para a humanidade”.

O antigo reitor da Universidade de Lisboa admite preocupação com a classe docente, envelhecida e à margem dos apoios para a literacia digital: “A recuperação do tempo de serviço é a ponta do iceberg. O que está a acontecer com a profissão docente é muito mais fundo: tem a ver com o envelhecimento do corpo docente e com a relação difícil com as questões da cultura digital”. António Sampaio da Nóvoa aponta ainda o dedo à classe política pela incoerência entre as políticas educativas e as verdadeiras necessidades dos professores que trouxe “consequências muito negativas ao nível da credibilidade, da confiança e do prestígio da escola pública”. 

Já sobre a recuperação do tempo de serviço dos professores, Sampaio da Nóvoa admite estar expectante pelas negociações com o novo Governo: “Acho que as coisas têm condições para melhorar, mas é preciso ter muita coragem. É preciso construir um contrato de futuro com os professores”. E remata, referindo a necessidade de mudar estruturalmente as condições de trabalho dos docentes: “É preciso mudar a formação de professores, é preciso mudar o recrutamento dos professores, é preciso mudar o apoio aos professores do ponto de vista das pedagogias, dos métodos, dos currículos”. 

Veja ou ouça a entrevista na íntegra aqui.

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

25 Junho 2025

Gaza Perante a História

25 Junho 2025

A Budapest Pride está marcada para 28 de junho, mas o governo húngaro procura impedi-la

23 Junho 2025

O encanto do jornalismo pelo Chega

20 Junho 2025

Tempos Livres. Iniciativas culturais pelo país que vale a pena espreitar

18 Junho 2025

“Hipertexto” – Festivais Gil Vicente, por Isabel Costa e Rita Morais

18 Junho 2025

Segurança Humana, um pouco de esperança

16 Junho 2025

Para as associações lisboetas, os Santos não são apenas tradição, mas também resistência

13 Junho 2025

Tempos Livres. Iniciativas culturais pelo país que vale a pena espreitar

11 Junho 2025

“Hipertexto” – Festivais Gil Vicente, por Gaya de Medeiros e Leonor W. Carretas

11 Junho 2025

Genocídio televisionado

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Gestão de livrarias independentes e produção de eventos literários [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Artes Performativas: Estratégias de venda e comunicação de um projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Escrita para intérpretes e criadores [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Patrimónios Contestados [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

02 JUNHO 2025

15 anos de casamento igualitário

Em 2010, em Portugal, o casamento perdeu a conotação heteronormativa. A Assembleia da República votou positivamente a proposta de lei que reconheceu as uniões LGBTQI+ como legítimas. O casamento entre pessoas do mesmo género tornou-se legal. A legitimidade trazida pela união civil contribuiu para desmistificar preconceitos e combater a homofobia. Para muitos casais, ainda é uma afirmação política necessária. A luta não está concluída, dizem, já que a discriminação ainda não desapareceu.

12 MAIO 2025

Ativismo climático sob julgamento: repressão legal desafia protestos na Europa e em Portugal

Nos últimos anos, observa-se na Europa uma tendência crescente de criminalização do ativismo climático, com autoridades a recorrerem a novas leis e processos judiciais para travar protestos ambientais​. Portugal não está imune a este fenómeno: de ações simbólicas nas ruas de Lisboa a bloqueios de infraestruturas, vários ativistas climáticos portugueses enfrentaram detenções e acusações formais – incluindo multas pesadas – por exercerem o direito à manifestação.

Shopping cart0
There are no products in the cart!
Continue shopping
0