O diretor artístico do Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP), Igor Gandra, afirmou ontem, 17 de outubro, que a 4.ª edição da bolsa de criação Isabel Alves Costa pretende encontrar projetos "contextualizados e flexíveis" que colaborem para "renovar o tecido artístico".
Na apresentação da iniciativa, que decorreu esta manhã no Teatro Rivoli, Igor Gandra explicou que, além de uma oportunidade de "crescimento" para os artistas, esta bolsa de criação visa igualmente "renovar o tecido artístico".
"Esta iniciativa tem também outros efeitos, uns previstos e outros colaterais", afirmou, adiantando que a possibilidade de "circulação" dos projetos e, consequentemente, a sua apresentação em diferentes contextos é um desses efeitos.
"Este é um espaço que tem permitido que muitos artistas vejam o seu trabalho mais integrado e divulgado, ao longo das edições têm aparecido projetos muito diferentes, não só do ponto de vista das propostas estéticas, mas do 'modus operandi' que é proposto pelos artistas", salientou.
A quarta edição da bolsa Isabel Alves Costa, que nasceu de uma parceria entre o FIMP, o Teatro Municipal do Porto e as Comédias do Minho, tem, à semelhança das edições anteriores, "uma dimensão mais pessoal", afirmou a diretora artística das Comédias do Minho.
"Esta iniciativa tem uma dimensão mais pessoal, porque a maior parte de nós formou-se com a Isabel Alves Costa e, isto é também a gratidão pessoal por tudo o que nos ensinou e aquilo que significou para nós", disse Magda Henriques.
As candidaturas a esta bolsa arrancam hoje e estendem-se até ao dia 17 de dezembro, pretendendo o júri, composto por "três olhares diferentes", encontrar projetos artísticos com "capacidade de se inserirem em diferentes contextos de dimensão", "flexíveis" e "executáveis".
"A liberdade da arte é fundamental, mas o erro e o risco têm de estar presentes", referiu Magda Henriques, adiantando que "a seleção dos projetos parte de um olhar individual para um cruzamento de três olhares".
Segundo Cristina Leitão do Teatro Municipal do Porto, a "seleção dos projetos será feita no dia 24 de janeiro" e, no dia 4 de fevereiro, decorrem as entrevistas aos selecionados, sendo o "vencedor ou vencedores" desta quarta edição, anunciado passados seis dias.
O montante máximo disponível e cedido pelas três instituições para os projetos é de 24 mil euros.
Durante a sessão foi ainda apresentado o livro "Fogo Lento" de Raquel S., escrito no âmbito do espetáculo de Costanza Givone, a vencedora da 3.ª edição desta bolsa de criação.
Presente esta manhã no Teatro Rivoli, Raquel S. adiantou que o livro, através de poemas, receitas e fotografias do espetáculo, procura "provocar uma reflexão sobre comida" e "levantar questões" sobre as ligações históricas, sociais e físicas da mesma, explorando temas como o papel da mulher na cozinha.
Por sua vez, Costanza Givone explicou que este projeto "nasceu de uma paixão": o gosto de cozinhar, algo que acredita "dizer tanto de uma cultura"
"Este trabalho foi transformando-se e evoluindo ao longo do tempo, especialmente pelas confrontações que tínhamos com o público. Esta partilha tornou-se completa", concluiu a italiana.