Por estes dias, os Capitão Fausto têm os dias contados por toda a agenda de apresentação do seu mais recente álbum A Invenção do Dia Claro. Numa destas ocasiões, na passada noite de 25 de abril, dia da Liberdade, o jardim do Palácio Marquês de Pombal, em Oeiras, foi pequeno para a legião de fãs que aderiu em peso a este concerto gratuito, proporcionado pelo Munícipio de Oeiras e pelo Gerador, integrado na iniciativa 45 anos do 25 de Abril.
Pouco depois das 22 horas, o grupo composto por Tomás Wallenstein, Salvador Seabra, Francisco Ferreira, Manuel Palha e Domingos Coimbra sobe ao palco com o tema inicial do novo disco, “Certeza”, seguido de “Faço as Vontades”, canções habitualmente escutadas no início dos concertos mais recentes. A toada inicial deu lugar a um set de hora e meia, no qual a banda revisitou músicas de toda a sua discografia, com intervalos para solos do baterista, palavras de agradecimento e baladas intimistas ao piano.
Se o terceiro álbum do grupo – Capitão Fausto Têm Os Dias Contados – foi de consolidação no panorama de um som mais indie, este novo disco é marcadamente pop, pontuado de canções românticas e melancólicas. Gravado em São Paulo, no Brasil, a banda portuguesa pôde sair da sua rotina diária e absorver – de forma assertiva, parece-nos – as influências sonoras do país irmão.
Isso foi, aliás, um aspeto visível deste concerto, em que o novo disco foi apresentado na íntegra, com destaque para as canções “Sempre bem”, “Amor, a Nossa Vida”, “Semana em Semana” ou “Outro Lado”, já bastante entoadas pelo público mais fiel e seguidor do grupo. O novo trabalho saiu há pouco mais de um mês, mas isso não foi desculpa para não ser cantado e aclamado por toda a plateia, composta por diversas faixas etárias.
Fora o álbum novo, o concerto passou, evidentemente, pelos temas mais queridos da banda e do público, como “Célebre Batalha de Formariz”, “Corazón”, “Amanhã Tou Melhor”, entre outros. Além disso, houve, tal como já nos habituaram, tempo ainda para uma revisitação a Gazela, primeiro registo discográfico do grupo, com passagens por “Teresa”, “A Febre” ou “Verdade”, para euforia dos fãs mais presentes desde a primeira hora.
No resumo deste concerto e antes do encore final, a banda finalizava com um dos singles do novo disco, “Boa Memória”, já bastante reconhecido pelo público. Em jeito de celebração final e também por este ser um dia marcado pela Liberdade, os Capitão Fausto regressam ao palco com um anúncio ao fim da sua mocidade, em “Alvalade Chama Por Mim”, seguida de “Final”, canção de melodia intimista, que desagua num verso escutado em uníssono – “Se eu não ficar contigo, é tudo em vão.”
Oito anos após o primeiro disco, e com mais três no bolso, os Capitão Fausto chegam, decididamente, ao fim da sua mocidade, mas com estatuto ímpar na front march da nova cena musical portuguesa. Sinal de que os dias claros estão para ficar, para os fãs e para a banda.