As Conversas à Janela estão integradas no ciclo de reflexão do projeto de criação artística "PLANTA" com a criação e direção de Ana Luena e José Miguel Soares da Malvada Associação Artística.
Aurora Carapinha fala-nos de jardins e paisagens e da relação destes com sistemas naturais e a humanidade. O jardim como o lugar da experiência, um laboratório de ensaio de estratégias e técnicas, onde a humanidade vai aprendendo a criar representações da paisagem ideal e, por tal, nunca alcançável porque “perfeita”, sempre com desejo de modificá-la para tornar possível esse lugar onde todos nos reconhecemos. A construção e identidade dos jardins faz-se por via duma linguagem cultural própria, suscetível de diferentes abordagens e interpretações, onde se pode fazer a apologia da inutilidade, levando-nos a uma dimensão em que quietude e inquietude coexistem numa criação onde se busca o prazer sensitivo e o encontro com o “eu” e o “mundo”. É através do jardim que os sistemas se (auto)regeneram e revitalizam, num ciclo de produção, proteção e recriação. O tempo constrói a imagem da paisagem e do jardim, fazendo sentido que se criem propostas que respondam a necessidades e contextos do presente e que reflitam a sua relação contemporânea com os sistemas sociais, ecológicos, económicos e culturais. Os jardins são uma resposta da humanidade à necessidade de interação com os outros sistemas naturais, referência para a transformação da paisagem que se almeja como concretização do espaço de equilíbrio, de sociabilidade e de encontro, de “chão comum”.
AURORA CARAPINHA (Évora, 1956) Arquiteta Paisagista, doutorada em Artes e Técnicas da Paisagem, especialidade Arquitetura Paisagista e Arte dos Jardins, e Professora da Universidade de Évora, diretora do curso de Doutoramento em Artes e Técnicas da Paisagem. Recebeu o prémio Gonçalo Ribeiro Telles em 2021. Investigadora do Centro de História de Arte de Investigação artística onde coordena dois projetos de investigação sobre ‘O conceito de paisagem na Cultura portuguesa’ e sobre ‘A transformação da Paisagem em Portugal nos últimos sessenta anos’. Tem desenvolvido estudos na área da Teoria e da Crítica da Arquitetura Paisagista assim como desenvolvido e coordenado vários trabalhos na área do jardim e da paisagem. Nas dezenas de trabalhos publicados em seu nome, observa-se uma grande preocupação e devoção com a questões ambientais, que trata frequentemente em colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian.
Todas as quartas-feiras de Junho ficará disponível às 19h a gravação de cada conversa e o respetivo podcats em malvada.art e gerador.eu
1 JUN - Aurora Carapinha - Jardins e espaços públicos
8 JUN - Álvaro Domingues - Paisagens transgénicas
15 JUN - Michiko Okano - ‘Ma’: Espaço comunicativo de eventuais relações
22 JUN - Gisela Casimiro - Abnegação e extrativismo
29 JUN - Fátima Vieira - Pensamento utópico