É jornalista, escritor e amante confesso de tertúlias. Fernando Dacosta iniciou a sua carreira no jornalismo na Europa Presse, agência noticiosa internacional que lhe abriu as portas do círculo político português durante o Estado Novo. Teve a oportunidade de conhecer pessoalmente António de Oliveira Salazar, o que lhe valeu uma compreensão diferenciada do ditador e do seu regime que, aliás, retratou em vários livros.
Títulos como Um Jipe em Segunda Mão, O Viúvo ou Os Retornados Mudaram Portugal, foram alvo de distinções pela sua relevância jornalística e literária. Além destas atividades, o autor teve a seu cargo uma rubrica sobre literatura na RTP1 e foi co-editor da editora Relógio d'Água.
O jornalismo que se fazia durante o tempo da ditadura, por ser mais difícil, também era mais combativo, acredita. A precariedade que se tornou generalizada na profissão colocou em causa o espírito de missão e de contrapoder que Fernando Dacosta diz ter caracterizado a classe da época.
Crítico da situação atual da democracia, assume-se esperançoso com o futuro. Crê numa mudança positiva, mas avisa que a mesma não vai concretizar-se “nas nossas gerações”. Afirma que os lugares de privilégio se desligaram da vontade popular e que está em curso uma "infantilização" da sociedade, patente na degradação da qualidade dos conteúdos culturais. "Baixou-se o nível das coisas", lamenta o escritor.
De olhos postos nos temais centrais, as jornalistas Flávia Brito e Sofia Craveiro entrevistam, alternadamente, personalidades que vale a pena olhar.