Uma equipa de investigadores portugueses desenvolveu um substituto do plástico totalmente biodegradável e biocompatível.
Em nota de imprensa, a Universidade de Coimbra – que liderou o projeto - afirmou que o novo material tem várias aplicações, desde logo “embalagens alimentares e impressões eletrónicas, abrindo portas à fabricação de plásticos mais sustentáveis”.
Esta nova solução ecológica, “que, na prática, se traduz numa nova classe de filmes compósitos”, foi produzida a partir de nanocelulose, “obtida através de processos mecânicos, químicos e enzimáticos, combinada com um mineral fibroso, um recurso geológico que permite a redução de custos e a melhoria de propriedades mecânicas e de barreira muito importantes”, lê-se na nota.
O novo material foi desenvolvido ao longo dos últimos três anos, em parceria com o Instituto Politécnico de Tomar e a Universidade da Beira Interior, contando ainda com a colaboração da empresa espanhola TOLSA.
Citados no comunicado, José Gamelas e Luís Alves - coordenador do projeto e investigador principal do estudo, respetivamente - explicaram que as propriedades mecânicas derivam de os filmes “terem de ser resistentes”, enquanto as de barreira estão relacionadas com a impermeabilidade aos gases [dos filmes], ou seja, resistência ao ambiente”.
Segundo os dois investigadores do Centro de Investigação em Engenharia dos Processos Químicos e dos Produtos da Floresta (CIEPQPF) da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCTUC), “a grande inovação” deste novo substituto do plástico é o uso de minerais fibrosos, “que não têm qualquer risco para a saúde, e também a preparação dos filmes por filtração, o que acelera muito o processo de produção”.
“Por exemplo, com o processo convencional pode durar uma semana até se obter os filmes, enquanto através do método por filtração conseguimos ter os mesmos filmes em poucas horas e com melhores propriedades”, garantiram.
Até agora, os resultados obtidos na investigação “são altamente promissores, demonstrando que esta pode ser uma solução de futuro viável”. Os investigadores dizem agora querer “aumentar a escala de produção, otimizar processos e explorar as propriedades destes filmes para outras aplicações” além das embalagens alimentares e eletrónica impressa. “Há muitas outras aplicações que podem beneficiar desta solução, tais como a conservação/restauro de documentos importantes em suporte de papel que tenham problemas de degradação com o envelhecimento”, acrescentaram José Gamelas e Luís Alves.
Os dois cientistas lembraram ainda que utilização massiva de plásticos e a “incapacidade de fazer uma reciclagem apropriada é cada vez mais um tema de grande importância na sociedade contemporânea”.
“Por isso, é fundamental a procura de novos materiais produzidos a partir de recursos não fósseis, isto é, de recursos renováveis, para reduzir o uso do plástico”, defenderam.
A investigação foi desenvolvida no âmbito do projeto “FilCNF: Nova geração de filmes compósitos de nanofibrilas de celulose e partículas minerais como materiais de elevada resistência mecânica e propriedades de barreira a gases”, financiado em 190 mil euros pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).