fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Irene Pimentel: “A história de uma ditadura é sobre como consegue tornar passiva a população”

A historiadora Irene Pimentel é a convidada desta Entrevista Central, onde falou sobre as ditaduras do passado e as derivas autoritárias do presente.

Texto de Sofia Craveiro

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

“O carácter preventivo da polícia política [PIDE] existe em todas as ditaduras” e é eficaz pois a longo prazo faz com que os cidadãos caiam em apatia. Esse é, para Irene Flunser Pimentel, um dos elementos-chave dos poderes autoritários. 

Partindo da História de Portugal no século XX e de como a ditadura Salazarista subsistiu durante 48 anos, a historiadora falou sobre a pressão que as estruturas autoritárias exercem sobre os cidadãos e dos perigos inerentes a esta influência que está novamente a fazer-se sentir.

Para a investigadora do Instituto de História Contemporânea da Universidade NOVA de Lisboa, o apelo do combate à corrupção - tema que é capitalizado pela extrema-direita-, é também um sinal do descrédito da população nas instituições democráticas. “É uma consequência, um sinal e ao mesmo tempo uma causa, ainda. E aí, se calhar, nós historiadores não fomos suficientemente acutilantes ao explorar a corrupção que existia, por exemplo, no Estado Novo”

Numa conversa onde abordou, também, questões como a crise das democracias liberais, ou o passado e o presente da União Europeia, a historiadora afirma que a atual ascensão da extrema-direita não pode ser comparada com aquela que se verificou na Europa no século XX, até porque atualmente ela não é baseada numa ideologia sólida “completamente elaborada e que dá resposta a tudo”. Hoje, deparamo-nos com as consequências do que diz ser o "fim das ideologias”, que conduziu a uma tendência para o identitarismo, que afeta tanto a direita como a esquerda do espetro político. “Isso é o que provoca divisões entre as pessoas”, afirma. 

Assumindo preocupações quanto aos resultados das próximas eleições europeias, Irene Flunser Pimentel alerta também para a influência americana no futuro das relações internacionais. Se Donald Trump vencer as eleições nos Estados Unidos da América, haverá um maior isolacionismo deste país, um agravamento da “luta contra a UE”, de acordo com a historiadora. “Ficará muito mais longe a UE social, a UE política. O que se calhar vai prevalecer é a União de defesa europeia, porque provavelmente também vamos ter guerras”, além que já estão a decorrer.

Podes ouvir e ver o episódio também no Spotify, aqui.


Historiadora e investigadora do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Irene Flunser Pimentel escreveu obras sobre o Estado Novo, em particular sobre a PIDE, o Holocausto e sobre o contexto das mulheres na ditadura portuguesa.

É doutorada em História Institucional e Política Contemporânea, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, mestre em História Contemporânea (século XX) e licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. 

Em 2007 recebeu o Prémio Pessoa e, em 2009 o Prémio Seeds of Science, na categoria «Ciências Sociais e Humanas». Foi condecorada, em 2015, com a Ordem Nacional da Legião de Honra pelo Governo de França.

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

26 Dezembro 2024

Dar uma volta com Miguel Azguime

19 Dezembro 2024

José Sá Fernandes: “Fazer aqui uns prédios de luxo não serve para nada”

25 Novembro 2024

Isabel do Carmo: “[O PREC] foi o melhor período das nossas vidas”

21 Novembro 2024

Dar uma volta com Pedro Sena Nunes

4 Novembro 2024

Mescla com Inóspita

28 Outubro 2024

Mescla com Tiago Cardoso

25 Outubro 2024

Dar uma volta com Miguel Ramalho

21 Outubro 2024

Mescla com INÊS APENAS

14 Outubro 2024

Mescla com emmy Curl

14 Outubro 2024

Amanda Lima: “O meu trabalho incomoda algumas pessoas, mas está sempre centrado na verdade”

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Gestão de livrarias independentes e produção de eventos literários [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online e presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Assessoria e Escrita de Comunicados de Imprensa

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Financiamento de Estruturas e Projetos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

16 Dezembro 2024

Decrescer para evitar o colapso

O crescimento económico tem sido o mantra da economia global. Pensar em desenvolvimento e em prosperidade tem significado produzir mais e, consequentemente, consumir mais. No entanto, académicos e ativistas pugnam por uma mudança de paradigma.

22 Julho 2024

A nuvem cinzenta dos crimes de ódio

Apesar do aumento das denúncias de crimes motivados por ódio, o número de acusações mantém-se baixo. A maioria dos casos são arquivados, mas a avaliação do contexto torna-se difícil face à dispersão de informação. A realidade dos crimes está envolta numa nuvem cinzenta. Nesta série escrutinamos o que está em causa no enquadramento jurídico dos crimes de ódio e quais os contextos que ajudam a explicar o aumento das queixas.

A tua lista de compras0
O teu carrinho está vazio.
0