fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Jorge Pinto: “A história da diáspora portuguesa para a França ainda é muito presente e ainda há muito que pode ser contado”

Coautor da banda desenhada que narra a vida e obra de Amadeo de Souza-Cardoso, pintor português ligado à vanguarda modernista parisiense, Jorge Pinto publica agora a história de uma pouco reconhecida emigrante em França. O texto e as ilustrações do livro “Tamem Digo” partem das memórias de Maria do Carmo, avó do autor e representante da gente comum que tentou a vida fora de Portugal.

Texto de Analú Bailosa

©Luís Catarino

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

“Obriga-me a consciência a dizer-vos desde já que não encontrarão nada de extraordinário nesta história”, diz o autor no prólogo do seu último lançamento. Com uma escrita pensada para ser acompanhada de ilustrações – assinadas pela artista Julia da Costa –, Jorge Pinto faz questão de apresentar ao público um lado pouco celebrado das histórias portuguesas de migração, protagonizado pelas mulheres que ficaram em casa enquanto os seus maridos iam, em primeiro lugar, tentar a prosperidade noutras terras.

A perspetiva da “Avó Carmo”, alcançada através de gravações feitas pelo neto, curioso pelo seu passado, faz o leitor viajar pelos sucessos e falhanços das famílias que partiram, por volta dos anos 60, de Portugal à França. Entre memórias e factos históricos, Tamem Digo: Uma História de Migrações é uma homenagem familiar e uma afirmação política pelo direito à voz dos heróis do quotidiano.

Em videochamada com o Gerador, Jorge Pinto descreve-nos o seu íntimo processo criativo, reflete sobre a questão identitária dos emigrantes portugueses e comenta as reações que o livro tem recebido.

Gerador (G.) – Começas o livro a dizer que a história está cheia de heróis e que falta falar da gente comum. Qual é a importância de contar essas histórias triviais?

Jorge Pinto (J. P.) – A importância é, em particular, falar da gente comum nas histórias de migração. Sempre que há casos de sucesso de pessoas migrantes, essas pessoas têm uma exposição mediática e pública muito grande. Ainda bem que assim é, porque estamos a dar valor àqueles que conseguiram vingar e que se destacaram no seu domínio. Mas, para cada um destes heróis, há vários milhares de outros heróis anónimos, que não se destacaram particularmente em nenhum campo e que viveram uma vida bastante normal, mas que conseguiram vencer naquele que era o seu grande objetivo, o de sobreviver ou de ter uma melhor qualidade de vida do que aquela que teriam se tivessem ficado no seu local de origem. Eu acho, no específico daquilo que são as histórias das migrações, que esta vida normal é um sucesso ao fim e ao cabo. Queria destacar isso e queria que esses heróis do dia a dia, como eu digo, possam ter mais atenção e exposição.

G. – Sendo a história que narras a da tua avó, destacas as heroínas também, certo?

J. P. – Sim, o livro tem uma perspetiva feminina e até feminista. Nós temos a tendência de olhar para os grandes heróis das histórias de migrações como quase sempre homens e esquecemos a mulher que fica em casa. No caso da minha avó – mas tenho a certeza de que isso se traduz em muitas outras histórias –, o meu avô, num clássico de migrações, saiu em primeiro lugar de Portugal, em 1962. Portanto, o herói da história, por norma, é o meu avô, o homem que arrisca sair, que vai à aventura para um país que tem uma língua que ele não fala e uma cultura que ele não conhece, mas esquecemos que, em casa, ficou uma mulher, neste caso com três filhos, que teve de trabalhar a tempo inteiro para os manter. Aquilo que eu quero com esta história também é homenagear essas mulheres migrantes, porque, não tendo partido muitas vezes imediatamente como os maridos, foram tão ou mais corajosas que eles por ter ficado em casa a aguentar a família antes de também elas terem partido.

Ilustração de Julia da Costa
G. – Contas, no prólogo, como foi o processo criativo que te levou até ao produto final e da tua vontade de ter o texto acompanhado de ilustrações, além de como chegaste à ilustradora, Julia da Costa. Já tinhas uma ideia específica do que querias passar com as imagens?

J. P. – Tinha, e por inspiração de outros livros, como eu digo no prólogo. Eu estava, já há algum tempo, a pensar em escrever ou representar esta história de alguma maneira, e foi ao ver os livros de uma ilustradora libanesa que vive em França já há vários anos, a Lamia Ziadé, que me inspirei e achei essa maneira de contar. Enquanto eu estava a escrever, já tinha em mente uma série de ilustrações – o livro tem mais de 80, mas eu, na minha lista inicial, tinha quase 150. O texto está estruturado de maneira a ser acompanhado por imagens. Há quase uma cadência, curta, mas rápida, que permite que haja, a cada vez, uma imagem, como para dar tempo para digerir aquele pequeno pedaço de história e multiplicá-la, fazendo com que ela seja maior do que se fosse simplesmente em palavras.

Eu explico isso no prólogo, mas acho que é interessante dizer que cheguei à Julia porque eu queria que a história fosse contada, também pelas ilustrações, a partir de uma perspetiva feminina e feminista e que, se possível, fosse uma mulher ligada à história da emigração portuguesa para a França. Contactei-a, mandei-lhe o texto, que já estava todo escrito, e a lista de algumas ilustrações que eu queria. O primeiríssimo esboço que ela me manda foi o que agora é a capa do livro, uma representação da minha avó. Assim que eu vi aquela imagem, pelo estilo, pelo tom cromático e pelo modo que não é nem demasiado caricatural nem demasiado real, fiquei imediatamente convencido.

G. – E as ilustrações foram todas inspiradas em fotografias?

J. P. – Enviei-lhe muitas fotografias. Foi muito interessante e muito introspetivo para mim, este trabalho quase arqueológico e de arquivismo à procura de imagens. Descobri algumas [fotos] que eu nunca tinha visto e partilhei com ela e outras foram mais fruto da minha imaginação. Penso numa em que ela representa a minha avó como criminosa, porque eu digo que ela ia, em criança, buscar estanho à montanha de uma maneira ilegal. Eu só lhe disse isso, de representar a Avó Carmo como uma ladra a roubar estranho, e ela desenhou aquilo exatamente do modo em que eu a imaginava a fazer alguma coisa de ilegal. Cada vez que eu lhe pedia alguma coisa, fosse inspirada em fotos ou numa simples ideia, ela conseguia reproduzir perfeitamente. Acho que a comunhão foi perfeita.

Ilustração de Julia da Costa
G. – Já agora, conta-nos mais sobre a tua pesquisa. Pelo que explicas, foi muito construído em cima das tuas memórias e das conversas que tiveste com a tua família, mas também trazes toques de história e política. O que foi mais interessante nesse processo?

J. P. – Eu acho que as três coisas, porque houve, realmente, três perspetivas de pesquisa. Há uma perspetiva familiar, com foco na minha avó e aquilo que são as suas vivências; há, depois, um segundo elemento, em certa medida complementar, que são as minhas memórias, a partir do momento em que as da minha avó se começam a sobrepor às minhas; e há um terceiro elemento, que é uma pesquisa mais política e histórica. As três ligam-se bem porque isto é uma coisa que foi bastante comum a todo o processo de escrita. Eu comecei, e digo isso no prólogo, mesmo sem saber no que aquilo ia dar – fui andando, fui escrevendo e as coisas foram encaixaram-se umas nas outras de uma maneira muito lógica. Quis que o livro pudesse também servir para dar mais informação e dados sobre aquilo que foi a emigração portuguesa, em particular para a França, e o livro foi revisto pelo historiador Victor Pereira, também ele francês de origem portuguesa e especialista na questão. Deu-me um gosto muito grande escrever a partir dessas três perspetivas e foi o encontro delas que mais me realizou na escrita do livro.

G. – Ainda sobre esse lado histórico, falas muito sobre a sociedade patriarcal. Como foi compreender, de uma forma mais académica, digamos, as desigualdades que encaram as mulheres no processo de migração, no caso, para a França?

J. P. – Não é que tenha sido surpreendente, ou seja, se no presente, em 2022, as desigualdades e o sistema patriarcal continuam a ser tão vincados, não é surpreendente que nos anos 60 fosse de igual modo. Sempre soube, porque foi muito claro pela minha avó, da participação da mulher no mercado laboral no seu país de receção. O meu avô foi operário da construção civil e a minha avó fazia limpezas e um bocado de tudo. Isso é o que me parece mais relevante, porque, uma vez mais, enquanto o homem é o grande construtor, o que, literalmente, constrói o país de acolhimento, a mulher tem mesmo a exclusividade do trabalho em casa, e, para além disso, também é ela trabalhadora. Eu acho que é essa perspetiva, ainda que alguns documentos falem disso, que o sistema patriarcal nos quer fazer esquecer.

Quando as mulheres regressam de um país como era a França dos anos 60, principalmente após o Maio de 68, [com] toda essa ebulição cultural e emancipatória, trazem também uma nova visão. Muitas vezes, havia uma tendência de, no regresso ao seu país de origem, as mulheres voltarem a ser arredadas do mercado laboral. Acho que esta visão de que a mulher, pelo menos a mulher portuguesa quando emigrou para França, continuou a estar no mercado laboral – coisa que muito provavelmente não aconteceria a essa mesma mulher se tivesse ficado em Portugal – é um aspeto muito interessante desta história da migração portuguesa.

G. – Depois de escrever este livro, mudaste a perceção que tinhas da tua própria história e realidade?

J. P. – Não mudei muito. Como digo a certa altura no livro, acho que há duas grandes maneiras de contar as vivências da pobreza. Há aquelas pessoas que, tendo sido pobres e já não o sendo no presente, basicamente deixam de falar do período em que foram pobres, esquecem ou forçam-se a esquecer esse período e, como tal, não transmitem às gerações seguintes aquilo que foi a vivência da pobreza. E há uma segunda maneira, que foi a maneira na qual eu fui educado, que é a de assumir essa pobreza e de estar constantemente a relembrar essa pobreza, no sentido de dizer que a pobreza foi uma realidade e que sofremos imenso, mas conseguimos que as gerações a seguir às nossas tivessem melhor qualidade de vida. Como esta sempre foi a perspetiva da minha família, nunca houve grandes segredos em relação a isso.

Ilustração de Julia da Costa
G. – E como é que foi olhar para o lugar que cresceste e para as tuas memórias com olhos de, como disseste, arqueólogo e arquivista?

J. P. – Foi muito bonito. Eu comecei, já há vários anos, a gravar a minha avó, porque acho que há uma altura na vida de todos nós, que temos a sorte e o privilégio de ter avós vivos e de quem gostamos – não é o facto de ser um familiar que nos obriga a ter uma boa relação com os familiares – ainda com capacidade para contar essas histórias, em que temos curiosidade em querer saber mais. No caso da minha família, sempre se falou muito da vida em França, e eu tinha muita curiosidade, tendo nascido e crescido já em Portugal, de saber o que era viver num outro país. Depois, quis realmente traduzir aquilo [as gravações] em algo mais concreto e artístico.

Tentei, até de forma bastante literal, seguir os passos da minha avó, indo a pé até à aldeia Olo, de onde ela vem, e tendo ido à Sartrouville, nos arredores de Paris, onde eles viveram. Houve uma segunda perspetiva, no que diz respeito à vida deles em Portugal, à volta do café que eles abriram quando regressaram, de eu ter pedido histórias, memórias e fotografias às pessoas que frequentavam o lugar. Recebi várias fotografias e várias histórias, inclusive uma que eu tinha completamente esquecido e que conto de forma bastante cómica no livro, sobre a presença de um hipnotizador no café.

Apresentei o livro aqui em Bruxelas e fizemos questão de que na mesa estivessem também pessoas emigradas na Bélgica, a contar essas histórias e a partilhá-las, porque eu quero, como dizias logo na primeira pergunta, que mais gente comum possa ter o direito à voz e possa partilhar as suas histórias, até numa lógica de preservação da memória para as gerações futuras.

G. – Apresentaste-o em português ou traduzido?

J. P. – Apresentei na versão portuguesa, porque a edição ainda é recente. Acho que o impacto [positivo] que o livro está a ter prova que a história da diáspora portuguesa, em particular para França, ainda é muito presente e ainda há muito que pode ser contado. Eventualmente, tentarei que ele seja traduzido para o francês, porque acho que há muito interesse nestas terceiras e quarta gerações que já não conseguem ler em português, mas que continuam a assumir a herança portuguesa.

G. – Qual foi a reação da tua avó ao ver o livro?

J. P. – Eu acho que ela, até a última, não se acreditou que eu ia fazer alguma coisa a sério (risos), porque nós somos muito brincalhões na minha família e, sempre que eu lhe dizia que eu estava a filmar e que ia fazer qualquer coisa, ela achava que era mentira ou que eram os netos a brincar com ela uma vez mais.

A reação dela, curiosamente, quando viu o livro pela primeira vez, foi [dizer] “eu não sou assim tão feia” (risos). Não somos muito expressivos em termos de sentimentos na minha família, mas quero crer que ela gostou muito do livro, sim.

Ilustração de Julia da Costa
G. – E o que achou o restante da tua família?

J. P. – Da família, [as reações] foram coisas boas, um bocado de um relembrar de histórias que alguns já se tinham esquecido. Já vendi muitos livros a pessoas que também estiveram emigradas e, curiosamente, elas agradecem e dizem que é exatamente assim, que ainda bem que alguém está a escrever sobre isto e a guardar estas memórias – eu acho que todas as pessoas têm um certo orgulho e uma certa felicidade de que se fale das suas vidas, por mais simples e por mais normais que elas tenham sido. Também tive vários comentários de pessoas e de clientes do café que me disseram estar com saudades.

G. – Por fim, como é que a ideia que quiseste desenvolver se traduz no título?

J. P. – O título surgiu enquanto eu estava a escrever o livro. Quando pensei nele, foi muito evidente que teria de ser o título, por duas grandes razões: a primeira é uma certa homenagem, replicando a maneira da minha avó dizer a expressão também digo, algo que ela diz com muitíssima frequência, quase sempre a validar algo que os netos estejam a dizer; e a segunda é precisamente aquela de que falei há pouco, de empoderar e dar voz ao migrante comum e, em particular, à mulher. Ao termos, na capa do livro, apenas a figura da minha avó e o título, é uma afirmação até política de dizer “eu, mulher, pobre, migrante, do interior de Portugal, que saí, pela miséria, para a França e depois regressei a Portugal, também digo. Depois o subtítulo, Uma História de Migrações, é no plural porque representa não só o caso da minha avó, mas todas as histórias de migrações e todas as mulheres as quais eu quero ajudar a dar alguma voz com este livro.

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

9 Junho 2025

Hugo Cruz: “A cultura e a arte dão um contributo muito importante para fortalecer as democracias”

29 Maio 2025

Maribel López: “Temos de tentar garantir que os artistas possam dar forma às suas ideias”

21 Abril 2025

Ricardo Paes Mamede: “As tecnologias digitais estão a causar alterações estruturais nas economias”

17 Fevereiro 2025

Nuno Costa: “Vamos excluir as pessoas que não têm conversas guiadas por factos?”

6 Janeiro 2025

Joana Meneses Fernandes: “Os projetos servem para desinquietar um bocadinho.”

11 Dezembro 2024

Maria Caetano Vilalobos: “Acho que nunca escrevi poesia que não tivesse uma parte biográfica”

16 Outubro 2024

O Teatro Académico de Gil Vicente vai aprofundar a ligação a Coimbra com programação de outono

9 Outubro 2024

O Festival Iminente vai afirmar-se como plataforma de criação este ano

12 Junho 2024

Haris Pašović: “Não acredito que a arte deva estar desligada da realidade”

10 Junho 2024

Matilde Travassos: “A intuição é a minha única verdade”

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Escrita para intérpretes e criadores [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Artes Performativas: Estratégias de venda e comunicação de um projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Patrimónios Contestados [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Gestão de livrarias independentes e produção de eventos literários [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

02 JUNHO 2025

15 anos de casamento igualitário

Em 2010, em Portugal, o casamento perdeu a conotação heteronormativa. A Assembleia da República votou positivamente a proposta de lei que reconheceu as uniões LGBTQI+ como legítimas. O casamento entre pessoas do mesmo género tornou-se legal. A legitimidade trazida pela união civil contribuiu para desmistificar preconceitos e combater a homofobia. Para muitos casais, ainda é uma afirmação política necessária. A luta não está concluída, dizem, já que a discriminação ainda não desapareceu.

12 MAIO 2025

Ativismo climático sob julgamento: repressão legal desafia protestos na Europa e em Portugal

Nos últimos anos, observa-se na Europa uma tendência crescente de criminalização do ativismo climático, com autoridades a recorrerem a novas leis e processos judiciais para travar protestos ambientais​. Portugal não está imune a este fenómeno: de ações simbólicas nas ruas de Lisboa a bloqueios de infraestruturas, vários ativistas climáticos portugueses enfrentaram detenções e acusações formais – incluindo multas pesadas – por exercerem o direito à manifestação.

Shopping cart0
There are no products in the cart!
Continue shopping
0