fbpx
Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Mariana Vieira da Silva: Marcelo “será visto como alguém que contribuiu para a instabilidade”

Neste episódio da rubrica Lugar Comum, Mariana Vieira da Silva, Ministra da Presidência do Governo cessante, acredita que Marcelo Rebelo de Sousa contribuiu para a instabilidade política como consequência da dissolução do Parlamento na anterior legislatura. Contrariamente, a resposta de Portugal à pandemia da covid-19 merece especial atenção por ter sido um exemplo de estabilidade institucional, de acordo com a deputada socialista: “Aquela ideia de que numa sala estão todos a ouvir a mesma informação por parte dos cientistas e dos médicos, e a tomar decisões, é uma coisa atípica, rara e que merece ser estudada e repetida”.

Texto de Margarida Alves

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

O período pandémico produziu efeitos que carecem de um estudo aprofundado, nomeadamente sobre a relação dos indivíduos com as instituições família, escola e trabalho: “Com a pressa de sair do confinamento e de todo aquele terror que vivemos, não sei se não passámos por cima dessas consequências”, afirma. Mariana Vieira da Silva reconhece que existiu uma preocupação com os assuntos estruturais, como a recuperação das aprendizagens e a redução das listas de espera para cirurgias, mas admite que as expectativas e os sonhos dos jovens foram deixados à margem. “Nós temos aqui um conjunto de gerações que viveu duas crises brutais”, reflete ainda sobre os jovens que concluíram o Ensino Superior no decorrer da crise pandémica e sobre aqueles que estiveram em situação de desemprego como consequência da crise económica de 2008.

Para a antiga Ministra da Presidência, “a existência de uma investigação e a exteriorização dessa investigação não são obrigatoriamente simultâneas”. Aponta o dedo ao comunicado do gabinete da Procuradora-Geral da República sobre a Operação Influencer, que empurrou António Costa para a demissão do cargo de primeiro-ministro: “Esta ideia de que não é preciso demonstrar nada, e se pode lançar o país numa crise política, é uma ideia muito preocupante”. Mariana Vieira da Silva acrescenta ainda que “mesmo que as sondagens digam que a maior parte da população acredita que o primeiro-ministro não fez nada de errado, [António Costa] não teve a possibilidade de se defender. Isso é um elemento central da justiça que precisamos de enfrentar”. Como resultado, sublinha que o XXII Governo “será sempre muito marcado pela forma como acabou”. 

O mediatismo que envolveu a Operação Influencer e processos semelhantes pode ter influenciado os resultados das eleições legislativas, segundo a socialista. “Não haveria nenhum contexto mais favorável ao crescimento de um partido como o Chega que não a dúvida lançada sem grande detalhe. Essa abertura e a leveza com que tudo aconteceu criou o terreno mais que propício” à ascensão de partidos de extrema-direita, defende. Mariana Vieira da Silva debruça-se sobre as contradições do Chega, que contaminam o debate político: “Do ponto de vista das propostas políticas há coisas completamente contraditórias. O contágio é nas políticas, é na linguagem, é na atitude”. Analisando o panorama internacional, antecipa que o desaparecimento da extrema-direita poderá ser “muito lento”, especialmente se for tido em conta o rápido crescimento destas forças políticas um pouco por todo o mundo. 

No Lugar Comum, teceu ainda comentários ao facto de o Partido Socialista (PS) ter perdido apoio entre o eleitorado na faixa etária entre os 18 e os 34 anos. “É evidente que oito anos e meio de poder associados ao efeito destas crises nos fez perder representatividade. Não tanto nos jovens, onde o Partido Socialista sempre teve bastantes dificuldades [em reunir consenso], mas nas jovens famílias”, explica. Acima de tudo, reforça o empenho do partido na renovação do seu programa e destaca a forma como, atualmente, encara a crise climática: “O Partido Socialista, desde a sua história, tem conseguido algo muito raro que foi ter renovado, do ponto de vista programático, a sua visão de sociedade. Somos hoje o partido com mais ação na área climática, ombreando com os partidos que a nível europeu quase se dedicam em particular a essa dimensão”. Acredita, no entanto, que o PS “tem de reconstruir a sua mensagem” para recuperar a relação com o eleitorado, “principalmente com as associações estudantis e de juventude”.

Já sobre a descida da taxa de abstenção, esboça um retrato dos portugueses que se deslocaram às urnas no dia 10 de março: “Acho que nós temos de olhar para a diminuição brutal da abstenção sempre de forma positiva, mesmo sabendo que, muitas vezes, o resultado da diminuição da abstenção é um voto muito mais emocional, do dia-a-dia, de protesto”, e não um voto de identificação partidária. Mariana Vieira da Silva descreve a crise da habitação em Portugal como “uma das dimensões de maior insatisfação”, algo que demonstrou ter “um peso grande neste resultado eleitoral”. E remata, referindo-se às obras ainda em execução no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência: “aquilo que vejo é um aproveitamento político para mostrar o momento em que isso ainda não é tão visível”. Mas há também sinais de esperança para a próxima legislatura, como a mobilização do excedente orçamental “para dar um salto na habitação pública”. 

Veja ou ouça a entrevista na íntegra aqui.

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

30 Abril 2024

Flávio Almada: “Devemos recusar a geografia do medo”

16 Abril 2024

‘Psiquiatria Lenta’: Crónicas de João G. Pereira no Gerador editadas em livro

9 Abril 2024

Fernando Dacosta: “Baixou-se o nível das coisas que fomenta a infantilização das pessoas”

3 Abril 2024

Festival Bons Sons convida o público a viver a aldeia em toda a sua diversidade

26 Março 2024

Diana Andringa: “o jornalismo está a colaborar na criação de sociedades antidemocráticas”

19 Março 2024

Leonor Chicó: “no nosso quintal já se sentem os efeitos da crise climática” 

16 Março 2024

José Pacheco Pereira atribuiu nota 7 à probabilidade de uma guerra na Europa

12 Março 2024

A Open Food Facts quer empoderar os consumidores através da informação

5 Março 2024

Bolsa Amélia Rey Colaço abre candidaturas para 7ª edição

29 Fevereiro 2024

50 Abris: diferentes retratos da liberdade precisam de apoio para sair em livro

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Produção de Eventos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Práticas de Escrita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação à Língua Gestual Portuguesa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

O Parlamento Europeu: funções, composição e desafios [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Soluções Criativas para Gestão de Organizações e Projetos [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Comunicação Digital: da estratégia à execução [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online e presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Narrativas animadas – iniciação à animação de personagens [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online ou presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Pensamento Crítico [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

22 ABRIL 2024

A Madrinha: a correspondente que “marchou” na retaguarda da guerra

Ao longo de 15 anos, a troca de cartas integrava uma estratégia muito clara: legitimar a guerra. Mais conhecidas por madrinhas, alimentaram um programa oficioso, que partiu de um conceito apropriado pelo Estado Novo: mulheres a integrar o esforço nacional ao se corresponderem com militares na frente de combate.

1 ABRIL 2024

Abuso de poder no ensino superior em Portugal

As práticas de assédio moral e sexual são uma realidade conhecida dos estudantes, investigadores, docentes e quadros técnicos do ensino superior. Nos próximos meses lançamos a investigação Abuso de Poder no Ensino Superior, um trabalho jornalístico onde procuramos compreender as múltiplas dimensões de um problema estrutural.

A tua lista de compras0
O teu carrinho está vazio.
0