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“Não sabíamos ainda, mas já tínhamos sido vendidas.” Esta é a história da refugiada Blessing

“Saí do meu país porque a vida era dura e difícil para mim e para…

Texto de Flavia Brito

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"Saí do meu país porque a vida era dura e difícil para mim e para a minha família", começa Blessing, uma jovem de 24 anos, natural da Nigéria. Depois da morte do pai, ela e as irmãs deixaram de poder ir à escola, e a mãe não tinha como sustentá-las.

Blessing foi morar e trabalhar com uma tia, em Lagos, mas o que parecia uma solução para ajudar a sua família, revelou-se um pesadelo. O tio violava-a. Um dia engravidou e, com apenas 18 anos, decidiu fugir e terminar a gravidez.

Passou a viver nas ruas até ser acolhida numa igreja. "Um domingo, no fim da missa, um homem veio perguntar-me se eu queria ir para a Líbia e, depois, para a Europa. Eu não conhecia ninguém na Europa, não conhecia ninguém na Líbia, mas também não tinha para onde ir na Nigéria. A igreja tinha muito espaço e vários quartos, mas eu não podia viver ali para sempre. Além disso, queria ajudar a minha mãe e as minhas irmãs. Respondi ao homem pode ser", relata Blessing, no quarto episódio do podcast "Travessia", que conta as histórias de mulheres refugiadas e requerentes de asilo, em Portugal.

“Na altura não sabíamos ainda, mas já tínhamos sido vendidas”, diz. De Lagos, na Nigéria, passou por várias cidades até chegar a um campo em Agadèz, no Níger. Esperava, em pouco tempo, chegar à Europa, mas, ao fim de um mês, ainda lá estava. Sem dinheiro, nem telemóvel, percebeu que também ali não estava segura.

A travessia até à Europa foi longa. Blessing foi vendida, detida, atravessou um deserto e o Mar Mediterrâneo, por duas vezes. Desembarcou em Itália, com um filho nos braços e grávida de outro. Esta é a sua história, até chegar a Portugal:

O projeto "Travessia", que culminará também num livro ilustrado, é resultado de três meses de um programa da Ambigular, uma organização que trabalha técnicas de storytelling com comunidades em situação de exclusão social e cultural, em parceria com a Adolescere - Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente.

Ajor, Hiba, Wasan, Saidia, Salwa e Blessing atravessaram continentes, desertos, mares e fronteiras, até chegarem ao nosso país. Vieram do Iraque, da Nigéria, do Sudão e do Sudão do Sul. Fugiram da guerra, e não só. Em seis episódios, estas seis mulheres vão levar-nos pelos caminhos que percorreram, sempre como protagonistas e detentoras das suas narrativas.

Lê aqui a entrevista a Maria de Azevedo Brito e Rose Dekker, responsáveis pelo projeto "Travessia", o primeiro da Ambigular, em Portugal – uma organização que publica histórias, na perspetiva de quem as vive, de forma a cocriar, com as comunidades em situação de exclusão social e cultural, “uma representação mais justa”.

Todas as semanas, no Gerador, vamos dar-te a conhecer mais um episódio de "Travessia".

Conhece também as histórias de Wasan, Saidia e Salwa.

Texto por Flávia Brito
Imagem da cortesia da Ambigular
O Gerador é parceiro da Ambigular

Se queres ler mais entrevistas sobre a cultura em Portugal, clica aqui.

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