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No fim da linha: os espaços icónicos da nossa história em vias de extinção

Por vezes, a história de certos espaços cruza-se afetivamente com a vida das pessoas. Muitos…

Texto de Ricardo Gonçalves

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Por vezes, a história de certos espaços cruza-se afetivamente com a vida das pessoas. Muitos locais, entretanto desaparecidos, foram ao longo da sua existência sinónimo de convívio, de tertúlia e de encontro entre gerações.Em Lisboa, os velhos cafés e pastelarias, que, outrora, foram autênticas salas de reuniões,associadas muitas vezes à história do próprio país, estão hoje a desaparecer do mapa da cidade.

Júlio Góis, proprietário da Pastelaria Sequeira, fundada em 1902, que se mantém de portas abertas até hoje, aponta razões para este fenómeno: “As pastelarias vêm de uma tradição e de uma geração anterior. Hoje, a vida proporciona-se de outra maneira, mais intensa e é tudo feito a correr. Reduziu-se muito o negócio, por isso é que as pastelarias estão a desaparecer. Não há consumo suficiente para a despesa que há.”

Um desses casos de desaparecimento mais célebres dos últimos anos é o da pastelaria Suíça, considerada um símbolo da capital portuguesa, que encerrou as suas portas em 2018. Fundada em 1922, a Suíça foi um dos cafés de culto em Lisboa, que evocava os tempos de tertúlias políticas durante o regime ditatorial. Na origem do seu fecho, esteve o facto de o edifício onde se localizava ter sido comprado por fundos estrangeiros.

Além da pastelaria Suíça, são já vários os casos de espaços icónicos da cidade que encerraram portas, onde as causas se prendem, em muitos dos casos, com o aumento de rendas. É o caso da Sul América, no bairro de Alvalade, que encerrou portas em 2016, ao fim de 56 anos de existência, depois um aumento no valor do arrendamento, de acordo com notícia do Diário de Notícias. No mesmo bairro, também a Biarritz, ali fixada desde 1962, fechou portas em 2018.

A pastelaria Suíça, a par de outras, ainda se candidatou ao programa Lojas com História, criado pela Câmara Municipal de Lisboa em fevereiro de 2015. Na apresentação deste projeto, pode ler-se que o mesmo é «movido por um sentido de urgência na preservação e dinamização deste património, sabendo que nele reside uma parte relevante da identidade e carácter da cidade e que é, ao mesmo tempo, um importante mecanismo social e económico para o seu desenvolvimento».

Paulo Ferrero, cofundador do Círculo das Lojas de Carácter e Tradição de Lisboa realça que a perda de alguns destes espaços são “efetivamente uma perda da memória e patrimonial significativa”, acrescentando, porém, que muitas deles «já estavam descaracterizadas do que eram originalmente e que tinham vindo a perder qualidade».

Com esta plataforma, Paulo, juntamente com residentes da cidade de Lisboa, pretendem “empurrar a Câmara Municipal para apoiar de forma incisiva esses espaços e lojas mais antigos”. O programa Lojas com História é resultado também dessa pressão, sustenta.

A verdade é que esta tendência não se observa somente na capital portuguesa. Um pouco por todo o país, são muitos os espaços que desapareceram ao longo dos últimos anos, por força de uma má gestão ou pelo aumento das rendas. A morfologia das nossas cidades não é indiferente a essa mudança: nem sempre o passado alcança o futuro.

Este artigo foi originalmente publicado no número 28 da Revista Gerador, disponível numa banca perto de ti ou em gerador.eu.

Texto de Ricardo Ramos Gonçalves

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