A Biblioteca de Arte da Fundação Gulbenkian inaugura, esta sexta-feira, uma exposição inédita dedicada à jornalista, escritora, pedagoga, investigadora, tradutora e fotógrafa Maria Lamas, que viveu entre 1893 e 1983.
A mostra, patente até 28 de maio, apresenta retratos de mulheres incluídos na obra "As Mulheres do Meu País", publicada em fascículos entre 1948 e 1950. "Optando por um misto de estrutura geográfica do país com a diversidade ocupacional das mulheres, Maria Lamas retratou mulheres do campo, da serra, da orla costeira e do mar, nas docas, nas minas e nas fábricas, mas também professoras, enfermeiras, empregadas dos Correios, domésticas, serviçais, mães solteiras, prostitutas, entre outras", refere a Fundação Calouste Gulbenkian, em comunicado às redações.
São, na quase totalidade, retratos de corpo inteiro, entre "individuais, de pares, trios e grupos", às vezes captadas em pleno trabalho ou em sintonia com a paisagem circundante, "fazendo de cada mulher a representante da sua profissão e modo de vida", é também dito. "As mulheres apresentam-se inteiras e autênticas, sem disfarces ou pretensões, com a solidez admirável da estatuária."
O curador Jorge Calado incluiu, nesta exposição, uma seleção de 67 fotografias, maioritariamente provas vintage (da época), de pequenas dimensões, mas também algumas ampliações. Além destas, serão expostas provas da época de outros fotógrafos incluídas na obra "As Mulheres do Meu País", como Lyon de Castro, Artur Pastor, Domingos Alvão, Maria Mendonça e Júlio Vidal.
Na Biblioteca de Arte da Fundação Gulbenkian, sempre entre as 10h e as 18, serão também mostrados objetos pessoais de Maria Lamas, bem como o retrato pintado por Júlio Pomar, em 1954, e o busto em gesso esculpido, em 1929, por Júlio de Sousa. Há ainda uma secção destinada à obra literária e jornalística de Lamas.
Esta será a primeira apresentação em Portugal do trabalho fotográfico de Maria Lamas, lutadora pelos direitos humanos e cívicos durante o Estado Novo, bem como a primeira exposição individual da autora. Para o curador da mostra, Jorge Calado, “a mais notável mulher portuguesa do século XX”.
Acompanhando a exposição, que tem entrada livre, será editado um catálogo bilingue - em português e inglês - que reproduz as fotografias patentes, cada uma em página inteira, com textos do curador, Alexandre Pomar, Raquel Henriques da Silva e Alice Vieira.