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Pergunta da Sorte com Tiago Nacarato

Tiago Nacarato, cantor, vive no Porto e viu a música surgir na sua vida por…

Texto de Andreia Monteiro

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Tiago Nacarato, cantor, vive no Porto e viu a música surgir na sua vida por influência do pai, que é músico. Tem uma banda, a Bamba Social, em que junta um coletivo de músicos luso-brasileiros que revisitam clássicos da música brasileira, os quais recriam e acrescentam novas sonoridades. Foi com a sua participação no concurso The Voice Portugal que ganhou atenção mediática, desde logo na «prova cega» em que cantou o tema “Onde Anda Você”. Com um disco de originais à espreita, já nos presenteou com os singles “A Dança” e “Tempo”, em que conta com a participação de Salvador Sobral.


Aproveitando uma visita do Tiago Nacarato a Lisboa, fomos jogar à Pergunta da Sorte. No momento da entrevista, ainda faltava mais de uma semana para se estrear em concerto no Centro Cultural de Belém (CCB). Mas a sua publicação ainda vai a tempo de ser lida antes dos concertos no Porto e Coimbra, a 30 de janeiro e 1 de fevereiro, respetivamente. Decidimos encontrar-nos nos jardins da Gulbenkian, numa manhã que nos recebeu com um sol sorridente. Acabamos por nos sentar num dos relvados, junto a um café, rodeados por patos. Enquanto montava o jogo, o Tiago sentou-se mostrando agrado pelo sol que nos recebia naquela manhã. Jogo montado, é hora de explicar as regras. O Tiago lança o dado, que acaba por nos revelar o número três e nos leva à casa do Pessoal, onde as cartas fazem perguntas sobre a vida pessoal do artista.

Pessoal: O que mais repudias numa pessoa e o que mais gostas?

Tiago Nacarato (TN): O que mais repudio numa pessoa é a falta de educação e a falta de sensibilidade. O que mais gosto é o sentido de humor. Isso é a melhor coisa do mundo. Acho que respondi, não?

Andreia Monteiro (AM): Sim!

Prontos para a próxima tarefa, o Tiago lança o dado, que exibe o número quatro. Chegamos à casa da Carreira, onde as cartas revelam perguntas sobre a vida profissional do artista.

Carreira: O que podemos esperar do projeto em que estás a trabalhar agora?  

TN: Podem esperar canções que são escritas, porque sinto e vivo coisas. Portanto, tento traduzir na música aquilo que eu sinto, o que é, de certa forma, abstrato e eu tento torná-lo concreto com a música. Mesmo a música sendo abstrata, é sempre uma linguagem e as pessoas percebem. Claro que depende de cada interpretação, mas é isso. Uso a música para conseguir extrair algum tipo de sentimento que uma ação, ou um encontro, tenha suscitado em mim.

AM: Então as tuas músicas costumam ser autobiográficas?

TN: Sim, quase todas. Há vezes em que faço só exercícios como o de me encaixar noutra pessoa, ou o de escrever só por escrever. Mas as que tenho no meu projeto são músicas autobiográficas.

AM: Já sabes quando vai sair o teu disco de originais?

TN: Ainda não sei. Espero que seja entre fevereiro e março. Era bom que saísse neste primeiro trimestre, mas como é uma coisa muito inconstante e eu sou muito indeciso… (risos).

AM: Este primeiro trimestre está reservado para toda a gente. Há imensos músicos incríveis que vão lançar discos agora.

TN: Pois é. O que é bom e mau ao mesmo tempo, porque quer se queira, quer não, há sempre uma competitividade da atenção de um público que possa ser o mesmo.

AM: Mas também são amigos, e isso resolve-se. Por exemplo, o Salvador Sobral também vai lançar o disco em março.

TN: Não sabia! Mas ele está com músicas inacreditáveis! Já foste a algum concerto dele?

AM: Sou uma grande fã, por isso vou sempre que posso!

TN: Fogo… o gajo é incrível! Ainda no outro dia estive no casamento do Salvador e ele mostrou duas ou três músicas novas que vão estar no disco, e eu fiquei pasmadíssimo! Tenho muita sorte em poder tocar com ele.

AM: Vi-vos no EDP Cool Jazz!

TN: Gostaste?

AM: Muito!

TN: Adorei aquilo! Foi espetacular e foi o nosso primeiro encontro. O gajo é um animal de palco.

AM: Sem dúvida. Aprendo imenso sobre música quando vou aos concertos dele. É uma das razões pelas quais gosto. Vou lá para aprender, literalmente.

TN: Também tocas?

AM: Huuuum… mais ou menos. Tenho alguma vergonha em mostrar.

TN: É só perceberes que toda a gente é mesmo boa a ser aquilo que realmente é. Depois de perceberes isso, tudo se torna mais fácil.

Com menos vergonha do que eu, o Tiago avança no jogo. Cinco casas à frente, damos de caras com mais uma pergunta sobre a Carreira, o que o deixa satisfeito, pois não quer é calhar na casa das maluquices (que é como quem diz, no Sê Criativo).

Carreira: O que menos gostas de fazer na tua profissão?  

TN: Talvez andar de avião. A parte dos aeroportos. Quando estive no Brasil isso custava-me um bocado, porque lá tudo é muito longe. Fiz uma míni tour lá. Por exemplo, do Rio de Janeiro a Fortaleza são três, ou quatro horas de avião. Mas a parte mais chata é fazer o check-in e o check-out. Acho que o que menos gosto são as viagens em si.

AM: Já que falaste no Brasil, aproveito para falarmos disso. Disseste no teu perfil de Instragram que esses foram concertos que te encheram o coração. Foi muito especial para ti ires até lá?

TN: Como deves imaginar, foi uma coisa louca. Primeiro, porque fui muito bem-recebido e já ia para lá com boas casas esgotadas, o que, quer queira, quer não, dá uma certa confiança e pica. Uma vontade de ir. Depois, porque sinto que o meu reportório faz muito mais sentido lá. Se calhar por o meu pai ser músico e brasileiro, por as minhas raízes serem essas. O povo português não tem tanto essa cultura da música brasileira, mas lá todas as músicas faziam muito sentido. Fui muito bem-recebido! Foi espetacular. Prosseguimos?

AM: Sim!

Desta feita, o dado manda-nos avançar uma casa. Voltamos a ter uma pergunta Pessoal.

Pessoal: Qual foi a coisa que te disseram que mais te marcou até hoje?

TN: Nestas viagens ao Brasil, aconteceu uma coisa muito engraçada. Apesar do barulho quando eu chegava, ou quando se abriam as cortinas, quando acabava os concertos, seiscentas pessoas ficavam numa fila durante horas para tirar uma fotografia, o que acho fantástico. Uma dessas pessoas veio ter comigo e tinha o aspeto de ter sessenta anos. Mas devia ter mais, porque era indígena e normalmente essas pessoas têm uma pele muito bem tratada. Uma coisa que me marcou muito foi ela dizer-me que tinha vindo da Amazónia de propósito para me ver. No meio daquela gente toda, em que há um certo automatismo, porque dei dois concertos no mesmo dia, e estava ali a tirar fotografias com seiscentas pessoas, que é uma coisa muito cansativa, do nada acontece uma coisa dessas! Uma pessoa que vem de longe de propósito para te ver… é uma coisa muito especial. Acho que nunca me vou esquecer disso.

Finda a partilha, volta a lançar-se o dado. Avançamos quatro casas e temos outra pergunta sobre a Carreira. Parece que começa a haver uma certa tendência profissional neste jogo.

Carreira: Qual foi a maior peripécia que te aconteceu num dia de trabalho?  

TN: Não posso contar a maior de todas, porque me ia deixar muito mal (risos). Mas deixa-me ver qual seria a segunda. Uma das maiores peripécias que aconteceu foi aquela fake news, que se passou no Brasil, de eu ter sido apanhado com droga, por exemplo. Na verdade, não fui eu, mas a pessoa que estava comigo. Estava a caminho do aeroporto para ir para São Paulo, para os últimos dois concertos, e realmente isso acabou por ser uma peripécia muito grande. A polícia acabou por mandar parar a pessoa que me levava, e eles quiseram ver-me primeiro. Eu estava tranquilo, porque não costumo fumar. Não é uma premissa para mim. Quando lhe perguntaram se ela tinha, disse que não com uma cara de quem dizia o contrário. E, pronto, isso é uma peripécia que vai ficar para a minha vida, porque mesmo eu não tendo culpa de nada, vivi aquilo. De repente, estás numa esquadra no Brasil. Perdi o voo para São Paulo, sabes? Foi um bocado chato numa viagem que estava a ser perfeita. Também tinha de haver alguma coisa para equilibrar (risos).

AM: Claro. Não pode ser tudo bom (risos). Como é que te estás a habituar a essa atenção mediática que surgiu após a tua participação no The Voice?

TN: É uma faca de dois gumes. É bom, mas também é um bocado chato. Por exemplo, ontem estava no samba e não consigo estar a conversar, sabes? Quero estar um bocado mais livre e tenho pessoas a tirarem fotografias e a filmarem. Isso é a parte chata, mas ao mesmo tempo é bom estares na rua e as pessoas dizerem que gostam de ti. É fixe! Vais na rua a andar e dizem-te, "Olha, gosto muito do teu trabalho", ou "gosto muito de ti". Muitas vezes não conseguem separar uma coisa da outra. Estou a dar-me bem e mal (risos). Mas é importante para nós como artistas termos essa visibilidade. A única maneira que temos de chegar às pessoas são os media. Acho que o YouTube e essas coisas são fixes, porque nem todos passam na  Rádio Comercial ou na RFM, que são as rádios com maiores audiências e, por isso, as mais influenciadoras, e, com essas plataformas alternativas podem combater isso. Permite que pessoas que têm músicas de nicho, como, por exemplo, o Salvador Sobral, apesar dos pesares, consiga chegar a muita gente. Ou o Janeiro, que está a tentar trazer uma música nova que não tem par e que a Rádio Comercial, RFM, e a televisão, se calhar, não passam e temos o YouTube como fuga.

AM: Assim facilita um bocadinho.

TN: Sim, ajuda!

Com um Sê Criativo à espreita, o Tiago pede para não calhar lá. Teve sorte. Quatro casas à frente vamos parar a uma Pergunta da Sorte, em que posso fazer a pergunta que escolher na altura.

Pergunta da Sorte: Esta pergunta é sobre a tua canção do “Tempo. O amor só o é quando se deixam de conceber portas, ou regressos e partidas?

TN: Adoro essa perceção! Adoro essa interpretação e era uma das coisas que eu queria dizer com a canção. Ou seja, porquê abrir e fechar portas e não simplesmente deixar que elas não existam? Deixar que seja uma dimensão um pouco maior, que não haja paredes e que o amor seja realmente definido pela verdade que o dita. Ou seja, se eu te amo, vou amar-te para a minha vida toda independentemente das coisas que aconteçam, carnais ou não. Adoro essa interpretação por causa disso. É exatamente isso. Porque é que estás a abrir ou fechar uma porta se o cenário perfeito é não as ter? É exatamente isso! Fogo, chegaste mesmo lá. Foste tu que fizeste essa pergunta?

AM: Fui (risos). Acho que essa é uma mensagem muito importante. Uma vez uma pessoa disse-me que o amor para o ser, tem de ser recíproco. Ou seja, eu não posso amar se não me amarem também. Que isso seria outra coisa qualquer, não amor. Desde então que, de vez em quando, me vem essa frase à cabeça, porque ainda não a encaixei em mim. Ainda não lhe encontrei sentido, porque acredito no que me disseste. Não é por uma pessoa não me ver da forma que a vejo que diminui o meu sentimento, ou o torna em algo doentio ou feio. Pode acontecer isso. Mas também pode simplesmente ser algo bonito em que, acima de tudo, queres o bem-estar daquela pessoa. Não é? É o que dizes na canção. Deixar partir e ser feliz. Se tiver de regressar, regressa.

TN: Sim! Há um poema que te tenho de ler. Conheci o poema depois de conhecer a música e faz todo o sentido. É um poema de Jacques Prévert, chamado Canção do Carcereiro. Acho que tem um bocado a ver com esse tipo de liberdade. Deixar de haver portas e simplesmente amar.

AM: Sim, claro! Acho que é a forma mais bonita e pura de amar. Caso contrário, é posse. Não é amor.

TN: Exatamente. Mas as pessoas confundem facilmente. Estão muito autocondicionadas. A sociedade assim o dita. Tens de ter uma família, aos trinta tens de ter um filho. E isso faz com que muitas das pessoas que não têm pensamento crítico cresçam com esse sentido de vida e que realmente precisem de ter alguém ao lado e que isso seja uma constante.

Entretanto, a meio do jogo, junta-se a nós o Miguel Camelo, que pede para o Tiago conseguir o número doze da parte do dado. Avançamos cinco casas e temos mais uma Pergunta da Sorte. Enquanto decido a pergunta a fazer, o Tiago pede ao Miguel para ir buscar três sumos de frutos vermelhos ao café, para nos ajudar a acabar esta viagem.

Pergunta da Sorte: Numa entrevista disseste que “hoje em dia, a intensidade dos momentos é cada vez menor e que parar para ouvir poesia é quase um insulto ao ritmo frenético da sociedade atual”. Como achas que se pode combater esta realidade para os ouvintes? 

TN: Acho que a única forma de combater isso é propor isso às pessoas. As pessoas que, de certa forma, se sentirem seduzidas por isso, vão querer fazê-lo e fazem-no. Estava a conversar ontem com uma realizadora exatamente sobre isso. Há um desenvolvimento social e tecnológico que faz com que as pessoas se movam de uma certa forma. Essas coisas de as pessoas estarem sempre olhar para o telefone, sinceramente, para mim não é bom nem é mau. É o que acontece. Como caminhamos sempre para o desconhecido e temos sempre medo do escuro, do que não conhecemos, ou não percebemos, estamos sempre a fazer um julgamento. Se é bom ou mau quando, no fundo, não é bom nem mau. É o que acontece. Então, tentar influenciar a sociedade dessa forma para mim é tentar fazer um contraponto que não faz grande sentido. A não ser que a pessoa queria realmente ouvir. A minha sugestão, para haver uma sugestão, é não tentares seduzir as pessoas, mas sim existir para que as pessoas te escolham. Fazer um contraponto. Não fazer uma música porque está na moda, mas se calhar pegar numa guitarra e fazer uma música com um poema. As pessoas até aceitam isso.

AM: Até porque há momentos para as diferentes escolhas.

TN: Exatamente! E com a Internet, com esta forma de ouvir e viver, consegues ir num transporte e não te apetecer ouvir um beat, mas uma música que te transporte para um lado diferente. Por isso, de certa forma é só existir.

É altura de voltarmos a lançar o dado. Cinco casas à frente, temos mais uma Pergunta da Sorte. Embora goste de ter a oportunidade de fazer as minhas perguntas, confesso que estou ansiosa que o Tiago calhe no Sê Criativo.

Pergunta da Sorte: É-te fácil dares-te à dor de seres quem és?

TN: Acho que é preciso uma maturidade muito grande para tu aprenderes que tu és mesmo bom a ser aquilo que realmente és. Fui para Barcelona passar um fim de semana, até Monserrate. Já foste?

AM: Não.

TN: É uma coisa lindíssima, uma montanha com mil metros de altitude, com um desenho incrível. Tem lá um museu e, enquanto estava na fila para entrar, vi um livro de ilustração. Era uma ilustração de um menino chamado Simão que estava muito atormentado com o facto de não saber o que queria ser quando fosse grande. Entretanto ele foi dormir e sonhou que ia ter com uma barata muito grande e a conclusão que ele tirou foi que um gato é um gato e é mesmo fixe, porque é um gato. Ele mexe e vai continuar com tiques que se calhar não gostas, mas vai continuar a fazer isso, porque ele é assim. E tu, sendo tu, vais ser sempre ótimo, porque estás no teu cone de perceção e o que mais te interessa é que as pessoas te aceitem como és verdadeiramente. Mas pegando na tua pergunta, há dor de ser quem és, porque é uma dor. Quando és aquilo que és, vais ser rejeitado, porque estás a ser tu e não estás a pensar no próximo. Acho que esse é o grande truque na vida. O facto de seres sempre sincero ao máximo. Vais ser rejeitado por pessoas que não te interessam, não é? É preciso uma maturidade. É difícil, mas é o que é.

Voltando a lançar o dado, avançamos seis casas, que nos levam a outra Pergunta da Sorte. Porém, vendo o meu desalento por, mais uma vez, se ter livrado do Sê Criativo, o Tiago cede e diz que podemos fingir que fomos parar uma casa à frente. Assim, chegamos à casa do Sê Criativo, a casa que lança um desafio que o convidado tem de resolver de forma criativa.

Sê Criativo: Um amigo teu está triste porque partiu uma unha. Que playlist lhe recomendarias? (sugere, no mínimo, 5 músicas).

TN: Há uma música que se chama “Movimiento”, que é o Jorge Drexler, e fala de que se quiseres que alguma coisa morra, então deixa-a quieta. Nesse sentido, partir uma unha é espetacular, porquês estás vivo. Partiste uma unha, não é nada de mais, estás vivo! É muito maior do que partir a unha. Mais… estou a imaginar músicas contentes para ele esquecer a unha.

AM: Do género: esquece que se partiu!

TM: Sim, esquece a unha. Tens tantas! (risos)

Entretanto, chega o Miguel e, com ele, os três sumos. Brindamos com mais saúde, assim o diz Miguel, que depois se senta ao nosso lado.

TN: Depois pode ser o “” do Tom Zé, que também se encaixa ao dizer que estou bem de baixo para poder subir, estou bem de cima para poder cair. Ou seja, partiste uma unha, estás triste, mas se calhar isso tem de existir para fazer um contraponto com um momento feliz. Mais? Estou a tentar encontrar músicas que tenham uma explicação poética. “A Dança”! (risos) Há outra muito boa também que é do Cartola, o “A Sorrir”, que diz: ‘a sorrir eu pretendo levar a vida, fui chorando, vi a mocidade perdida, no fim da tempestade, o sol nascerá, hei de ter outro alguém para amar’. É fixe, não é? Já vamos em três.

AM: Com “A Dança”, já temos quatro!

TN: Ah pois! “A Dança”, porque há sempre no mundo alguma coisa que te faça feliz.

AM: O que é que te faz feliz?

TN: Quando estou a viver o presente, independentemente do que seja. Uma entrevista, uma boa conversa, fazer amor, ver um filme que me seduza, tocar e estar a tocar mesmo sem estar a pensar no que as pessoas estão a pensar. Isso faz-me feliz, viver o momento presente. Falta uma música, não é?

AM: Falta uma, sim.

TN: Lembrei-me duma, mas é super-triste. Chama-se “Tu Me Acostumbraste” e há uma versão do Caetano Veloso. É uma música que fala em como tu me acostumaste a todas essas coisas e tu me ensinaste como são maravilhosas, mostraste-me como é maravilhoso o mundo, chegaste a mim, entreguei-te o meu coração e depois foste embora e só te esqueceste de me ensinar uma coisa – como é que se vive sem ti? Também pode ser essa e depois dedicas isso à unha (risos).

AM: Ah, claro! Vai crescer outra, mas não é a mesma coisa. (risos)

TN: Pode ser essa para a unha ganhar alguma importância nessa história.

Ultrapassado o desafio, avançamos mais cinco casas, chegando à casa da Carreira. Parece que começa a haver uma certa tendência profissional neste jogo.

Carreira: O que gostavas de fazer que ainda não tiveste oportunidade de concretizar?  

TN: Gostava de tocar no Coliseu do Porto. Gostava de ir tocar a um festival também. Já fui a alguns, mas há outros que também me faziam sentido ir, como o Boom, o Festival Músicas do Mundo de Sines. Conhecer o João Gilberto, mais do que tocar é conhecer uma das entidades mais importantes do meu desenvolvimento como músico. Adorava tocar “O Pato” ou a “Doralice” com ele. Gravar uma coisa com o João Gilberto.

De lista de desejos alinhavada, o dado manda-nos avançar três casas e vamos a outra pergunta da casa Pessoal.

Pessoal: Quem foi a última pessoa a quem disseste “obrigado” e porquê?

TN: A ti não te disse ainda, não é?

AM: Não tens nada para me agradecer, também (risos).

TN: Obrigada pela oportunidade. (risos) Não sei. Digo tantas vezes obrigado. Acho que foi ontem à noite, quando o uber me deixou em casa. Digo obrigado, porque me sinto agradecido de cada vez que alguém faz uma coisa boa, sem uma intenção má. Esta entrevista, para mim, também merece um obrigado, porque te lembraste de mim e está tão bem construída. Este jogo está muito fixe. Obrigada!

AM: Obrigada, também! (risos)

Cada vez mais perto do final, o dado revela o número três, o que me dá a oportunidade de me aventurar com mais uma Pergunta da Sorte, que o Tiago me diz gostar por serem perguntas preparadas.

Pergunta da Sorte: Tens 3 concertos muito especiais marcados e em que levas amigos contigo para palco. Que surpresas podes desvendar sobre isso? (Nota: o concerto em Lisboa já aconteceu, restando o do Porto e o de Coimbra)

TN: Vão entrar dois projetos pessoais. Um revivalismo, que foi a maneira como me apresentei no The Voice e como quase sempre me apresentei antes disso, que é o facto de eu recorrer às músicas do reportório do meu pai, que é músico. Ou seja, vou interpretar músicas doutros e vou também mostrar cinco ou seis músicas novas, que ainda não saíram. Vai ser um concerto com banda, mas com momentos a solo e com convidados super-especiais como Luca Argel, Miguel Araújo, Salvador Sobral e António Zambujo. Vai ser muito amor em cima do palco, muita dedicação e muita vontade. Espero que todos compareçam.

AM: Portanto, vou ficar triste depois desse concerto, porque vou ouvir seis músicas novas que vou gostar e não vou poder ouvir durante muito tempo.

TN: Ah, porque não estão gravadas!

AM: É assim mesmo. O público também sofre um bocadinho.

TN: Pois é, nunca imagino isso, porque tenho contacto com as músicas.

Para o lançamento do dado que se segue, o Tiago faz a previsão do número seis, mas não acertou. Avançamos três casas, mesmo a tempo de mais um Sê Criativo.

Sê Criativo: Faz o trecho de uma música com as 5 palavras que te vou dizer.

Inspirando-me no ambiente que nos circundava, escolhi as palavras pato, jardim, canção, azul e sol. Descobre a linda canção que o Tiago improvisou, e que teve direito à participação especial de um pato que por lá se passeava, no vídeo em baixo.

Ao lançar novamente o dado vamos diretos à Casa Gerador, a casa final do jogo, onde o entrevistado irá responder a uma pergunta da convidada anterior e deixar uma pergunta para o próximo. Ainda se lembram da pergunta da Ana Vidigal? “Pastéis de Nata, ou Pastéis de Belém?” Podes rever a pergunta da Ana aqui. Vê o vídeo em baixo para saberes qual a resposta do Tiago Nacarato e a pergunta que deixou para o próximo convidado da Pergunta da Sorte! Vemo-nos em breve! ;-)

Entrevista por Andreia Monteiro

Se queres ler mais crónicas da Pergunta da Sorte, clica aqui.

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