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Revista Dois Pontos: é possível falar de assuntos sérios a brincar

Há uma nova revista ilustrada para crianças dos 7 aos 11 anos que pretende falar…

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Há uma nova revista ilustrada para crianças dos 7 aos 11 anos que pretende falar sobre assuntos sérios com a horizontalidade ideal para que sejam compreendidos. Sem tabus, longe de preconceitos e com um apelo ao mundo físico, a Revista Dois Pontos resulta da sintonia entre Sara Szerszunowicz, pintora, ilustradora e escultora, e Ana Lorena Ramalho, formada em filosofia.

Natural da Polónia, Sara Szerszunowicz já vivia em Portugal quando a ideia de criar uma revista para crianças que não as infantilizasse surgiu, ainda que tenha sido numa viagem ao seu país de origem que de repente tudo fez sentido. "Tudo começou quando li um artigo sobre uma outra revista. Numa viagem à Polónia li um artigo sobre uma revista para raparigas (Kosmos) que me pareceu interessante, particularmente pela sua missão de empowerment de raparigas ainda muito novas”, conta ao Gerador. Assinante de revistas desde cedo — com temas tão abrangentes quanto natureza, ciência, arte, atividades e aventura —, Sara notou que em Portugal não existia uma oferta semelhante à que foi essencial para si. E foi aí que entrou Ana Lorena Ramalho.

Ana e Sara já se conheciam e uniram os seus interesses em comum

Convidada por Sara, Ana juntou-se ao desafio e ficou como responsável editorial. Juntas começaram por definir o que queriam fazer, da missão aos objetivos e o caminho para lá chegar. "Acabámos por definir uma missão que vai muito para lá da criação da revista, com o objectivo de nos dar um referencial, uma direcção a seguir”, explica Sara. Um plano de negócios para “ ter noção da viabilidade” foi um dos pontos iniciais, que acabou por confluir em conversas com pais “para perceber quais as suas preocupações”.

Depois de criarem um protótipo que posteriormente foi testado com crianças, ouviram professores e psicólogos e tentaram retirar de todo o feedback que foram recebendo as diretrizes para que tudo desse certo e pudessem passar ao processo de desenvolvimento da revista. Recentemente lançaram uma campanha de crowdfunding, que podes consultar aqui, que, segundo Sara, permitiu “confirmar o interesse real das pessoas” pela revista, “bem como financiar parte dos custos de lançamento do projeto”.

Olhar o mundo (fora dos ecrãs) para o pensar

A organização da revista divide-se em secções temáticas, que acabam por aprofundar o tema central de cada número — Ciência, Problemas (Saúde Mental), Estórias para Ler, Banda Desenhada, Puzzle Lógico, Jogo e Receitas são algumas delas. Ana está responsável pela componente editorial e Sara pela componente visual e juntas formam a “equipa base” à qual se juntam outros colaboradores, cuja identidade têm vindo a partilhar na sua conta no Instagram.

Logo desde a primeira edição, os tabus são desconstruídos no papel — dos “macacos do nariz” à saúde mental. Ana acredita que “é precisamente durante a infância que se podem naturalizar determinados temas que facilmente são "ignorados” ou não abordados, por questões de estigma social ou desconforto”. Da parte da Dois Pontos, explica, assumem "esta missão de contribuir para o diálogo, de estimular a análise crítica das crianças e de lhes dar vocabulário e diferentes perspectivas que podem não ter no seu background social, familiar ou escolar”. "Havendo comunicação, as barreiras podem sempre ser quebradas”, sublinha.

https://www.instagram.com/p/B3rXX7xpv6v/

Sónia e Francisco são os responsáveis pela secção Sabores e Receitas

Mesmo com um apego cada vez maior das novas gerações às tecnologias, Sara e Ana arriscaram no papel como ponto de partida para desafiar os leitores a olhar o mundo à sua volta, fora dos ecrãs. “A decisão de criar uma revista em papel foi fácil”, conta Sara. Apesar de ser "muito menos rentável", "uma revista em papel permite que as crianças saiam da frente dos ecrãs e que tenham algum tipo adicional de actividade offline". Adicionalmente, a revista promove várias actividades também offline e que consideram "importantes para o desenvolvimento psicológico e cognitivo” dos mais novos, como por exemplo actividades manuais, receitas e passeios, "dando a conhecer às crianças o mundo fascinante que está à sua volta, sempre disponível desde que queiram vê-lo”.

Do papel para a oficina, da leitura para a prática

As atividades offline são uma dinâmica importante para a Dois Pontos, tanto no momento de leitura como no que daí poderá surgir. Ana conta ao Gerador que desde o começo que fez sentido “complementar a revista com oficinas, workshops e atividades com as crianças” que tenham como ponto de partida os temas abordados no papel. "Sabemos que este tipo de publicação tem de existir numa interactividade constante com o seu público-alvo, de outro modo corre o risco de se afastar da realidade das crianças”, explica a co-fundadora do projeto. É neste sentido que estão em contacto com escolas, bibliotecas e outros espaços de literária infanto-juvenil, onde consigam pôr em prática as ideias que já têm.

A literacia é, na verdade, um ponto importante para a Dois Pontos. "Queremos potenciar o pensamento crítico das crianças e dar-lhes ferramentas para lidar com o mundo que as rodeia. As tecnologias e os media, para o melhor e para o pior, são algo inevitável e fundamental no mundo de hoje, e sem literacia mediática é fácil uma pessoa não saber como navegar esse mundo”, refere Ana.

Para manter um contacto próximo com os leitores, pretendem desafiar os leitores a juntar-se a uma comunidade online em que possam partilhar as suas experiências do mundo offline, dar feedback sobre o projeto e participar em desafios lançados pela Dois Pontos.

“Contribuir para a felicidade e desenvolvimento das crianças estimulando o seu pensamento crítico, criatividade e autoconfiança” é a missão assumida pela Dois Pontos. Até ao dia 2 de dezembro é possível contribuir para a concretização do projeto através da campanha do PPL que dispõe de seis formas de apoio com diferentes montantes e recompensas, que podes consultar aqui

Texto de Carolina Franco
Fotografias da cortesia da Revista Dois Pontos

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