O Gerador desafiou a equipa Herchive para dar a conhecer o seu projeto através duma seleção de cinco artistas portuguesas, na Revista Gerador 31.
Para este conjunto de imagens, tiveram o cuidado de escolher um leque variado de artistas que representassem tanto formas de expressão como contextos sociais diversos. Da contemporânea Paula Rego à artesã Rosa Ramalho, viajaram de Norte a Sul em busca de artistas que marcaram a cultura portuguesa.Para além da equipa fundadora do Herchive, Bárbara Fonseca, Inês Costa e Patrícia Mafra, também participam neste desafio duas artistas convidadas.
Agora, damos-te a conhecer um pouco mais sobre cada uma destas artistas ilustradas pela equipa Herquive.
Helena Almeida
Nascida em Lisboa, em 1934, Helena Almeida foi uma artista contemporânea de renome internacional.
Em 1955, concluiu o curso de pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e em 1964 mudou-se para Paris, onde passou a ter contacto com o movimento abstracionista. Ao voltar para Lisboa, em 1967, fez a sua primeira exposição individual. Ao questionar os limites espaciais da pintura, as obras expostas apontavam para o que futuramente se viria a tornar a base do seu trabalho.
A partir do final dos anos 60 fez uso da auto representação como um exercício de investigação sobre a relação entre espaço, corpo e obra. Foi na união entre desenho, pintura, fotografia e performance que o trabalho de Helena Almeida ganhou contorno e se destacou.
Ilustração Paola Saliby
Maria Keil
Nasceu em Silves em 1914 e fez parte da segunda geração de pintores modernistas portugueses.
Maria Keil é autora de um vasto espólio artístico caracterizado pela sua diversidade técnica. Destaca-se na ilustração e no trabalho que desenvolveu com o azulejo português.
Aos 15 anos deixou o Algarve para estudar na Escola de Belas Artes de Lisboa mas ficou desapontada ao perceber que o método de aprendizagem se focava em fazer cópias de outros trabalhos decorativos.
Foi depois de casar com o arquitecto Francisco Keil do Amaral que o seu círculo criativo se alargou e consequentemente o seu conhecimento artístico.
Foi no início da década de 50 que Maria Keil começou a trabalhar com o azulejo.
A extensa colaboração com o Metropolitano de Lisboa foi um dos projetos mais longos em que trabalhou. De 1957 a 1972 a artista desenhou os painéis de 5 das primeiras 6 estações de metro de Lisboa.
Apesar de na época os azulejos serem vistos como uma arte menor e de baixo perfil, Maria Keil dedicou-se ao projecto com dedicação e visão, desempenhando um papel crucial na renovação da arte do azulejo contemporâneo em Portugal.
Ilustração Margarida Mouta
Mily Possoz
Mily Possoz (1888-1968),
ou Emília Possoz, foi uma artista da primeira geração de pintores
modernistas portugueses. Autora de uma vasta obra artística que
passa pelo desenho, pintura, gravura, ilustração, entre outros.
Filha de pais belgas, nascida nas Caldas da Rainha, Milly Possoz mudou-se em
criança para Lisboa onde beneficiou de uma excepcional educação artística,
nomeadamente em pintura, tendo frequentando o atelier da pintora Emília dos
Santos Braga, por onde passaram várias artistas incluindo a sua amiga pessoal
Maria Helena Vieira da Silva.
Aos 16 anos, continua a sua aprendizagem fora do país, em Paris, frequentando a Académie de La Grand Chaumière, na Alemanha, onde aprendeu gravura com o Willy Spatz, na Bélgica e na Holanda. Em 1909, regressa a Portugal e integra o movimento modernista emergente. Participa em várias exposições individuais e coletivas, inclusive com a artista e amiga de longa data Alice Rey Colaço. Destacou-se por ser a única presença feminina na II Exposição de Humoristas, em 1913, e nos Cinco Independentes, em 1923, exposições determinantes na afirmação do modernismo em Portugal.
As contribuições de Possoz encontram-se em diferentes áreas. Como ilustradora colaborou em numerosas publicações, criou várias obras para decoração, como no Hotel Tivoli em Lisboa, colabora com a Companhia de bailados Verde-Gaio, assim como algumas raras peças de tapeçaria.
Mily Possoz foi uma proeminente artista do século XX, galardoada com vários prémios artísticos e actualmente com a sua obra presente em várias colecções de fundações e museus.
Ilustração Patrícia Mafra
Paula Rego
Paula Rego é uma artista portuguesa, cujo trabalho é maioritariamente inspirado em contos de fadas e histórias tradicionais
Nascida em Lisboa, deixa Portugal para estudar na Slade School of fine Arts no Reino Unido. Durante os seus estudos torna-se membro do London Group, juntamente com David Hockney, Ethel Sands and Nan Hudson, assim como o seu futuro marido, Victor Willing,
Mudam-se para Portugal onde vivem juntos e tem 3 filhos.
Paula continua a sua produção artística mas sem sucesso comercial. Depois de uma tentativa de negócio falhada e de o seu marido ser diagnosticado com esclerose múltipla decidem regressar a Londres onde se mantêm até à morte de Victor em 1988.
Nesse ano, começa a ser reconhecida como artista contemporânea e tem duas exposições retrospectivas, uma na Calouste Gulbenkian em Lisboa e outra na Serpentine Gallery em Londres.
Paula Rego usa a sua arte como forma de explorar e expressar as suas emoções, usando terapia Junguiana para lidar com a sua depressão. Feminista e defensora da liberalização do aborto desde muito cedo, o seu trabalho está povoado de personagens femininas fortes que confrontam as expectativas da sociedade em relação ao comportamento, corpo e atitudes das mulheres.
Ilustração Bárbara Fonseca
Rosa Ramalho
Nascida em São Martinho de Galegos, Rosa Ramalho foi uma artista folclórica portuguesa conhecida pelas suas figuras de barro, típicas da cerâmica figurativa tradicional da sua região — o Figurado de Barcelos.
A artista começou a trabalhar com barro quando tinha apenas sete anos, ajudando uma vizinha a fazer cestas em troca de algum dinheiro.
O pintor português António Quadros descobriu Rosa Ramalho num mercado e ficou imediatamente fascinado pelo seu carisma e pela forma livre e invulgar que a artista tinha de manusear o barro.
Rosa Ramalho dava forma às suas figuras inspirando-se no quotidiano, na religião, no fantástico e no profano.
As suas primeiras figuras eram em chacota, pintadas com tintas não cerâmicas ou mesmo deixadas por pintar. Foi só mais tarde que a artista começou a usar o vidrado. Cozia as peças numa fábrica perto de sua casa e mais tarde no seu forno a lenha.
Abandonou a arte da cerâmica durante o período em que foi casada Rosa Ramalho, tendo trabalhado como moleira.
Depois da morte do marido, perto dos seus setenta anos, voltou a dedicar-se ao barro e às suas figuras.
No entanto, muitos acreditam que Rosa Ramalho nunca parou e que enquanto casada trabalhava com o barro nos seus tempos livres.
Ilustração Inês Costa
Podes ver todas as ilustrações na Revista Gerador de junho de 2020.