Braga recebeu durante cinco dias uma das maiores festividades da cidade. A Braga Romana voltou a agitar o centro histórico com as famosas barracas de ofícios, eventos culturais e teatralização de costumes e hábitos da época romana. Milhares de pessoas viajaram no tempo e exclamaram Salve, César!
Desde manhã até à noite que a cidade vestiu os trajes romanos para receber uma nova época festiva. Pelas ruas, juntaram-se músicos, atores, figurinos, voluntários e vendedores para recriar a famosa Bracara Augusta. Nestes dias, prestou-se homenagem ao imperador César Augusto com eventos culturais em vários pontos da cidade.
O desafio é sempre o mesmo: “Fazer uma recriação histórica numa cidade que foi sendo constantemente alterada ao longo dos anos e dos séculos”, referiu a vereadora da Cultura de Braga, Lídia Dias. Ainda assim, “por força das circunstâncias, teve de se fazer algumas alterações” em relação a anos anteriores. No entanto, isso não afastou os bracarenses nem turistas, que continuaram a marcar presença a cada dia.
Pelas ruas mais importantes do centro, espalhavam-se pequenas barracas que davam vida a tradições do passado. Entre a multidão, aprendia-se a fazer bijuteria e testavam-se espadas; apreciava-se a vida desafogada do império enquanto se assistia a espetáculos de teatro romano; e provava-se a gastronomia ao mesmo tempo que se ouvia a discussão no senado de Bracara Augusta. Além da recriação histórica, era possível comprar no mercado romano. Vendiam-se frutos secos, licores de todos os sabores, recordações de época e produtos medicinais. Pela famosa rua da Sé, encontravam-se as barracas dedicadas ao mundo esotérico, com leitura de mãos e sinas.
O acampamento militar, que este ano mudou de local com o objetivo de mobilizar os visitantes para outras ruas da cidade, continuou a ser um dos pontos mais marcantes da cidade romana revivida, com algumas exposições militares. No centro, permanecia a estátua de César Augusto – não fosse o imperador a personagem principal das festividades.
As aves exóticas fizeram furor entre os mais pequenos que veem nesta reconstrução uma forma de perceber a história da cidade. Lídia Dias referiu também que “a recriação histórica não tem um fim mercantilista” e, por isso, os fatores do entretenimento e cultura ocuparam a maior parte do tempo das festas. O museu D. Diogo de Sousa foi um dos espaços mais importantes para a partilha da cultura. Este ano, o convidado foi outro: “O Município de Braga entendeu que a água era o elemento com o qual gostaria de trabalhar”, ocupando, assim, um lugar especial na programação.
O Desfile Triunfal, como em todos os anos, foi o ponto alto das cerimónias. Pelas ruas principais desfilaram escolas e instituições com o tema da vida romana como elo de ligação. Aqui reflete-se o caráter inclusivo da festa, sendo que a Braga Romana é esperada todos os anos por muitas instituições de pessoas portadoras de deficiência. Para Lídia Dias, esta inclusão “é muito importante para as pessoas, instituições e para a própria cidade”.
Outros palcos espalhavam-se pelo centro histórico à procura de espectadores. Bandas de música, grupos culturais e companhias de teatro encararam a temática com seriedade. Muitas das produções apresentadas foram em primeira mão e de forma gratuita, o que permitiu uma maior diversidade cultural em diferentes momentos do dia.
Ao longo da programação, prepararam-se visitas guiadas, momentos de encenação teatral e abriram-se museus e exposições com novas experiências. Este é “um evento que já faz parte da vida do concelho”, e já é considerada uma das maiores e mais importantes festas da cidade. Para já, Braga despede-se, mais uma vez, dos tempos romanos. Para o ano há mais.