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Sob ventos de mudança, esta música (clássica) segue embalada pelas vozes do futuro

Quando se olha para o panorama da música clássica e erudita em Portugal, é natural…

Texto de Ricardo Gonçalves

Concerto da Orquestra Sem Fronteiras ( OSF ) no Cine Teatro de Elvas . A Orquestra Sem Fronteiras e um projeto musical que tem como objectivo promover a musica no interior do pais e juntar jovens estudantes de musica das zonas fronteiriças entre Portugal e Espanha e realizar concertos a zonas do interior com pouco acesso a cultura . Elvas , 19 de Outubro de 2019 . ©Enric Vives-Rubio

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Quando se olha para o panorama da música clássica e erudita em Portugal, é natural que alguns nomes mais sonantes venham, desde logo, à memória, ainda que esta não seja uma das áreas da cultura com uma das tradições mais reconhecidas no país. Numa era marcada pela tecnologia e por aquilo que é tendência nas redes sociais, entende-se igualmente o porquê de tantos acharem que esta variante musical é hoje irrelevante, sendo que a programação existente é muitas vezes entendida como excessivamente ritualizada e marcada por códigos que não se coadunam com as forma de fruição contemporâneas.

Existe, no entanto, um 'reverso da medalha'. Não só a música clássica continua a servir de base e inspiração para muita da criação musical (e não só) que se produz atualmente, como têm existido esforços – à boleia, sobretudo, de novos projetos e estruturas – para que a variante saia das suas ‘torres de marfim’ e consiga ligar-se a públicos mais jovens. Por detrás desse trabalho, que começa na mediação cultural, estão jovens músicos, maestros e compositores que lhe tentam dar um sentido renovado. E neste caso, Portugal não é exceção.

André Gaio Pereira, violinista, Fábio Cachão e Mariana Vieira, compositores, Martim Sousa Tavares, maestro, e Sofia Sousa, violetista, são apenas alguns nomes que, de forma destacada, marcam o panorama recente da música clássica em Portugal, com um impacto que se estende além-fronteiras. O Gerador foi ouvi-los, de forma a obter um retrato de uma área que é tão desafiante, quanto competitiva, mas que sem trabalho árduo e continuado não poderia existir.

 A democratização do ensino artístico como fator decisivo nesta renovação
Para a grande maioria destes intérpretes, o primeiro contacto com o universo musical deu-se bem cedo. A entrada no conservatório, em academias de música ou até mesmo em bandas filarmónicas, é um marco decisivo nesses percursos que, numa fase embrionária, funcionam apenas como um hobbie que ajuda a preencher o calendário de cada um. A profissionalização vem depois, sobretudo aquando da escolha por uma formação mais prolongada e exigente.

A compositora Mariana Vieira, que tem apresentado os seus trabalhos em diversos festivais europeus, acredita que para este cenário muito contribui a “crescente democratização do acesso ao ensino artístico especializado”, através do regime articulado, do qual a própria pode usufruir. Por seu lado, André Gaio Pereira, violinista, sublinha que muito desse interesse, que parece ter crescido nos últimos anos, advém da dinâmica das pessoas, com facilidade no “acesso às redes sociais, em viajar e até em estudar no estrangeiro”, o que torna a música, como área profissional e de estudo, mais apelativa.

André Gaio Pereira
© Jorge Carmona/Antena 2

Efetivamente, o crescimento da oferta formativa em Portugal e as inúmeras bolsas de estudos existentes têm possibilitado uma mobilidade mais fácil de estudantes, que procuram obter a melhor formação possível, mesmo que para isso seja necessário sair de Portugal. Foi o caso de André, que durante quatro anos fez a sua licenciatura na Royal Academy of Music de Londres. Já no caso de Martim Sousa Tavares, depois de Portugal, onde concluiu uma licenciatura em Ciências Musicais, pela Universidade Nova de Lisboa, o caminho fez-se por Itália e pelos Estados Unidos. Para o maestro, que, entretanto, regressou a Portugal para lançar a Orquestra Sem Fronteiras (OSF), mais do que uma “geração do ponto de vista demográfica”, há uma “nova corrente de pensamento”, que demonstra como a “área está viva e a ser colocada em questão, o que nos há de levar a coisas novas e excitantes”.

Talento, trabalho e exigência
Muito embora exista, como sublinha Martim, uma nova abordagem de pensamento perante a música clássica – que se tem manifestado, nomeadamente em músicos portugueses, dando como o exemplo o caso da pianista Joana Gama –, a verdade é que a área mantém uma postura algo rígida relativamente à formação necessária para se poder enveredar por uma carreira profissional. Esse é, aliás, um dos fatores que acaba por manter certos padrões de qualidade e que exigem, na grande maioria dos casos, anos a fio de trabalho. Os estudos começam cedo, assim como as apresentações ao vivo, onde o ‘talento’ acaba por ser uma palavra quase sempre presente, mas que nem sempre funciona como garantia de sucesso.

Depois de anos dedicados ao estudo da viola d’arco, Sofia Sousa, que recentemente passou a integrar a Orquestra Sinfónica de Londres, reconhece que o talento tem de existir, mas é preciso dedicação e paixão, caso se queira optar por um percurso profissional a longo prazo. “Quando comecei no Conservatório de Braga, sentia, por vezes, que o caminho parecia fácil, em relação a uma área como matemática, por exemplo. O campo das artes pode ser muito apelativo, mas ter uma carreira é uma questão bastante diferente. Gostaria que estas novas gerações tivessem pelo menos uma grande paixão pela música, porque é preciso uma motivação muito grande para se continuar”, sublinha.

Tanto Sofia, como André, realçam como esta dimensão de se encontrar prodígios e o permanente jogo de comparações entre músicos estão presentes desde sempre, sendo que não deixa de pairar no ar a ideia de se descobrirem novos Mozart’s. É nesse aspeto, aliás, que se abre um precedente que hoje contagia quase todas as áreas de fruição artística. No caso da música clássica isso tem provido um maior interesse, por se dar a conhecer novos talentos, aumentando igualmente o nível competitivo intrínseco a esta área.

Sofia Sousa

Em síntese, André Gaio Pereira acredita que, talvez mais do que nunca, exista muito talento espalhado, mas num cenário que deve ser olhado de forma objetiva. “Podes ser uma pessoa artisticamente profunda, mas se não sabes tocar bem o teu instrumento dificilmente vais ter sucesso. Portanto, mede-se primeiro por uma parte mais técnica, digamos, daquilo que tu consegues tocar e, a partir daí sim, existem os ditos caça talentos, sendo que no mundo da música clássica acontece com gente muito jovem”.

É também por isso que, ao contrário de muitas profissões, uma boa parte dos grandes desafios profissionais sejam enfrentados logo numa fase inicial, o que requer trabalho árduo e contínuo, com níveis de exigência elevados e uma grande capacidade de adaptação. Tendo em conta estas premissas, Mariana Vieira, sublinha, por isso, que a escolha pela música como área profissional será sempre pouco linear: “É uma profissão que envolve constantemente novas situações e novas pessoas, o que exige dos músicos um enorme grau de adaptabilidade. É também uma reflexão constante sobre as nossas procuras artísticas e sobre como as podemos pôr em prática de forma sustentável. No fundo, não temos um caminho, temos vários caminhos possíveis em aberto sobre os quais nos debruçamos. Em muitos casos, seguimos até vários caminhos em simultâneo, exercendo cumulativamente funções de músicos, professores, produtores, técnicos, manager”, advoga.

O interesse das instituições, num país com falta de oportunidades
Neste retrato que é simultaneamente geracional e profissional, constata-se um maior interesse pelos estudos musicais, o que se traduz, por exemplo, num maior cruzamento de géneros, algo que vai de encontro também à ideia de uma renovação de pensamento. Para Fábio Cachão, jovem compositor, que atualmente trabalha com a Fundação Calouste Gulbenkian, existe hoje uma vontade de explorar aquilo que a própria música contemporânea tem proporcionado à chamada música erudita, onde inclusive certos instrumentos acabam por ganhar espaço. “Em contexto académico, há cada vez mais aderência à nossa música e uma vontade grande de se experimentar coisas novas, até porque há instrumentos como o saxofone ou a viola que têm pouco repertório no cânone e que só ganharam mais destaque a partir do século XX”, sustenta.

Esta aderência sentida por Fábio, acaba por dar mote a uma ideia de desconstrução, onde os cruzamentos entre variantes musicais e artísticas acontecem de forma mais natural, capitalizando igualmente novas formas de se pensar na performance em si. André, que entretanto ajudou a fundar o Quarteto Tejo, corrobora a perspetiva, completando: “Descobrimos novos meios, novos caminhos para chegar ao público e novas formas de nos apresentarmos em palco, tudo através da criatividade, mas também da tecnologia”.

Fábio Cachão
©Prémio Jovens Músicos

Não obstante, e regressando ao caso português, Fábio reconhece que tem havido um esforço por parte das instituições culturais em ligar-se aos mais jovens e a estarem atentas ao que se produz em conservatórios e nas academias de música, dando como exemplo os prémios que têm surgido. Uma vez mais, embora reconheça a importância desta tendência, Fábio realça como ainda há muito trabalho por se fazer. “Para além dos prémios para jovens músicos, há workshops de compositores já estabelecidos, mas depois sinto que há poucas plataformas para mostrar o nosso trabalho”, sumariza.

Para o compositor, que em 2015 foi vencedor da 4.ª edição do Prémio de Composição SPA/Antena 2, os desafios surgem muitas vezes depois dos estudos, com a falta de oportunidades. “O problema surge daí para a frente e por isso é que temos imensos colegas que, infelizmente, têm que sair de Portugal ou optar por fazer um mestrado fora para ver se conseguem mais oportunidade, acabando por ficar lá fora quando arranjam lugar numa orquestra ou numa escola”.

Já no caso de Sofia Sousa, essa mudança ocorreu ainda mais cedo, quando foi aconselhada por um professor a estudar em Londres. Em retrospectiva, a violetista sente que essa escolha acabou “por abrir imensas janelas de oportunidade”, ainda que não coloque o ensino em Portugal num nível abaixo em termos de qualidade daquele que é praticado no Reino Unido. “Simplesmente, aqui encontra-se um sistema com mais experiência e uma variedade cultural quase imbatível”, acrescenta.

Pela sua experiência no ensino português, Mariana Vieira considera que há um desfasamento entre o número de alunos que se formam e as oportunidades que o mercado proporciona: “Em Portugal, não há mercado de trabalho para tantos profissionais. Formam-se dezenas de profissionais todos os anos que ou não têm um lugar numa escola, ou numa orquestra, ou não têm suficiente trabalho enquanto freelancers”. Neste panorama, a compositora que em 2017 foi escolhida pela Orquestra de Câmara Portuguesa como compositora Jovem Orquestra Portuguesa sustenta, “muitos dos músicos que terminam os seus estudos enveredam por uma carreira enquanto professores, que não é (nem deve ser, na minha opinião) impeditiva de continuar a construir um percurso artístico. Existem cerca de uma centena de escolas do ensino artístico especializado de música, mas somos tantos profissionais que é difícil haver lugar para todos”.

Mariana Vieira acompanhado pelo maestro Pedro Carneiro e a Jovem Orquestra Portuguesa
©Kai Bienert

A falta de investimento e a procura por novos formatos de apresentação
Num contexto em que se vão sentindo cada vez mais mudanças, Martim Sousa Tavares considera que o trabalho desenvolvido nos últimos anos, por estruturas e músicos portugueses, tem vindo a esbater os preconceitos que ainda envolvem a música erudita e a sua aura de inacessibilidade. É neste contexto que tem trabalhado, através da OSF, com músicos ainda em fase de aprendizagem, dinamizando momentos de apresentação em locais, em especial aldeias e vilas em zonas de baixa densidade populacional que, habitualmente, não têm acesso a este tipo de oferta.

“Temos de ser nós a defender esta forma de arte através da educação e da formação de públicos”, explica-nos o maestro, que nos conta a história de um dia ter tido uma apresentação da orquestra no salão de festas de uma aldeia, onde existia uma bola de espelhos. “Lembro-me de olhar para aquilo e pensar: «conheço tanta gente que não aceitaria tocar aqui só por causa desta bola» … precisamos de ter a certeza de que o conteúdo que oferecemos é bom e que não está dependente da sala. Se eu pedisse para tirar a bola de espelhos, estaria a reencarnar o estereótipo que eu não quero que exista na música clássica”, frisa.

Martim Sousa Tavares
©Enric Vives-Rubio

Do mesmo modo, Mariana reconhece o esforço e a necessidade de se encontrarem formas menos ritualizadas de apresentação: “Concordo que tem havido um esforço por levar a música erudita ocidental para fora das salas de concerto habituais. Vejo toda a pertinência na questão, uma vez que a sua existência fechada sobre si mesma não serve propósitos internos nem externos”. A jovem compositora dá como exemplo o que foi feito nos últimos meses, devido ao confinamento, em que se multiplicaram iniciativas online, concertos e podcasts. “Acho que seria importante canalizar a energia que os jovens músicos têm para a continuação de mais iniciativas de caráter educativo em formato presencial, e de uma mais ampla digitalização de um meio que ainda está bastante assente em formatos de apresentação e divulgação tradicionais”, sublinha.

Já André Gaio Pereira salienta ainda que, na ótica das novas gerações, se nada for feito, poderá acentuar-se o desfasamento que já se sente, em que tens “orquestras cheias de jovens a atuar somente para públicos bastante mais velhos”. Neste âmbito, é preciso encontrar soluções, que levem este tipo de músicos ao maior número de pessoas, começando por tirar alguma da solenidade que acompanham estes momentos de apresentação: “Devemos tornar a performance em algo que seja, de certo modo, universal e acessível, porque é a única forma de aproximar as pessoas que nunca tiveram contacto com a música clássica”.

Nesta viagem embalada por vozes que continuarão a destacar nos próximos anos, fica ainda a ressalva de que o problema da falta de investimento em Portugal pode ser determinante, pelo menos para dar a alavancagem a novos projetos que se encontram numa fase inicial. “Isso faz com que seja difícil garantir a sustentabilidade de projetos próprios (por exemplo, projetos de música de câmara) ou com que as estruturas artísticas independentes tenham verba para abarcar tantos profissionais”, destaca Mariana, que vai mais longe, no retrato de uma geração que terá, necessariamente, que continuar a mudar paradigmas: “Creio ser uma geração cujo nível artístico não tem precedentes em Portugal, e na qual se encontram pessoas com histórias, procuras e propósitos artísticos muito diversificados, o que, sem dúvida, traz uma nova vivacidade ao sector”, finaliza.

Texto de Ricardo Ramos Gonçalves
Fotografia de capa de Enric Vives-Rubio / OSF

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