Desde dia 5 de maio que os palcos do Teatro Viriato recebem o trabalho da encenadora e atriz brasileira Janaína Leite. Agora voltada para o digital, a encenadora apresenta entre os dias 13 e 14 de maio sessões individuais e interativas de 20 minutos em formato de palestra performance/conferência online.
Através da plataforma zoom, na quinta-feira (13) "Camming 1x1" e sexta-feira (14) - "Camming 101 Noites" , a encenadora abre ao público as etapas de sua pesquisa através dessas ações de work in process. O segundo espetáculo é também uma estreia, em Portugal. Este trabalho divide-se em dois, resultando de 101 noites de interação erótica como uma verdadeira camgirl, em 101 noites de isolamento. É através desta criação que a encenadora e atriz se debruça sobre o tema da escopofilia (a fruição erótica através da observação de atos ou órgãos sexuais).
A partir da obra "História do Olho", de Georges Bataille, a artista procura investigar alguns temas que podem ser discutidos através da pornografia, como a sexualidade, o erotismo e as representações de género. "Eu gosto de pensar os processos como uma espiral, que vai levanto novas dúvidas e perspetivas. Por isso, acho que a relação da pornografia em 'Stabat Mater' (em que trouxemos um ator pornográfico para o processo) espiralizou em novas perguntas e gerou a experiência de Camming, que é realmente a imersão no universo da pornografia, da masculinidade nestes territórios", refere Janaína Leite em comunicado.
"Stabat Mater" estreou também no dia 7 de maio, no SubPalco, no âmbito do FITEI - Festival Internacional de Expressão Ibérica, a artista apresentou mais dois, todos eles voltados para a memória, realidade e ficção, permitindo ao público refletir sobre o feminino, o lugar da mulher, a sexualidade, a pornografia, o erotismo e questões de representação de género.
Segundo a encenadora "Stabat Mater" é também um texto da filósofa e psicanalista Julia Kristeva no qual investiga a mística de Maria na cristandade ocidental e se pergunta o que é a ideia de feminino".