A máquina, o homem e a existência que se torna cada vez mais independente. A exposição Whispering Mirrors, de Rodrigo Gomes traz às Carpintarias de São Lázaro um “aparato tecnológico hiper-saturado e imersivo que se completa e totaliza como uma espécie de organismo artificial, mas vivo, que se autorreferencia e se autorreproduz”, conforme descrito pela organização, em comunicado. Na mostra, que é amanhã inaugurada, encontramos uma “coreografia de objectos e imagens, num fluxo e reflexos incessantes, e permanentemente mutáveis”.
As peças partem da obra premiada Ariane, na qual é apresentado um vídeo deepfake que problematiza a difusão e consumo de imagens, bem como as possibilidades operadas pela inteligência artificial. Nesta exposição, com curadoria de David Revés, é agora apresentado um conjunto alargado de novas esculturas do artista, que “se poderão constituir enquanto realidades orgânicas independentes do seu observador ao desenvolverem os seus próprios modos de existência, operacionalidade e visibilidade”, de acordo com a mesma fonte.
“Os objetos escultóricos transformados em seres, nas suas múltiplas materialidades e dimensões, vão engolir, filtrar ou refratar as imagens que absorvem todo o espaço, criando uma espécie de respiração ou inteligência animista, dotada de vontade e desejos, que não dependerá de nós, espectadores, para existir”, lê-se, ainda, na nota.


Rodrigo Gomes centra o seu trabalho na relação da escultura com a arquitetura, criando relações físicas e digitais através de conteúdos gerados por computador e sistemas de machine learning. Tem participado em diversas exposições coletivas e individuais nacionais e internacionais e já recebeu vários prémios que reconhecem a qualidade da sua obra.
Whispering Mirrors é a terceira exposição do ciclo de programação das Carpintarias de São Lázaro, intitulada "Para os olhos mas não só", onde a partir das Artes Visuais se promovem os cruzamentos com outras áreas. Um dos objetivos assumidos passa por levantar questões e promover o debate sobre “a nossa relação com a imagem, e os seus contornos ou efeitos na vida em sociedade”. Neste âmbito será também agendada uma conversa aberta ao público que contará com a presença do artista, do curador e alguns convidados.
A exposição - que fica patente até 26 de setembro - é uma co-produção Ocuparte Carpintarias de São Lázaro e insere-se no New Art Fest , um festival de arte e tecnologia sedeado em Lisboa que explora a inovação cognitiva na arte contemporânea em todo o mundo.