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Opinião de Marta Guerreiro

Do ócio

Dia de folga. Hoje parei. Parei em casa e deixei-me ficar. Não foi o ficar…

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Dia de folga. Hoje parei.

Parei em casa e deixei-me ficar.

Não foi o ficar em casa a que me tenho vindo a habituar desde o fatídico março de 2020, mas o ficar em casa porque preciso de o fazer. Em casa, por precisar de nada fazer, apenas deixar os minutos passarem e perceber que o sol vai alto.

Parece um exercício fácil e simples de fazer, mas para mim, que ando sempre com a cabeça a mil e o corpo em acção, é muito complicado. Stresso mais quando me permito não fazer do que quando não páro durante dias, mesmo sentindo que já o faço só porque continuo a exigir isso de mim.

Falo na primeira pessoa, mas tenho sentido em diferentes conversas que esta sensação de calma e vagar, que tanto se fala no Alentejo onde vivo, está longe de se concretizar.

Parece-me que verbalmente incorporamos a necessidade de abrandar e de menos fazer, para que a qualidade de vida, o bem-estar e o estar com os outros possa aumentar, no entanto, na prática não o sinto. As sociedades continuam a ditar a necessidade de “fazer rápido” e não é fácil sair deste ditame. Sou, somos, formigas no carreiro. 

Tenho pensado na ideia de implementar o período de 4 dias semanais de trabalho na associação que coordeno, mas em simultâneo sinto o receio de não conseguir responder laboralmente a tudo e de me tornar ainda mais ansiosa. 

Gostava de ter a calma de parar sem me julgar.

E lá estou eu… comecei a escrever sobre a calma do meu dia e logo o meu pensamento vai para a acção, e eu queria centrar-me na valorização do ócio.

Hoje soube tão bem não fazer nada e aproveitar a calma da casa e perceber que, se me permito a tal, o tempo se prolonga e traz relaxe em vez de pressão!

O não-fazer sem a culpa de me sentir malandra, nem esquecer que não me falta trabalho, mas valorizando a ocupação agradável e despreocupada de um dia de folga. Fruir das boas consequências do ócio.

Aconselho a quem, como eu, não pára a prática deste exercício de vez em quando. Eu já me tinha esquecido de como era fazê-lo, a mim não me correu mal, agora quero continuar a aplicar a receita, acreditando que os resultados serão cada vez mais positivos.

Até ao final do ano espero conseguir fruir de mais momentos de ócio e de calma. Ainda me falta muito “estudo”, é certo, e a aplicabilidade do mesmo, mas vou fazer por subir de nível.

O que faz falta, é mesmo, parar a malta!

*Texto escrito com o antigo acordo ortográfico

-Sobre Marta Guerreiro-

Nasceu em Setúbal de pais com naturalidade nos concelhos de Almodôvar e Castro Verde e cresce numa aldeia perto de Palmela. Aos 19 anos muda-se para o Alentejo, território que não imaginava que um dia poderia ser a sua casa, e agora já não sabe como será viver fora desta imensa planície. Licenciou-se em Animação Sociocultural, vertente de Património Imaterial, onde desenvolveu competências sobre investigação e salvaguarda de tradições culturais e neste percurso descobre as danças tradicionais e a PédeXumbo, dando assim continuidade à sua formação na dança. Ao recomeçar a dançar não consegue parar de o fazer e hoje acredita que esta é, para si, uma das formas mais sinceras e completas de comunicar. A dança tradicional liga-a ao trabalho desenvolvido pela PédeXumbo, onde desenvolve o seu projeto de final de curso com o tema “Bailes Cantados” e a partir desse momento o envolvimento nos projetos da associação intensifica-se. Atualmente coordena a PédeXumbo onde desenvolve projetos ligados à dança e música tradicional.

Texto de Marta Guerreiro
Fotografia de Catarina Silva
A opinião expressa pelos cronistas é apenas da sua própria responsabilidade.

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