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Lusotropicalismo é o nome do projeto que o Gerador vai organizar, de julho de 2022 até dezembro de 2024, que aborda a forma como a sociedade portuguesa tem olhado para o período da colonização. A crença da sociedade portuguesa no mito do Lusotropicalismo dificulta uma discussão urgente sobre a existência de racismo e impossibilita um pensamento aprofundado sobre as possibilidades de reparação histórica.

O Gerador acredita que é urgente que estas reflexões sejam feitas em várias frentes da sociedade e de forma constante, procurando, assim, juntar o seu contributo ao de outras pessoas e entidades.

Este projeto englobará um conjunto de iniciativas pelo país, como reportagens, debates, um estudo junto da população residente em Portugal, um programa de envolvimento com as escolas, o lançamento de um livro aberto, a apresentação de uma biblioteca pública sobre o tema, a criação de formações dedicadas na Academia Gerador, entre outras a anunciar. Clica em baixo para saberes mais sobre cada iniciativa.

 

Vozes que nos ajudaram a pensar

Fizemos três perguntas a personalidades cujo conhecimento e voz importa considerar quando pensamos no tema do colonialismo português

Amina Bawa

Chefe de redação e relações internacionais da revista Brasil Mood

Aurora Almada e Santos

Doutorada em História

Beatriz Gomes Dias

Ativista antiracista, professora e vereadora da Câmara Municipal de Lisboa

Francisco Vidal

Artista Plástico

Joacine Katar Moreira

Historiadora e Política

Leonor Rosas

Deputada na AM de Lisboa pelo Bloco de Esquerda e ativista estudantil e feminista

Mamadou Ba

Dirigente do SOS Racismo

Maria Paula Meneses

Investigadora e coordenadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES)

Miguel Cardina

Historiador, investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES) e coordenador do projeto CROME

Myriam Taylor

Ativista

Paula Cardoso

Fundadora da comunidade digital Afrolink

Sofia da Palma Rodrigues

Jornalista da Divergente e doutorada em Pós-Colonialismos e Cidadania Global

Solange Salvaterra Pinto

Empreendedora, ativista social, cultural e política e apresentadora do Perguntas Incómodas na RSTP – Rádio Somos Todos Primos

MANIFEST, um projeto transnacional focado na importância da arte para a memória coletiva

Financiado pela Comissão Europeia, no âmbito do Programa Europa Criativa, este projeto pretende divulgar novas perspectivas artísticas que abordem o tema do comércio transatlântico de pessoas escravizadas, criadas a partir de recursos teóricos reunidos por um grupo de investigadores, e através da realização de residências artísticas em três cidades europeias. Podes aceder ao site do projeto, aqui.

O projeto será realizado por parceiros de cinco países da União Europeia: Gerador (Portugal); CUMEDIAE (Bélgica); Les Anneaux de la Mémoir (França); Khora (Dinamarca) e Pro Progressione (Hungria). Sabe mais em baixo.

O projeto Manifest abriu uma Open Call, de 26 de outubro a 27 de novembro de 2022, à procura de artistas motivados a contribuir com novas perspectivas artísticas para a reflexão sobre a memória do comércio transatlântico de pessoas escravizadas.

Recebemos 227 candidaturas no total, de 27 diferentes países que fazem parte do programa Europa Criativa. Descobre os projetos artísticos selecionados aqui.

Os selecionados vão participar nas residências artísticas que irão realizar-se em 2023 na Hungria, Portugal e Dinamarca, sendo que terão financiamento para criar obras que reflitam sobre o comércio transatlântico de pessoas escravizadas, a partir de recursos teóricos reunidos por um grupo de investigadores e procurando trazer um olhar artístico sobre a memória coletiva do passado.

As residências artísticas do MANIFEST, projeto co-financiado pela Comissão Europeia no âmbito do Programa Europa Criativa, irão realizar-se em 2023 na Hungria, Portugal e Dinamarca.

Os artistas selecionados para participarem serão financiados e desafiados a criarem obras dedicadas ao comércio transatlântico de pessoas escravizadas, a partir de recursos teóricos reunidos por um grupo de investigadores e procurando trazer um olhar artístico sobre a memória coletiva do passado.

O MANIFEST terá início com uma Publicação de Recursos Interativos sobre o património material e imaterial e os vestígios sociais da rota transatlântica de pessoas escravizadas, reunidos através do trabalho interdisciplinar de investigadores, para providenciar aos artistas apoio teórico e acessível sobre o tema.

Cinco grandes reportagens Gerador

Este tema será cada vez mais uma prioridade na estratégia editorial do Gerador. Descobre em baixo as reportagens que vamos publicar no contexto deste projeto.

Como se ensina, hoje em dia, o colonialismo nas escolas? Que narrativas imperam e que nomes se ocultam?

Abundam, na nossa linguagem, termos oriundos de um passado colonial que, muitas vezes, não são questionados nem evitados. Que termos precisamos de rever na forma como Portugal conta a História do colonialismo? Descobrimentos, descobridores, missão civilizadora, emigrantes de segunda geração, unificação de povos, miscigenação, são apenas alguns exemplos que nos levam a partir para esta reportagem.

Sendo esta uma forma de reparação possível e uma das mais discutidas a nível internacional nos dias de hoje, queremos perceber o que está a acontecer no universo português, e quais as possibilidades e desafios que este ato acarreta.

A reportagem Restituição às ex-colónias: a luta pela libertação da memória e identidade, da autoria da jornalista Flávia Brito, foi publicada na Revista Gerador 40 e pode ser lida aqui.

A ONU decretou a década de 2015-2024 como a Década Internacional de Afrodescendentes, com a intenção de proporcionar uma oportunidade e uma estrutura sólida para os Estados-membros e a sociedade civil tomarem medidas eficazes para a justiça e o reconhecimento. Posto isto, tencionamos perceber o que foi feito em Portugal ao longo desta década, como por exemplo o Plano Nacional contra o Racismo e a Discriminação e tentaremos perceber o que ainda está por fazer.

Será uma reportagem multimédia, que pretende abordar a africanidade presente na cidade de Lisboa, através de visitas guiadas e trabalhos com diversos coletivos.

 

Na Revista Gerador 40, publicámos a reportagem «Restituição às ex-colónias: a luta pela libertação da memória e identidade», um trabalho jornalístico que se debruça sobre a «restituição de obras de arte e de culto, mas também de arquivos e restos mortais, a povos e nações sujeitos à escravatura e ao colonialismo pelos então impérios europeus».

A partir deste trabalho, o Gerador reuniu e criou uma biblioteca online de recursos, disponível para todos, com vários suportes, entre livros, filmes, ensaios, e outros, que ajudam a pensar esta questão.

Descobre a biblioteca e ajuda-nos a enriquecê-la deixando-nos as tuas sugestões, através do formulário que encontras na página.

Ensaios Académicos

Vamos convidar académicos, investigadores e pensadores com trabalhos relevantes desenvolvidos sobre o colonialismo português para escreverem ensaios exclusivos para o site do Gerador.

Trabalho com a comunidade escolar e educativa, em parceria com o Plano Nacional das Artes (PNA)

O Gerador irá trabalhar com o PNA para levar este projeto às escolas e comunidade educativa. Neste contexto, trabalharemos este tópico através do desenvolvimento de trabalhos visuais ou escritos com os jovens e estimulando o debate de uma forma amplamente distribuída pelo país.

 

Iremos também desenvolver formações abertas a docentes de todo o país, procurando prestar o apoio necessário para fomentar uma reflexão crítica e ativa sobre os conteúdos lecionados e a linguagem utilizada.

 

Desenvolvido pelas áreas governativas da Cultura e da Educação, o PNA tem como objetivo tornar as artes mais acessíveis aos cidadãos, em particular às crianças e aos jovens, através da comunidade educativa, promovendo a participação, fruição e criação cultural, numa lógica de inclusão e aprendizagem ao longo da vida.

Ciclo de debates, em parceria com a BANTUMEN

A BANTUMEN e o Gerador irão trabalhar na organização de um ciclo de debates, em diferentes localidades do país, que abordem as consequências da prevalência das ideias do lusotropicalismo no imaginário português para os afrodescendentes que vivem em Portugal.

 

A BANTUMEN é uma revista online em português, com conteúdos próprios, que procura refletir a atualidade da cultura negra da lusofonia, com enfoque nos PALOP e na sua diáspora. O seu projeto editorial espelha a diversidade de visões e sensibilidades das populações afrodescendentes falantes do português, dando assim voz a uma camada nova de talento e savoir-faire que ainda vive à margem do reconhecimento.

Open Call para artistas residentes em Portugal

Tencionamos, também, através de um programa de financiamento, desenvolver uma open-call semelhante àquela que iremos criar no âmbito do projeto MANIFEST, mas desta vez direcionada exclusivamente a artistas que vivam em Portugal e queiram tratar estes temas no seu trabalho artístico, com o apoio logístico e financeiro do Gerador.

Estudo representativo da sociedade portuguesa

Vamos desenvolver um estudo representativo da população portuguesa, que procurará perceber a forma como os portugueses olham para o seu passado colonial, bem como analisar dimensões relacionadas com o racismo nos dias de hoje.

Biblioteca de Recursos

O acesso à informação é crucial para a existência de debate, crítica e reflexão. É por isso que ambicionamos criar uma biblioteca pública com os principais livros, ensaios e dissertações sobre estes temas, para que qualquer pessoa que a visite possa ter acesso livre a todos os conteúdos disponíveis.

És investigador da área?
És autor de um artigo sobre o Lusotropicalismo?
Leste um livro que te lembra este tema?
Viste um filme que fala desta teoria ou do impacto indireto da mesma?
Conheces um projeto que trabalha sobre esta questão?

Deixa-nos as tuas recomendações ou trabalhos no formulário aqui em baixo. Todas as recomendações serão organizadas, e, mediante autorização dos autores quando a mesma for necessária, disponibilizadas mais tarde numa biblioteca digital de livre acesso.

 

Com este projeto ambicionamos contribuir para aprofundar a reflexão sobre o racismo em Portugal, a forma de olhar o passado e a história, e agir no sentido de combater as desigualdades sociais para a construção de um futuro mais justo para todos.

 

Em breve será publicada a calendarização de todas as atividades e estamos a trabalhar para que, daqui, surjam mais parcerias com diferentes organismos e novas iniciativas.

 

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