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Barata-Feyo: “As pessoas não se revêem na imprensa”

Nasceu em 1947 na Soalheira, concelho do Fundão, mas a carreira levou-o a conhecer realidades…

Texto de Sofia Craveiro

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Nasceu em 1947 na Soalheira, concelho do Fundão, mas a carreira levou-o a conhecer realidades além-fronteiras. Para escapar às amarras do Estado Novo, aos 17 anos, exilou-se em Paris, onde inicialmente ganhou dinheiro a vender saltos para o rio Sena, a turistas curiosos. O acaso fê-lo conhecer jornalistas de renome e a frequentar redações internacionais antes sequer de ali desempenhar qualquer função. New York Times News Service, Herald Tribune e Libération foram alguns dos órgãos onde iniciou a carreira jornalística, a partir da capital francesa.

Voltou a Portugal quando a democracia tinha ainda poucos anos. Na década de 1980, assumiu a direção de informação na RTP 2, mas abandonou o cargo passado três meses. Posteriormente, criou e liderou o projeto Grande Reportagem que esteve no ar por três anos. As pressões políticas estariam na origem do término do programa que marcou o jornalismo português. “A televisão e o serviço público eram uma correia de transmissão do poder político”, afirma.

Após um percurso de décadas, que incluiu a passagem por diferentes órgãos de comunicação nacionais, o repórter está atualmente a residir na localidade de São Fiel, freguesia de Louriçal do Campo, concelho de Castelo Branco.

José Manuel Barata-Feyo também desenvolve investigações que converte em livro: O Grande Embuste, A Última Missão ou A Sombra dos Heróis são exemplos de obras que assinou. Em 2021, lançou O Lado Invisível do Mundo, a sua última obra, onde relata alguns dos episódios que viveu em reportagem pelo continente africano.

Recentemente desempenhou o cargo de provedor do leitor no jornal Público, período durante o qual se deparou com a polémica de plágio no jornal, que motivou diversas críticas. Apesar disso, acredita que a demissão do responsável aconteceria, com ou sem contestação. “A conclusão era inevitável”, conta o jornalista.

Os diferentes desafios da vida e carreira de José Manuel Barata-Feyo serviram de pretexto a uma entrevista realizada na sua atual residência, onde, por entre cigarros e exclamações, esclareceu os motivos da sua visão crítica sobre a profissão.


Tem um vasto percurso no jornalismo, mas a sua formação de base é a filosofia. De que forma esta disciplina lhe foi útil?

Acho que a filosofia é útil a toda a gente. Ajuda-nos, mais que não seja, a respeitar a reflexão e o pensamento. Um jornalista que não seja capaz de refletir e de pensar, na minha opinião, não dá um bom jornalista. Pode dar um bom porta-microfones, mas nunca dará um bom jornalista.

Aliás, eu fui dos jornalistas que mais lutaram em Portugal para que, de facto, a profissão não estivesse reduzida àquilo a que estava antes do 25 de Abril: a esmagadora maioria dos jornalistas tinha apenas a 4a classe, o equivalente ao segundo ano, ou, no máximo, o quinto ano.

Isso significa que acha que o jornalista deve ter uma posição crítica?

Não. A posição crítica não tem nada que ver com a formação de jornalista. O jornalista tem de respeitar o código deontológico. É tudo. A posição crítica do jornalista, ele que a encaixe nos textos de opinião, mas não venha, sobretudo, tentar vender a opinião dele como um facto. Isso é que eu não aceito, de todo. E isso é uma das coisas que está a matar o jornalismo.

Mas refere-se ao meio televisivo? Ou a todos [os outros meios de comunicação]?

Em geral. O meio televisivo é particularmente grave porque nenhuma outra forma de fazer jornalismo foi tão perniciosa para o jornalismo. A televisão tem uma responsabilidade particular no degradar da imagem do jornalista, mas não só. Eu refiro-me ao [panorama] geral.

Fotografia de David Cachopo

Numa entrevista que deu há alguns anos, disse que o direto era mau para a informação.

É péssimo.

É neste sentido [que falava]?

É uma das coisas só, mas [o direto] é péssimo. O direto é o quê: se quisermos fazer uma história disso, é uma invenção da CNN, que começou com a Guerra do Golfo. Eles prometeram a torneira de água limpa, isto é, as pessoas iam ficar em casa, confortavelmente instaladas no sofá ou na cama a ver televisão e tinham os acontecimentos em direto, sem qualquer filtro, sem interferência do jornalista. Parecia muito louvável. As pessoas iam ter direito à informação sem filtros, diretamente. O que acontece é que, quando se chegou lá, pura e simplesmente não se conseguiu chegar aos factos, isto é, os norte-americanos não deixaram os jornalistas ir às frentes de combate. Nenhum jornalista foi às frentes de combate. Eu estive lá das duas vezes. Era por isso que se inventava alegremente a história do “algures no deserto”. “Algures no deserto”, no caso português, chegou a ser as dunas do Guincho, de tal maneira se mentiu. Chama-se a isso mentir.

Portanto, como de facto não foi possível transmitir os acontecimentos em direto, o que sucedeu [foi que] começámos a inventá-los. Em vez de termos dito “não informamos, porque não nos deixam aceder à informação”, não, começámos a inventar. E inventou-se imenso.

Eu lembro-me, no hotel em Amã, Jordânia, que ficava em frente da embaixada norte-americana - nesse hotel estariam 400, 500 jornalistas, estava cheio de jornalistas. Estávamos no rés-do-chão, onde estávamos muitas vezes. A emissão da CNN ia passando, não só dali, mas dos vários sítios onde eles estavam [posicionados]. Depois, quando chegava a vez de Amã entrar, era simples: os nossos camaradas da CNN subiam [ao telhado do hotel], punham uma máscara, entravam no estúdio e faziam os diretos. Aldrabice pura.

Aldrabice porque [a máscara] não era necessária.

Não era necessária de todo, portanto o que se fez foi aldrabar. E de cada vez que um jornalista aldraba, está a a dar uma punhalada, uma navalhada no jornalismo.

Acha que isso ainda acontece nos diretos atuais?

Se não acontece é porque não têm oportunidade de o fazer, se não, fariam. Os diretos continuam a ser…

O direto é o quê? Como dizia o Luciano Alvarez no Público, há um ano e tal: a melhor síntese, a melhor imagem do direto hoje em televisão, é o “cu do autocarro” - que era o título do artigo dele. Há uma série de colegas nossos que eu não sei como é que podem aceitar aquela indignidade, em que vão de mota, de bicicleta, a pé, a correr, sei lá eu como, com câmaras, atrás do “cu do autocarro” - volto a repetir que a expressão não é minha, com muita pena, é do Luciano Alvarez no Público -, porque vai uma equipa de futebol não sei para onde. Explique-me lá, faça favor: o que é que isso tem que ver com jornalismo? O que é que isso tem que ver com informação? E como é que o cidadão comum olha para isso? Que utilidade acha ele que o jornalista tem? Que mais-valia lhe trás, quando [o jornalista] faz esses diretos?

O problema é que deixámos todos de querer fazer informação, para querer fazer dinheiro ou audiências. E a informação e o dinheiro e as audiências nem sempre batem certo, sobretudo quando o código deontológico é espezinhado… nem é espezinhado, é pura e simplesmente ignorado. Ignora-se, não importa.

Referiu esses diretos, do futebol, mas há muitos [outros casos] em que não se transmite nada. Simplesmente se vê o repórter a falar, à porta da casa do Presidente da República ou…

Pois. Noutros tempos chamávamos-lhes os porteiros de dia e os porteiros de noite. Eram os tipos que iam para a porta dos partidos, ou para São Bento, ou para Belém, onde não se conseguia entrar, onde eventualmente estaria a acontecer qualquer coisa mas, se estivesse, não fazíamos a mínima ideia do que seria, e depois faziam um direto de lá.

O direto é uma coisa que foi completamente subvertida. Eu estive várias vezes em cargos de direção na RTP - para falar só de televisão - e o direto é uma coisa que tem de ser feita porque se enviou o carro de exteriores. Portanto, a partir do momento em que se enviou o carro de exteriores, tem de se fazer um direto. Não há nada para se fazer, não há nada para se dizer, não há matéria, mas não tem importância nenhuma. O carro de exteriores foi, portanto há o sign it, podemos pôr “em direto”.

Só serve para ocupar espaço ou tempo de antena.

Não, nem sequer é isso. É porque se utilizou o carro de exteriores, portanto tem de rentabilizar a viagem. É lamentável.

Fotografia de David Cachopo

Voltando um pouco atrás: sei que se exilou em Paris aos 17 anos, por motivos de oposição ao regime…

Porque a PIDE me prendeu duas vezes e eu não gostava disso. A primeira tinha 12 anos. A segunda tinha 16, portanto não gostei muito disso.

Mas estava seguro da sua decisão de abandonar o país nessa altura?

Completamente. Eu sempre vivi numa família extremamente politizada. Uma boa parte servia o regime, uma boa parte estava na oposição e eu tive a sorte ou o azar de não estar na que servia o regime. Portanto, para mim foi claro e nítido.

O que é que mais o surpreendeu em França, quando lá chegou?

Houve várias coisas que me surpreenderam. Houve uma que me agradou sobremaneira e que valeu tudo, que foi a liberdade. Mas depois fui surpreendido, também, por muitas coisas que eu estava à espera que fossem profundamente diferentes e não eram. Por exemplo, o desenvolvimento do interior do país, da França profunda, comparada com o Portugal profundo. Eu estava à espera que a diferença fosse muito maior do que de facto era.

Por exemplo, a construção das auto-estradas. A auto-estrada entre Paris e a fronteira Belga, depois até Bruxelas, não estava sequer feita, não existia. Portanto, em termos de desenvolvimento, apesar do Plano Marshall, eu não encontrei uma França tão evoluída quanto eu pensava que ela devia estar e também quando comparada com a realidade portuguesa. Não estou, com isto, a defender que a realidade da ditadura pôs o país desenvolvido, nem de perto, nem de longe. Estou só a dizer que se tinha criado na minha cabeça a imagem de que nós vivíamos, aqui, numa coisa profundamente atrasada, comparados com aquilo que se fazia no resto da Europa e isso não foi bem verdade.

Mas o que me surpreendeu pela positiva - e isso para mim é o que conta e é por isso que valeu a pena - foi a liberdade. A liberdade que se tinha [lá] e que aqui não se tinha. E depois uma certa forma de alegria porque, não era por Paris ser Paris, mas não havia aquele tom cinzento que Lisboa tinha por causa da guerra [colonial] e de todos os que morriam e ficavam feridos.

Voltou em 1980 mas disse que, se calhar, não o devia ter feito. Porquê?

Eu, quando voltei, a única coisa de que era verdadeiramente militante era do jornalismo. E continua a ser a única coisa de que eu sou verdadeiramente militante. Quando eu cheguei cá, e designadamente quando aceitei o cargo de diretor de informação da RTP 2, dei de caras com uma redação onde todos eram militantes. Haveria um ou dois que eram do jornalismo, os outros eram todos leninistas, ou socialistas, ou do PC [Partido Comunista], ou da AD [Aliança Democrática] ou do PPD [Partido Popular Democrata, atual Partido Social Democrata]. Portanto, era uma redação de militantes, todos eles, de várias coisas, mas militantes do jornalismo não havia lá muitos.

Foi por isso que lá ficou pouco tempo?

Sim, eu fiquei menos de três meses. Depois fui-me embora, queria ir para Paris. Foi nessa altura que me propuseram ficar por cá. Decidi propor - e eles aceitaram que eu fizesse - a Grande Reportagem, o programa de televisão do qual ainda hoje se fala muito mas que, na prática, durou três anos. Foi morto - ironia da democracia - no dia 25 de abril de 1984, com o governo do bloco central.

Foi nessa altura que começou efetivamente a cobrir contextos de guerra?

Essa história de cobrir contextos de guerra é uma grande treta, não é? Criou-se um mito à volta da guerra. Nós tínhamos os repórteres normais e depois uma espécie de super-repórter, que era o gajo que ia para a guerra. O super-repórter atualmente - é uma coisa que eu nunca fiz na vida mas que… enfim -, é identificável por um colete cheio de bolsos e não sei mais o quê e, normalmente, um ar ridículo à porta de um hotel.

Nunca teve essa indumentária?

Não, não. Deo gratias, nunca. Esse género de coisas nunca. Porque, quando faz uma reportagem, que é verdadeiramente uma reportagem de guerra, isso significa chegar à frente de combate. Repórteres que chegam à frente de combate há muito poucos à face da Terra. Aliás, veja a guerra na Ucrânia: com excepção de alguns americanos e um inglês da Sky [News], que eu me recorde, ninguém vai à frente de combate. O que a malta faz é ficar no hotel, depois aquilo cai ali um míssil num lado qualquer, o intérprete/tradutor, que também é muitas vezes o guia, diz que há ali uma coisa que dizem que é um hospital e dizem que morreram não sei quantas pessoas. Então a malta vai a correr lá para o sítio, filmam o hospital, [narram] “aqui estão os bandidos dos russos, fizeram aqui uma coisa, mataram não sei quantas pessoas”... Ninguém tenta confirmar coisa nenhuma, não tem importância nenhuma - nunca assisti a uma operação de propaganda tão grande como esta da guerra na Ucrânia, mas isso é outra história. E a malta volta para o hotel e está a fazer uma reportagem de guerra ótima.

Quer dizer, uma reportagem de guerra, se nós tivermos o mínimo de respeito por quem a fez, designadamente os que cobriram a Segunda Grande Guerra, o repórter de guerra era o que estava com as tropas que desembarcaram na Normandia. Não quer dizer que o repórter de guerra tenha de estar forçosamente debaixo de fogo, até porque a guerra não é feita de fogo. A guerra não é feita de 24 horas de tiros por dia. Não é isso. A guerra é um pouco uma caça. É feita de muitas esperas e depois ação, que normalmente é curta e violenta, depois outra vez uma calmaria que mexe com o sistema nervoso, mas não é ação de guerra.

É mais no sentido da expetativa, do que vai acontecer e tentar antecipar?

É. Mas esse género de reportagem de guerra, normalmente, também é feita com os movimentos de guerrilha. Tem muito poucos repórteres de guerra que estejam do lado dos exércitos, porque do lado dos exércitos a coisa é muito organizada. Olhe a guerra do Golfo: faziam-se as pool, os jornalistas eram levados - normalmente eram dez, às vezes seis, outra vezes 12 - pelas tropas norte-americanas que lhes mostravam o que queriam mostrar. Eles tinham obrigação de dividir o material televisivo com as outras televisões - era para isso que era uma pool - e a coisa acabava assim.

Em Israel foi um pouco a mesma coisa também. Nas guerras em que Israel esteve envolvido, o exército israelita levava os jornalistas, confortavelmente - só faltava um whisky com umas pedrinhas de gelo - ao deserto do Sinai, e a malta fazia a reportagem. Não! Reportagem de guerra [aponta para uma fotografia sua em reportagem] é quando está com os mujahideen [guerrilheiros árabes] e anda a pé com temperaturas negativas até 30 graus e está com eles, e é bombardeada de avião, bombardeada pela artilharia inimiga e largam minas, as chamadas minas butterfly. [...]

Acha que já não se faz esse tipo de cobertura? Não há jornalistas que corram esse tipo de risco?

Não sei, eu não vejo isso. Porquê não sei, mas não vejo isso. Hoje [também] já temos menos guerras de guerrilha, não é?

Chamam a esta [da Ucrânia] a guerra dos drones.

Pronto. Guerra dos drones. Aí não pode fazer nada. A não ser que o jornalista se meta num drone e vá ele próprio a filmar no drone… não dá grande coisa. Depois pode levar com um drone em cima mas isso, qualquer pessoa que esteja numa cidade que está a ser bombardeada pode levar com elas em cima. Por aí não é muito grave.

Esse género de reportagens fazem com que, normalmente, até nem se goste muito de falar da guerra, sabe. A guerra é sempre uma coisa que - eu vi isso por causa de uma investigação que fiz para o livro e agora para uma outra que estou a fazer sobre mil portugueses que foram voluntários para o exército francês logo a seguir à declaração de guerra da França à Alemanha, em setembro de 1939. Essa malta toda que esteve lá, os que se conseguem localizar, e aqueles com quem se consegue falar - com os descendentes filhos ou netos já e até bisnetos - , eles nunca falaram da guerra. As pessoas que lá andaram não falam da guerra. Fala da guerra o gajo que fez a guerra no bar do hotel, que é uma coisa especialmente excitante. Agora estar lá mesmo…

A guerra tem cheiros, sabe? Os mortos cheiram mal. As pessoas não imaginam como. Uma perna gangrenada é uma coisa que tem um cheiro abominável. Então não se fala disso. As pessoas não falam disso. É um bocadinho contrário dos nossos “heróis”, repórteres de guerra que fugiram todos, quando os indonésios disseram que não garantiam a segurança dos jornalistas portugueses em Timor. Foi debandada completa e total. Ficaram dois gajos lá.


Fotografia de David Cachopo

Mas esse programa que falava, a Grande Reportagem, acabou em 1984...

Foi morto.

Disse que foram dadas instruções à RTP, porque não queriam sequer passar a sua última reportagem [sobre a Guerra Civil em Angola]. Houve pressões nesse sentido?

Não passaram. Houve pressões nesse sentido, isso houve. Houve pressões do almirante Rosa Coutinho e do general [Eurico] Corvacho, que tinha uma empresa que fornecia mercenários ao MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola]. Essa empresa estava sediada ali no Campo de Santana [atual Campo Mártires da Pátria], em Lisboa. Houve pressões - e aqui não vou dizer o nome, porque nunca o dissemos - de uns fabricantes de jipes do norte de Portugal e também de uma fábrica de umas salsichas muito conhecidas, também cá em Portugal. Depois, houve as pressões da embaixada angolana e da Associação de Amizade Portugal-Angola. Todas essas pressões se fizeram sentir.

A administração da RTP, que tinha ela, RTP, um estatuto governamental, ou seja, o governo nomeava o presidente do conselho de administração, que nomeava as direções, que nomeavam as chefias. Só faltava nomearem os contínuos. Ou seja: a televisão e o serviço público eram uma correia de transmissão do poder político, diretamente por aí abaixo. Isso só mudou porque - e eu e o Francisco Sousa Tavares, o pai do Miguel [Sousa Tavares], lutámos por isso - quando o Poiares Maduro mudou o estatuto e passámos a ter um estatuto social que é o que tem a RTP hoje. O governo hoje já não pode intrometer-se, já não é ele que nomeia o conselho de administração, já não é ele que alarga ou fecha os cordões à bolsa do financiamento consoante gosta ou não gosta daquilo que a RTP está a fazer na altura.

Acha que a estação pública já não é tão suscetível [a essas pressões]?

Não é. Zero. Absolutamente zero. E se ela não melhorou a culpa não é dos estatutos. Se ela não melhorou, a culpa é de quem lá está a dirigi-la, a orientá-la e a administrá-la. Porque hoje, apesar do PS [Partido Socialista] ter tentado - o PS tem muita dificuldade em resistir à tentação totalitária, é a tentação do diabo, como dizia o Almeida Santos noutros tempos - que o dinheiro que vai diretamente para a televisão, deixasse de ir e fosse para o Ministério das Finanças. O que é que isso dava como resultado: quando o Governo não estivesse contente com a RTP, que tinha feito uma maldade qualquer a um seu primeiro-ministro ou ministro qualquer, o que se fazia era fechar a torneira do financiamento.

Portanto, sem nunca utilizar a palavra censura - “lagarto, lagarto, lagarto, nós nunca censuramos ninguém, o PS e o PSD nunca, jamais!” [ironiza] - cortava-se a torneira e a coisa não era feita. Eu posso dar exemplos concretos de casos em que isso aconteceu.

Por favor.

Então olhe, tem, por exemplo, quando o [jornalista] Rui Araújo - sem ele Timor não seria independente, sobre isso não tenho a mínima dúvida - descobriu no L’Express, uma revista francesa, semanário, que havia um tal médico português chamado Fernando Nobre, a operar no Sudão, a fazer parte dos Médicos Sem Fronteiras. Ele disse “epá está aqui um gajo portuga e se tentássemos encontrá-lo?”. Eu disse-lhe que sim e ele conseguiu localizá-lo. Era Médico Sem Fronteiras não em França, mas na Bélgica. Então combinou-se com o Dr. Fernando Nobre que, quando ele fosse numa próxima missão, nós, RTP, iríamos com ele. E eu iria, naturalmente e inevitavelmente, mandar o Rui Araújo, não só porque fala francês, como também tinha sido ele que tinha descoberto essa pista.

Passados uns tempos, o Dr. Fernando Nobre telefona de Bruxelas e diz que vai com uma equipa para Beirute. Isto era na altura dos bombardeamentos de Israel no Líbano, que também apanharam campos de refugiados. Então, eu disse “Rui, avança”. Só que, quando isso foi enviado, os papéis tinham de se preencher. Era preciso divisas, não se podia sair com escudos de Portugal. Como nós tínhamos acabado de ter uma pega grande com a administração, já não sei por causa de quê - nós, Grande Reportagem, estávamos sempre a ter pegas com a administração - a resposta que veio foi que não havia verba disponível.

Fotografia de David Cachopo

Portanto, o Rui Araújo não foi com o Dr. Fernando Nobre para Beirute. Lá arranjei uma desculpa esfarrapada e combinou-se que, quando ele voltasse a sair em missão, telefonaria, coisa que aconteceu quando ele foi para o Chade. Só que, quando ele foi para o Chade, eu já não podia mandar o Rui Araújo, porque ele estava em Timor e, na redação, não havia ninguém disponível que controlasse bem o francês. O resultado foi que me nomeei a mim mesmo e fui eu que fui fazer essa reportagem com ele ao Chade. Dessa reportagem acabaria por nascer depois a AMI, porque teve um impacto extraordinário em Portugal.

[Assim], ficou com um exemplo em como, invocando que não há dinheiro, se controla editorialmente uma coisa.

Mas depois de o programa terminar, manteve-se na RTP.

Fiquei na RTP, claro que sim. Fiquei na RTP… depois de 18 meses [fui suspenso] e proibido de entrar nas instalações.

Estavam a pagar-lhe para não trabalhar?

Basicamente a RTP pagou-me variadíssimos anos para não trabalhar.

Em resultado da sua resistência?

[Em resultado] de processos disciplinares e porque estávamos sempre às turras. Sempre, sempre às turras. Depois era a história do pote de ferro contra o pote de barro. Eu era o pote de barro. Pimba e pimba e pimba! Eu levava e eles pensavam “é desta que o gajo aprende”. E o burro sou eu, que não aprendia. Portanto recomeçava e fazia não sei quantas coisas mais. [...]

Foi durante esse tempo [em que esteve suspenso] que decidiu fazer a revista [Grande Reportagem]?

Fiz a revista. Mas uma coisa lhe posso dizer: não há nenhum jornalista, nem de perto nem de longe, em Portugal, que tenha, sido politicamente - e não só - tão perseguido, desde a democracia, desde [19]74, quanto o Zé Manel Barata Feyo. Nenhum. Nem de perto, nem de longe.

E atribui isso a quê? Aos temas que tratava?

Não é aos temas. Eu sou militante do jornalismo. O que é que querem? Os militantes dos partidos políticos não entendem isso. [Acham] que eu tenho de militar por um dos partidos políticos. Epá, não quero! Não gramo nenhum destes partidos políticos.

De qualquer espetro?

De qualquer espécie. Eu sou um homem livre. Tenho um coração que está dividido, uma inteligência que não funciona sincronizada, porque há um que é mais de esquerda e outro que é mais de direita, mas não tem nada que ver com os partidos. Vou votar, sempre votei. Meu Deus, não tenho 16 anos de exílio para depois não votar. É claro que sim, que vou votar, mas tenho muita dificuldade em rever-me nestes partidos todos.

Nós tivemos uma grande esperança, quando foi o 25 de Abril, que as coisas evoluíssem aqui e nós conseguíssemos transformar este país em qualquer coisa de aceitável e de desenvolvido. Foi mesmo uma enorme, enorme esperança.

Eu recordo-me de ter acabado uma unilateral e de ter dito que, considerando que nós estávamos muito atrasados em relação à Europa, para chegarmos perto dessa Europa, tínhamos que avançar muito mais depressa do que ela e que isso era um desafio muito difícil lançado aos adeptos portugueses da ideia europeia. Lembro-me perfeitamente de ter acabado isto assim. E esse desafio foi completamente falhado. [...]

Falava da militância jornalística. Acha que já não existe?

Eu espero que ainda exista, não é? Pelo menos, todos os jornalistas que foram meus estagiários, levaram tanto na bola que espero que essa semente tenha ficado em algum lado e que eles estejam, por sua vez, agora, a deixar essa semente para outras gerações vindouras de jornalistas. Porque, de facto, se nós continuarmos por este caminho, vamos enterrar definitivamente o jornalismo como o conhecemos.

Fotografia de David Cachopo

Não tem esperança nas novas gerações?

O problema das novas gerações é que elas não têm em quem apoiar-se. Não têm. Não têm figuras de referência. Isso tudo desapareceu. A maioria da malta que vive nas redações tem contratos a prazo, são muito mal pagos. Que capacidade tem um jornalista com um contrato a prazo de refilar? O jornalista era um refilão básico, passava o tempo a refilar.

Eu exerci cargos de direção e de chefia há muitos, muitos anos e sabia muito bem. Nas redações a malta refilava toda. Quer dizer: o que é que um desgraçado que está dependente do ordenado miserável que recebe vai refilar ou contestar o que quer que seja que as chefias ou a direção lhe mandem fazer? Não pode. Se não é ele e a família que vão para a rua e começam a ter fome. Portanto há aqui qualquer coisa de extremamente violento.

Partiram a coluna vertebral das redações quando deitaram fora os chamados gold keepers. Os gold keepers eram aquela malta velha das redações que, apesar de não ter um cargo de chefia, tinha uma autoridade profissional enorme dentro da redação. E quando alguém fazia uma bacorada, no dia seguinte, havia sempre um, ou dois, ou três gold keepers que diziam “epá! Tu francamente. Vê se descobres uma coisa melhor para fazer que o jornalismo, que para isto não dás. Já viste a bacorada aqui e etc…”. Isso tudo funcionava muito bem.

Quando se deitaram fora os gold keepers, arranjou-se uma série de tipos mais ou menos incompetentes e, sobretudo, muito maleáveis, para se porem nas chefias das redações e nas direções. O que aconteceu é que a nova geração está limitada. Tem grilhetas, por causa dessa coisa infame que é o ordenado que recebem.

Mas também há novos projetos a surgir, como alternativa aos grandes títulos.

Pois, mas sabe, isso sempre existiu. O problema é que a eficácia da imprensa mede-se pela capacidade que ela tem de comunicar com a opinião pública. E a opinião pública, quanto maior e mais vasta é, melhor. É por isso que nós, em Portugal, não temos grandes manifestações de descontentamento, porque não temos opinião pública, no sentido anglo-saxónico do termo: public opinion.

E um jornal, televisão ou rádio serão eficazes se tocarem uma grande parte da opinião pública. Os projetos que vão surgindo, à direita e à esquerda, tocam pontualmente um nicho de mercado, como agora se diz - porque a informação transforma-se numa mercadoria -, mas não tem um impacto sobre a opinião pública, não têm.

Mas isso não tem a ver [com o facto de] a nossa sociedade ser cada vez mais segmentada? Ou seja, com a internet, com as redes sociais, há cada vez mais nichos a formarem-se e torna-se difícil chegar a um público mais geral?

Pois. O problema é que a democracia não é feita de nichos e a opinião pública também não. Sem querer entrar em análise política, quando se começa a querer determinar as opções políticas pelos nichos, pelas minorias, normalmente dá raia.

As chamadas causas fracturantes são causas pontuais. [São] assuntos e matérias que merecem, sem dúvida nenhuma, ser tratadas, mas são pontuais, não são gerais. Quer dizer, o combate contra a indignidade em que vivem os jovens em Portugal é um combate global e respeita a todos os portugueses. Um combate sobre a causa fraturante do imenso racismo, mais o colonialismo português que foi atroz e não sei mais quantas coisas mais… é um nicho. Toca os convencidos, não toca a mais ninguém. A causa LGBTQI+... sim senhor. Alguém que conheça um bocadinho da história da humanidade sabe que o [Alan] Turing das rádios, foi um inglês que permitiu descodificar a máquina de transmissão de mensagens dos nazis durante a II Guerra. Era um homossexual. Esse homem - ou mulher, ou [poderia ser] aquilo que fosse - salvou milhões de vidas naquela altura. O que me importa a mim que ele seja homossexual? Ele salvou milhões de vidas. Merece todo o nosso respeito. Isso é uma coisa. Outra coisa é reduzir as causas da humanidade à defesa dos homossexuais. Não dá. Quando digo reduzir, é a percepção que a opinião pública globalmente tem da atividade política e da atividade jornalística. E isso causa divórcio, cria divórcio. Porque o meu voto vale tanto como o do aldeão ou do operário da cintura industrial de Lisboa - se é que ainda temos operários na cintura industrial de Lisboa -, e ainda bem que assim é, se não, não há democracia. Mas eles não querem saber disso para nada, porque o problema deles não é esse. O problema deles é os ordenados, a incapacidade de porem os filhos a estudar, ou, quando estudaram, de arranjarem um emprego, a situação de um país que tem não sei quantas pessoas na miséria. Contam-se por milhões os portugueses que vivem mal, os que não têm um médico de família, os que querem por os filhos na escola ou que são professores… depois nem os miúdos aprendem nem as pessoas têm condições dignas para aprender, depois os impostos que pagamos que é uma coisa completamente alucinante…

Isso não são causas fraturantes, mas essas são as grandes causas pelas quais a humanidade se tem batido ao longo do tempo. A civilização construiu-se fazendo avançar essas coisas. Repito: não é que as outras não tenham importância. Não é que as outras devam ser ignoradas, mas elas não podem ser o cerne da questão, porque se forem, nós estamos a afastar a maioria da opinião pública dos problemas reais. E, se os afastamos, a reação, normalmente, é de contestação. [As pessoas] não se revêem nas instituições políticas, não se revêem na imprensa. Criam uma posição de protesto e, quando protestam é sempre num extremo. Como a extrema-esquerda em Portugal foi pelo cano abaixo ou quase, onde é que fica? E o que é que sobra?

A extrema-direita.

A extrema-direita. Muito obrigada aos gajos que serviram a ditadura. Para mim não serve.

Fotografia de David Cachopo

Voltando ao seu percurso… Eu queria ainda falar sobre a sua função de provedor do leitor no jornal Público.

Ah… essa desgraça.

Então, foi uma desgraça?

Não, não foi uma desgraça. Tudo o que não seja a minha possibilidade de fumar um cigarrito são tudo desgraças [risos].

Olhe, foi uma experiência curiosa e interessante porque eu sempre estive muito atento aos leitores ou aos telespectadores. Nunca ninguém escreveu uma carta para a Grande Reportagem que não fosse respondida. Mesmo havendo cartas com 400 assinaturas, nós respondíamos sempre às cartas das pessoas, quer fosse a louvar ou a criticar o programa.

Em relação aos jornais, eu fiquei muito contente por ver a adesão dos leitores a um espaço, a coluna do provedor, onde podiam dizer de sua justiça sobre o que estava a acontecer no jornal. E isso foi muito interessante. Eu depois fiz uma opção que foi a de ouvir a crítica do jornalista. Tal como o livro de estilo obriga, ouvia depois o jornalista ou a direção, visados pelo leitor e, perante as duas posições - à luz do código deontológico e do livro de estilo do jornal, não era só porque saía da minha cabeça -  o provedor tomava uma posição. Foi uma experiência muito interessante. Deveria ter durado um ano. Durou dois, que é o período máximo que poderia durar.

Tentei ao máximo não teorizar, isto é, eu não achei que a coluna do provedor fosse um espaço para o provedor dar a sua opinião sobre aquilo que lhe apetecia e não sei quantas coisas mais. Tentei, tanto quanto possível, ser o provedor do leitor, portanto, abordar as questões levantadas e suscitadas pelo leitor e não porque eu achava que devia falar sobre isso.

Houve um caso em particular que terá gerado mais controvérsia, que foi o caso do plágio do jornalista Vítor Belanciano [que acabou por ser demitido].

Sim, sim.

Queria que falasse sobre isso, sobre o que achou na altura.

Um plágio é um plágio. É uma coisa profundamente condenável. Ele defendeu-se muito mal. A posição da direção do jornal na altura talvez não tenha sido tão clara quanto desejável.

Demorou algum tempo até haver uma reação mais assertiva.

Essa história… Não se pode condenar uma pessoa e um jornalista - e não é por ser um jornalista que já tinha décadas de jornalismo, se fosse um estagiário era a mesma coisa -, sem tentar perceber as razões que o levaram a fazer aquilo.

Quais foram?

No caso dele não havia. Mas, antes de sabermos que não havia, era preciso saber que não havia. Esse caso, aliás, não teria sido nada de particular, a não ser a gravidade própria de um plágio - ficaria resolvido com o afastamento do jornalista, tanto mais que não foi a primeira vez que ele tinha plagiado -, portanto tinha ficado o problema resolvido ali. Só não ficou por causa de uma saga persecutória lançada por uma jornalista - ou pseudo-jornalista, não sei porque nunca tinha lido nada escrito por ela…

A Joana Filol [Guimarães Lopes]...

… que depois transformou aquela denúncia numa perseguição ad hominem. Aquela senhora, a ideia que dava ao provedor do leitor - que, teoricamente, devia estar do lado do leitor e não do jornalista e, na prática, esteve sempre, salvo quando era o jornalista que tinha razão, evidentemente.

 A coluna do provedor não é um pelourinho. Acho que uma vez escrevi sobre isso.

Escreveu exatamente essa crónica, com esse título.

Olhe, então calha bem. Porque de facto um provedor não existe ali porque um leitor diz que aquele jornalista foi um mauzão, e o provedor pega no chicote e pimba, no jornalista que foi um mauzão porque um leitor diz que foi um mauzão. Não. Não é assim que as coisas funcionam. Pelo menos comigo não funcionavam assim.

O que acontece ali é que de facto há uma tal saga persecutória, que aquilo começou a enjoar. Parecia já uma perseguição ad hominem

Mas a verdade é que foi depois dessa insistência que houve consequências.

Não, não. Não façam o processo de intenção. A conclusão a que o Público chegaria seria a mesma, não chegou foi ao ritmo desejado pela leitora mas, que eu saiba, por enquanto, ainda não são os leitores que dirigem os jornais, nem fazem jornalismo.

Acredita que, se não houvesse tanta contestação, a consequência teria sido a mesma?

Eu penso que sim. Sinceramente penso que sim. Eu falei várias vezes com o Manuel Carvalho sobre isso. Não sei se cheguei a falar pelo telefone com o Vítor Belanciano ou não… isto tudo passava-se por mail. Não sei se cheguei [a falar] alguma vez com eles ao telefone sobre isso. Com o Manuel Carvalho falei, certamente. Uma vez pelo menos.

Mas a conclusão era inevitável. Quer dizer, quando há um jornalista que comete plágio, se é uma primeira vez, é grave, mas pode haver circunstâncias que o expliquem. Quer dizer… quem nunca cometeu um pecado que diga. Eu entendo isso tão bem. Às vezes um gajo está à rasca, está na redação, está chateado, a namorada ou o namorado ou não sei quantos… ou então é o filho, ou a mulher. E depois houve três multas naquele dia, depois as finanças querem que o gajo pague e ele não pagou ainda. E ainda por cima ontem à noite comeu uma lata de sardinhas avariada e está com a barriga… quer dizer, todos nós jornalistas, sabemos que o jornalista não é uma máquina. Não é. Um jornalista pode estar muitas vezes confrontado com a sua consciência profissional por um lado, mas estar confrontado com a sua miserável condição humana pelo outro. E um chefe ou um diretor que não é capaz de avaliar isso, é um fundamentalista, um dogmático. [...]

No vídeo de apresentação que foi divulgado quando assumiu a função de provedor, referia que “o jornalista não pode ficar preso na Torre de Marfim”. Acha que isso acontece muito?

Claro que acontece. Então não acontece? O jornalista está cada vez mais arrogante e não quer saber para nada do leitor ou do telespectador. Sempre houve essa tendência, mas agora então…

Mas refere-se à televisão? Ou em geral?

Em geral. Eu sei que há muitos leitores e telespectadores que fazem críticas que não têm pés nem cabeça, mas sei que há muitos outros que fazem críticas pertinentes e não se justifica muito que o jornalista olhe sempre com sobranceria para as críticas que lhe são feitas. O jornalista não gosta muito de ser criticado. Adora criticar. Não é? Deixemo-nos de coisas, pode dizer que sim para o gravador que não é grave [risos], mas se quiser dizer que não, diga também que não. Sabe muito bem que adora criticar [risos]. Quer dizer, 50 e tal anos disto a gente sabe como a coisa funciona… mas se é para ser criticado não gosta nada, nada, nada que o leitor lhe dê na bola.

Fotografia de David Cachopo

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