Um mergulho experimental na mente do milionário Elon Musk é o mote do novo espetáculo do Visões Úteis, que estreia esta segunda-feira, na Cena Lusófona, em Coimbra. Em palco, uma realidade mista leva o público a questionar a relação de cada indivíduo com a sua espécie e com o planeta.
Em O Grande Museu da Consciência de Elon Musk – em cena até ao dia 20 de maio –, o fundador da Tesla e da SpaceX, entra em estado de coma, e a preservação da sua consciência torna-se urgente, de forma a poder ser visitada num museu a inaugurar na órbita da Terra.
“Na raiz deste "museu" está o desejo de experimentar as possibilidades narrativas abertas pela realidade virtual”, explica Carlos Costa, diretor artístico do Visões Úteis e responsável pela direção e dramaturgia do espetáculo, juntamente com Jorge Palinhos e Miguel Mira.
“Só num segundo momento é que nos pareceu adequado desenvolver as possibilidades em torno da biografia de um dos multimilionários que, atualmente, parecem viver numa dimensão sobre humana, não só pelos seus rendimentos, mas também por viajarem para fora do planeta Terra”, continua o Carlos Costa sobre esta peça, que incentiva uma reflexão acerca da preservação do planeta, a evolução da espécie, o papel do trabalho, os modelos de comportamento ou a prossecução da felicidade.
“A escrita acabou por organizar-se entre a tensão e a veneração associadas a Elon Musk, como se da vida de um santo, para uns, ou demónio, para outros, se tratasse”, relata ao Gerador.
Coproduzido pelo Teatro Académico Gil Vicente (TAGV) e em parceria com o LIPA - Laboratório de Investigação e Práticas Artísticas da Universidade de Coimbra, o espetáculo acontece numa realidade mista.
Em palco, cenas ao vivo serão intercaladas com realidade virtual (RV). E o público será convidado a colocar uns óculos RV para um mergulho experimental na mente do milionário Elon Musk– através de imagens e som captados para RV, por Miguel Mira, estudante de doutoramento em Imagem em Movimento na Universidade de Coimbra.
“A peça antecipa possibilidades narrativas e de fruição de conteúdos que se poderão normalizar na próxima década, assim que a tecnologia permita outro tipo de escala”, comenta o diretor artístico.
Nos últimos anos, o Visões Úteis tem dividido a sua atividade, no domínio da criação, entre o teatro e os cruzamentos disciplinares. “Uma peça para smartphones, um campeonato de jogos de tabuleiro entre deputados e comunidades periféricas, ou esta peça para realidade mista” fazem parte da lista das últimas criações da companhia.
O Grande Museu da Consciência de Elon Musk, em cena na Cena Lusófona (Pátio da Inquisição, Ala Central do Colégio das Artes), em Coimbra, tem sessões às 14h30 e 17h30, de 16 a 19 de maio; e às 17h30 e 20h30, no dia 20 de maio.