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Exposição “Aparelho”

A exposição Aparelho, com curadoria de Tales Frey, a convite de Saco Azul Associação Cultural &…

Texto de Raquel Rodrigues

“Solange, tô Aberta”, Pêdra Costa

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A exposição Aparelho, com curadoria de Tales Frey, a convite de Saco Azul Associação Cultural & Maus Hábitos, está a decorrer na sala de exposições da Associação, entre 14 de Novembro e 30 de Dezembro.

Aparelho dá continuidade a Adorno Político, exposição apresentada no ano passado. O título da exposição remete para uma memória. Durante a ditadura militar brasileira (1 de Abril de 1964 - 15 de Março de 1985), "aparelho" era o termo utilizado para designar os apartamentos onde se reuniam as pessoas cujas ideologias não coincidiam com a vigente e que, por isso, eram perseguidas. Isso sucedeu com a família do curador, cuja casa era um desses aparelhos. Neste aparelho, reunem-se  dezoito artistas, Alice Yura, Arissana Pataxó, DUDX , Ed Marte, Grasiele Sousa a.k.a Cabelódroma, Helô Sanvoy, Letícia Maia, Marcela Tiboni, Marie Carangi, Maurício Ianês, Orlando Vieira Francisco, Panmela Castro, Paul Setubal, Paulo Aureliano da Mata, Pêdra Costa, Priscilla Davanzo, Sama e Yhuri Cruz, cuja estética se encontra politicamente posicionada contra o actual Governo do Brasil. "Como curador acabo fazendo o mesmo tipo de abordagem. Normalmente, estou falando de corpo e subjectividade dentro de um contexto que vai adestrar corpos, comportamentos, por meio de um regime normalizante", refere Tales Frey.

A escolha dos artistas orientou-se pelo critério de serem "pessoas que não se enquadram perfeitamente nessa norma social. São subjectividades que querem criar uma ponte, um elo, com o mundo, partilhar a subjectividade que são. Se expõem por meio da interiordade num contexto externo que é tão opressor". Trata-se de artistas que vivem a sua produção sem separação, em diálogo com a sua existência no mundo e as suas inquietações. O curador considera que tais obras vão além da dimensão biográfica, constituindo "um corpo colectivo que funciona como uma alegoria de existências. À medida que expõem a existência deles, estão falando de outros corpos, porque vai havendo uma identificação". Para Tales Frey e para Sama, um dos artistas expostos, "não há arte pela arte".  "A obra tem que dialogar com o mundo, com a actualidade. Acho que não dá para fazer arte bonitinha, colocar na parede para combinar com o sofá", afirma o primeiro.

Sama também se assume como "artista resistente" e não acredita numa arte sem política, considerando-a um "capricho burguês". A peça que apresenta poderá ter como título "hell", motivado pelo facto de ter sido criada a partir da apropriação do logotipo da marca Shell, bem como pela descrição do tempo que o Brasil está a atravessar, infernal. "Um dos motivos reais de toda esta confusão, instabilidade política, dessa virada para extrema direita, tem muito a ver com a apropriação do petróleo, descoberto durante os governos do Lula e da Dilma. A Shell é uma das mais simbólicas nas questões ambientais. Falo desse aspecto geopolítico, não só do Brasil, mas do mundo, de como estas companhias se podem transformar num inferno", explica Sama. Ao sentir-se "provocado" pelo derramamento de óleo nas águas brasileiras, ocorrido em Outubro deste ano, do qual esta empresa foi uma das principais suspeitas, o artista desenhou"Hell", fotografou e postou no Instagram. Tales, ao descobri-lo, defendeu que mereceria uma outra projecção. A exposição transformou a ideia original numa peça de arte tridimensional.

Também a organização das obras no espaço diz-nos que não há "nichos" temáticos, pois isso ergueria um "sectarismo dentro da sala", defende Tales Frey. "Costumo trabalhar de uma maneira muito orgânica. Eu diluo tudo, misturo todos eles porque há uma causa que é comum, denunciar um governo hostil às nossas existências. Essa mistura é muito importante dentro da sala", continua.

O curador pensa que não seria possível concretizar esta exposição no Brasil. Neste sentido, siublinha a importância de a realizar fora do país, "para se falar de uma maneira muito directa, muito frontal, sem temer a repressão e a censura". O contexto seguro, a disseminação pelos meios de comunicação portugueses, que servirá de denúncia e contrastará com a abordagem dos meios de comunicação brasileiros aliados ao regime, bem como o alerta que as mensagens transmitidas são para todas as sociedades, são apontados como os aspectos mais importantes que justificam esta presença em Portugal.

Decorrerão, ainda, algumas actividades paralelas, que podes espreitar aqui.

Este artigo não segue as regras do Novo Acordo Ortográfico.

 

Texto de Raquel Botelho Rodrigues
Imagens e vídeos cedidos  pela assessora de imprensa da exposição, Beatriz Vasconcelos

Se queres ler mais notícias sobre a cultura em Portugal, clica aqui

 

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