fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Preliminares: Será isto amor?

*Esta é uma crónica da Marta Crawford, inicialmente publicada na Revista Gerador de março, lançada no…

Texto de Andreia Monteiro

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

*Esta é uma crónica da Marta Crawford, inicialmente publicada na Revista Gerador de março, lançada no dia 6 de março de 2020

Culpa e pressão são duas palavras que andam muitas vezes de mãos dadas e que nada dignificam a sexualidade, nem uma relação entre duas pessoas. O sentimento de culpa, que se instala em muitos casais quando A diz que não a B e B insiste, acaba geralmente com A a dizer que sim a B para que este não se chateie. Quando isto acontece uma vez, podemos dizer que o impacto é ligeiro na díade. Quando se repete com frequência, é porque B já sabe que se fizer pressão a A este vai ceder, e A sabe que, se B lhe fizer pressão, vai acabar por ceder porque não aguenta o peso da culpa, de não estar sempre disponível tal como B desejaria. A começa a achar que o problema é dela, e B confirma que se A não quer, A é que está mal, porque o «normal» seria A estar sempre disponível porque se amam. Quando esta equação se repete ao longo dos meses e dos anos, é completamente corrosiva para a relação.

Pois na prática A não devia ter de ceder a B, o ideal seria que A desejasse B e o procurasse ou que estivesse recetivo a B, porque o deseja. Mas A só pode desejar B, se B não estiver o tempo todo a fazer pressão para que A diga que sim. B sabe que, quando A quer e deseja, tudo é fantástico, mas quando A diz que sim em função da pressão de B, que A se coloca na posição de frango congelado, de punhos cerrados e pronta para o sacrifício. A, nesses momentos, pensa que já que tem de ir ao castigo, que o melhor é que seja rápido e «indolor». A nem se apercebe de que cada vez que disser que sim, sem vontade, que o sexo lhe vai provocar realmente dor – pois sem desejo, não lubrifica, não se excita, não consegue atingir o orgasmo e a ausência disto tudo acaba geralmente em dor e zanga. Neste contexto A cede a B, que sente que venceu, mas que no fundo se vai relacionar com um A ausente, sem desejo, sem entusiasmo. No final, B não fica com grande coisa e A fica com menos ainda, e com o «desejo ardente» que pelo menos no dia seguinte B não a chateie. Será isto amor?

-Sobre a Marta Crawford-

É psicóloga, sexóloga e terapeuta familiar. Apresentou programas televisivos como o AB Sexo e 100Tabus. Escreveu crónicas e publicou os livros: Sexo sem TabusViver o Sexo com Prazer e Diário sexual e conjugal de um casal. Criou o MUSEX — Museu Pedagógico do Sexo — e é autora da crónica «Preliminares» na Revista Gerador.

Texto de Marta Crawford
Fotografia de Diana Mendes

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

11 Março 2024

Maternidades

28 Fevereiro 2024

Crise climática – votar não chega

25 Fevereiro 2024

Arquivos privados em Portugal: uma realidade negligenciada

21 Fevereiro 2024

Cristina Branco: da música por engomar

31 Janeiro 2024

Cultura e artes em 2024: as questões essenciais

18 Janeiro 2024

Disco Riscado: Caldo de números à moda nacional

17 Janeiro 2024

O resto é silêncio (revisitando Bernardo Sassetti)

10 Janeiro 2024

O country queer de Orville Peck

29 Dezembro 2023

Na terra dos sonhos mora um piano que afina com a voz de Jorge Palma

25 Dezembro 2023

Dos limites do humor

Academia: Programa de pensamento crítico do Gerador

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Oficina Literacia Mediática

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Autor Leitor: um livro escrito com quem lê 

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Oficina Imaginação para entender o Futuro

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Financiamento de Estruturas e Projetos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Clube de Leitura Anti-Desinformação 

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Curso Política e Cidadania para a Democracia

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Criação e Manutenção de Associações Culturais

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

17 novembro 2025

A profissão com nome de liberdade

Durante o século XX, as linhas de água de Portugal contavam com o zelo próximo e permanente dos guarda-rios: figuras de autoridade que percorriam diariamente as margens, mediavam conflitos e garantiam a preservação daquele bem comum. A profissão foi extinta em 1995. Nos últimos anos, na tentativa de fazer face aos desafios cada vez mais urgentes pela preservação dos recursos hídricos, têm ressurgido pelo país novos guarda-rios.

27 outubro 2025

Inseminação caseira: engravidar fora do sistema

Perante as falhas do serviço público e os preços altos do privado, procuram-se alternativas. Com kits comprados pela Internet, a inseminação caseira é feita de forma improvisada e longe de qualquer vigilância médica. Redes sociais facilitam o encontro de dadores e tentantes, gerando um ambiente complexo, onde o risco convive com a boa vontade. Entidades de saúde alertam para o perigo de transmissão de doenças, lesões e até problemas legais de uma prática sem regulação.

Carrinho de compras0
There are no products in the cart!
Continuar na loja
0