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Geração Europa. Nasceu um movimento jovem que sonha com um projeto europeu “mais solidário, mais democrático e mais justo”

Geração Europa é um movimento que nasceu, no ano passado, da vontade de difundir a…

Texto de Flavia Brito

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Geração Europa é um movimento que nasceu, no ano passado, da vontade de difundir a cultura europeísta, em Portugal. Dele fazem parte jovens que não imaginam um futuro fora da União Europeia (UE), mas reconhecem que há vários pontos a melhorar para tornar o projeto europeu mais justo e solidário, e de forma a que "realmente envolva mais os países que dele fazem parte". Com este movimento querem chegar aos jovens, através das redes sociais, mas também através das escolas, onde planeiam, ao longo deste ano, dar palestras e contribuir para uma educação mais europeísta.

"Vi, na Geração Europa, algo que espelhava o apreço que tenho pela UE e, ao mesmo tempo, o espírito crítico que precisamos de ter para tornar o projeto europeu mais solidário, mais democrático e mais justo", partilha Íris Lá Féria, de 24 anos, ativista e licenciada em Relações Internacionais. "Há muito pouco espaço nos media mainstream e nos coletivos atuais que difunda o sentimento mais europeísta", nota Abel Rodrigues, jovem ativista, de 22 anos, natural do Brasil, mas a viver em Portugal desde 2018.

Ambos olham apreensivos para o "Brexit", para o “Polexit”, de que se falou, para a "quebra de direitos humanos que vêm acontecendo na Polónia e na Hungria" e para os movimentos populistas que têm ganhado espaço dentro e fora da união. 

Num período em que crescem os sentimentos anti-UE, o Gerador falou com estes dois ativistas, pertencentes ao Geração Europa, para perceber como olham para o projeto europeu, o que pensam do estado atual da UE, como avaliam a maneira como a instituição tem lidado com as alterações climáticas e a crise de migrantes, e também que razões encontram para o aumento de movimentos extremistas na UE e em Portugal.

Gerador (G.) – Na vossa opinião, a maioria das pessoas que são jovens hoje têm noção do quanto a sua vida é diferente por fazerem parte da União Europeia?

Abel Rodrigues (A.R.) – Hoje há a chamada geração Erasmus, e isso não seria nem um pouco possível senão houvesse esse grande avanço na integração europeia. Aliás, o próprio Erasmus surge para fortalecer essa questão da integração dos povos europeus. Nos países mais localizados na Europa Central, na população mais jovens, há muito esse sentimento europeísta. Aqui em Portugal, apesar de não se ver na população em geral, acredito que os jovens, pelo menos do que vejo, estão muito mais propensos a aceitar essa integração. Na parte mais velha da população, vejo muito questionamento em relação à UE, tanto pelo chegada do Euro... Obviamente quando cheguei a Portugal já havia Euro, mas vê-se, sobretudo, nas pessoas mais velhas, uma certa resistência que não se vê nas pessoas mais novas. Mas, ao mesmo tempo, também percebo que há muitas coisas, em Portugal, sejam construções, financiamentos de construções, de projetos, etc., que acontecem graças à União Europeia, através de Fundos Europeus, por exemplo, mas que as pessoas não dão conta. E, às vezes, compartilham daquele sentimento mais contra a UE, sem saberem que muitas das coisas de que beneficiam advêm da UE.

Iris Lá Féria (I.L.F.) É exatamente isso. É uma coisa que também vem com todas as gerações: se crescemos já com algo, temos tendência a tomar isso um pouco por garantido, mas, ao mesmo tempo, vejo o euroceticismo muito mais junto das camadas mais velhas da população, que, claro, viveram [a entrada no euro] de uma maneira que nós não vivemos – eu nasci em 97, o euro só entrou em circulação em 2002, mas era pequena, não tenho a mínima noção e nem sequer me lembro do escudo já. É natural que as gerações mais velhas sejam um pouco mais resistentes nesse sentido, porque realmente viveram, na altura em que tínhamos o escudo, viveram antes de Portugal integrar a União Europeia. Mas, nos jovens, vejo uma abertura maior nesse sentido. Os jovens que estudam, hoje em dia, têm a possibilidade de ir estudar para outros países da UE, graças ao Erasmus, de ter experiências culturais completamente diferentes, de conhecer pessoas novas. E mesmo a questão das fronteiras entre países e da facilidade que temos de viajar dentro da Europa, acho que as pessoas, se calhar, não se apercebem, de facto, da importância que a UE tem nesse sentido. Porque, se não fosse por isso, a facilidade de livre trânsito não seria, de todo, aquilo que temos agora. Acho que nós [jovens] vemos isso.

Esta geração, como repetem vezes e vezes sem conta, é a geração mais qualificada, e é uma geração que, embora em termos da participação prática na política, se calhar, não participar tanto, é a geração dos ativistas. A maior parte dos movimentos ativistas que temos, hoje em dia, são liderados por jovens, por pessoas das nossas idades e, portanto, não é que os jovens não estejam envolvidos, simplesmente, é uma maneira diferente de fazer política. E acho que a mesma coisa se aplica à UE. Portanto, [os jovens] têm essa noção, e é nesse sentido que o Geração Europa também surgiu. Mas há um bocadinho falta de conhecimento das coisas que realmente devemos à UE e de todos os projetos e contributos que a UE dá. Vimos isso também agora, na altura da pandemia, em relação às vacinas, à disponibilidade das vacinas e à velocidade com que foi possível vacinar, já vamos nas terceiras doses. Isto não seria possível, de todo, com a facilidade e a velocidade com que aconteceu, se não fosse pela integração europeia. 

G. - Como é que olham para o estado atual da União Europeia, e quais acham que são os principais desafios que se colocam neste momento?

A.R. Há um grande problema hoje nas estruturas da UE, que é a falta de aproximação com as pessoas. As pessoas elegem os membros do Parlamento Europeu, e aí é uma questão muito direta. Mas, por exemplo, são poucos os amigos que tenho que sabem como é eleito o presidente de Parlamento Europeu. Depois há a Comissão Europeia, mas há pessoas que nem sequer sabem que existe. Temos um parlamento que tem muito pouca iniciativa legislativa e poder vinculativo, que é o Parlamento Europeu, e depois um órgão que tem muito poder vinculativo, que é a Comissão Europeia, cujos membros as pessoas não sabem [como são eleitos]. Pode ser uma percepção errada minha, porque não vivi muito tempo para ver outro presidente da Comissão Europeia, mas só agora as pessoas começam, pelo menos, a saber o nome da presidente da Comissão Europeia, que é a Ursula von der Leyen. Acho que, antes dela, as pessoas nem sabiam quem é que estava lá, se existia, se não existia.

Depois há uma burocracia imensa. Temos imensos órgãos com nomes muito parecidos. Temos a Comissão Europeia, temos o Conselho, temos o Parlamento, depois temos um Parlamento em Bruxelas e um Parlamento em Estrasburgo. É uma confusão muito grande. Eu tenho muita dificuldade em entender isto, e acho que isso é um problema muito grande. Porque, quando as pessoas não se identificam, acho que não se sentem de todo representadas. Acho que é muito legítimo hoje as pessoas dizerem que a estrutura da UE não as representa, porque, de facto, acho que não representa. Mas isso é muito diferente de dizer que não queremos a UE. Temos que reconhecer as falhas que existem, as falhas de representatividade, as falhas de legitimidade, mas que devemos reconhecer para corrigir essas falhas, não para desmantelar toda essa estrutura.

G. O que se pode fazer para corrigir essas falhas que identificas?

A.R. Eu sou um entusiasta de uma federação europeia, mas essa não é a posição do Geração Europa. É importante fazermos essa separação. Na minha opinião, uma federação europeia poderia ter um Parlamento Europeu, eleito diretamente pelas pessoas, como já o é, um presidente europeu e um primeiro-ministro europeu que seja eleito por esse Parlamento. Um semi-presidencialismo, como acontece em Portugal. Acho que isso daria muito mais legitimidade para as tomadas de decisão. Seria um primeiro-ministro com poderes muito parecidos àquele que a Ursula von der Leyen já tem, obviamente, muito mais vinculativos, mas parecidos. Acho que, sendo [o primeiro-ministro] eleito diretamente por esse Parlamento, e tendo uma responsabilidade para com um presidente eleito diretamente por todos os povos da Europa, haveria muito mais legitimidade nessas tomadas de decisões. Mas, novamente, esta é a minha opinião pessoal.

I.L.F.  A minha opinião vai um bocado ao encontro da do Abel, do federalismo europeu. Já em Portugal é o que é com a burocracia; vemos o que é na UE. Há umas quantas questões a melhorar e há um desconhecimento geral, e uma falta de educação geral, da população em relação ao que é a estrutura da UE. Eu não sabia nada acerca da estrutura da UE, antes de ir para a licenciatura. E já na licenciatura foi um bocadinho confuso, porque temos o Conselho Europeu e depois temos o Conselho da União Europeia, que são duas coisas diferentes. É super confuso mesmo para quem estuda isto. Ainda bem que temos o Parlamento dos Jovens, em Portugal, temos escolas embaixadoras da UE, no país. Através disso tem-se vindo a conseguir dar um bocadinho mais de educação e interessar os jovens mais naquilo que é realmente a estrutura na UE. Mas existe um desconhecimento geral que, depois, vai dar àquilo que o Abel disse que é: as pessoas não se sentem representadas. E vemos isso refletido perfeitamente na taxa de abstenção, no que diz respeito depois às eleições europeias. Se a abstenção já é o que é nas autárquicas e nas legislativas em Portugal, nas europeias é ainda pior. Já trabalhei em mesas de voto em várias eleições. Trabalhei nas legislativas, trabalhei em presidenciais, trabalhei em autárquicas e trabalhei nas europeias, e é completamente diferente o nível de participação que vemos.

Abel Rodrigues, estudante de Programação. Ativista da Geração Europa e da Greve Climática Estudantil.

G. Acham que a UE defende os debates que os jovens consideram importante ter neste momento?

I.L.F. Um dos grandes focos da UE, neste momento, é a questão do combate às alterações climáticas, a neutralidade carbónica, e isso são realmente temas muito importantes. Mas há definitivamente temas que têm uma falta de representatividade, e existe uma falta de discussão dentro da UE. Mas é preciso uma reestruturação, claramente. É preciso educar mais as pessoas acerca do que é a UE, da estrutura da UE, como é que o Parlamento Europeu é eleito, e mostrar às pessoas o impacto que as decisões que são tomadas em Bruxelas, ou em Estrasburgo, têm depois naquilo que se passa a nível interno dos países. Porque acho que há uma desconexão muito grande ainda nisto e, se calhar, é daí que vem também depois a falta de participação a nível das europeias. Porque as pessoas na veem como é que algo que está ali tão longe as pode afetar.
G. Colocarias a responsabilidade de fazer essa comunicação do lado da União Europeia e, se calhar, até dos governos de cada país?

I.L.F. Sim, também dos governos. É por isso que depois, pessoalmente, também defendo o federalismo europeu, porque acho que, através do federalismo europeu, íamos dar uma maior representatividade dos países e dos cidadãos realmente dos vários Estados-membros dentro da UE. Ia ser possível, para as populações, sentirem-se mais ligadas e já não ia haver aquela desconexão daquilo que se passa na UE ser tão longe que não importa.

G. Como é que veem a ascensão dos movimentos extremistas na UE, incluindo em Portugal também?

I.L.F. Com preocupação. 

A.R. Eu sinto que estou a ver um replay de algo que já vi antes, no Brasil. Quase da mesma forma. Obviamente, no Brasil, com uma característica mais específica, e aqui também em Portugal, diferente, na forma em que começaram, mas é relativamente semelhante as ocasiões políticas, o contexto político. Por acaso, no Brasil, tínhamos um parlamentar ativo há muito tempo, num partido que ninguém conhecia – o nome dele também ninguém conhecia –, e que, com um discurso totalitário e muito racista mesmo, que vai contra todas as bases dos direitos humanos – nessa ideia de “nós contra eles” – foi eleito Presidente da República. E aqui em Portugal, também vejo isso, por exemplo, no líder do Chega, que não era um novo na política. Ele já era militante de um partido, e fez esse discurso do “nós contra eles”, aqui em Portugal. Em vez de ser brancos contra negros, fez portugueses contra ciganos, o que não faz sentido, porque ciganos também são portugueses. Mas com esse discurso, de “nós contra eles”, conseguiu uma certa visibilidade. Felizmente, não se conseguiu tornar Presidente da República, mas não podemos ignorar o facto de hoje ele liderar a terceira maior força política do país.

Sinto que isso vem muito do descontentamento das pessoas e, obviamente, as pessoas já não se sentem muito representadas no sistema. Portanto, aderem a esses movimentos, apesar de ele e o Chega não serem, de todo, anti-sistema. É esse o sentimento que tenho e, pessoalmente, acho que, em Portugal, os movimentos progressistas, os partidos progressistas, subestimam muito o líder do Chega, assim como, no Brasil, subestimavam muito o Bolsonaro, e, eventualmente, o Bolsonaro chegou ao poder. Assim sem ninguém dar conta, sem ninguém achar que seria possível. Eu vejo isso muito aqui em Portugal. Todo a gente fala muito “temos de combater a extrema-direita”, mas, ao mesmo tempo, todo a gente fala “não, não vai chegar ao poder, ou não vai ser presidente”, e eu não me surpreenderia se, numas próximas presidenciais, o líder do Chega se conseguisse tornar presidente, ou se, numas próximas legislativas, ele conseguisse ocupar o lugar que o PSD ocupa. Porque acho que isso subestima o descontentamento das pessoas. Acho que é uma coisa que não podemos fazer. 

I.L.F. A minha mãe é alemã. E eu, sendo portuguesa e sendo alemã, sou particularmente sensível à questão dos extremismos. Nós sabemos o papel que tiveram na Europa e no mundo, e é com muita preocupação que vejo o crescimento dos extremismos e dos populismos, não só na Europa, como em Portugal. Vimos, na Europa, já com a Marine Le Pen. E vimos, nos Estados Unidos, com o Donald Trump, na altura também. É preocupante. E uma coisa que as pessoas têm de perceber é: as pessoas que apoiam este tipo de movimentos, muitas vezes não são pessoas ignorantes. Conheci vários colegas meus, de curso aliás, que estudaram relações internacionais, que apoiam o Chega e apoiam movimentos extremistas. E isso tem muito a ver com descontentamento, tem muito a ver com o cansaço geral, e o facto de as pessoas não se sentirem representadas e não se sentirem identificadas.

Se subestimamos essas pessoas, aí é que se torna perigoso. O líder do Chega é uma pessoa educada, é uma pessoa com estudos, cuja tese de doutoramento fala sobre populismo, o que é irónico. Portanto, é alguém que sabe perfeitamente aquilo que está a fazer, que viu que o discurso em relação aos ciganos pegou e continuou a fazê-lo. Mas também, temos que analisar criticamente, quando vamos analisar os debates, como foram agora os das legislativas, em que ele esteve com outros líderes partidários. É um replay constante das mesmas ideias. São vazias em termos de valores. E isto porquê? Porque é aquilo que mais facilmente chega à maioria das pessoas. Se for algo assim mais geral, e algo que toca no sentimento de medo e no sentimento de descontentamento que as pessoas têm, é a única coisa que é necessário para este tipo de movimentos crescerem e chegarem ao poder, e vemos isso agora. O Chega tornou-se a terceira força política no Parlamento. O que é preocupante, e vejo isso com muita preocupação, da mesma maneira que vi, na altura, na Alemanha, quando a Alternativa para a Alemanha (AFD), que é o movimento neo-nazi chegou ao Parlamento. E continua lá. E isto é na Alemanha, em que a educação é muito maior e incide muito mais, em termos da História, na prevenção do crescimento deste tipo de coisas. Portanto, em Portugal e noutros países em que não existe esse tipo de educação, é natural que se veja isto a a acontecer. É aquela coisa da História ser cíclica e de repetirmos a História. Gostava que não acontecesse, mas, infelizmente, as situações políticas, económicas, de crise e agora com a pandemia, o descontentamento das pessoas está num “all time high”. E é fácil, para pessoas, com este tipo de retórica aproveitarem-se disso e usarem isso como arma política. É preocupante, e é algo que temos que combater. 

Íris Lá Féria, licenciada em Relações Internacionais e ativista do Geração Europa.

G. Consideram que a UE tem dado uma resposta efetiva à crise das alterações climáticas? 

A.R. Enquanto ativista climático, diria que não. A UE demorou a levar a sério o problema das alterações climáticas e, de facto, só está minimamente a levar a sério por causa da pressão popular. Obviamente, diria que a União Europeia, em termos de instituição governamental, é uma das instituições governamentais que mais leva a sério esse problema, mas acho que ainda não leva a sério o suficiente. A questão de colocar o gás na taxionomia verde, por exemplo, para mim, representa um grande retrocesso. Acho que a Comissão Europeia tem poderes vinculativo que poderia usar para vincular os países a parar a exploração fóssil e não utiliza. Entendo que as coisas não podem ser feitas de uma hora para a outra, sei que isso seria populista. Mas, de facto, temos um problema muito grande que é o subsídio à indústria fóssil. E já temos a capacidade logística, temos a capacidade tecnológica para diminuir esses subsídios até ao ponto de acabar com incentivos fiscais a uma indústria que polui demais. Não há motivos para não se deixar de subsidiar a indústria fóssil, por exemplo, e usar toda essa quantia gigantesca de dinheiro para subsidiar, por exemplo, a pesquisa em quaisquer outras tecnologias, seja do hidrogénio, seja do sódio, mesmo a do lítio, embora muito polémica. Incentivar investigações para tentar ver uma forma mais sustentável de se usar o lítio, ou não. Enfim, há o dinheiro e ele está a ser muito mal usado. Acho que o problema da UE é dizer “nós reconhecemos que existe o problemas das alterações climáticas”, mas, ao mesmo tempo que fala isso, de facto, não direciona mais dinheiro para tecnologias e para fontes de energia mais verdes, ao mesmo tempo também que dá dinheiro para a indústria fóssil, que já ganha muito dinheiro e não entendo por que precisa de mais.

G. E como acham que a UE está a lidar com a crise dos migrantes?

I.L.F. Ia dizer “como pode”, mas também não. Está a lidar da maneira que as políticas nacionais de cada país também permitem. Vemos uma pressão muito grande dos Estados, depende muito do que cada Estado está disposto a contribuir e a fazer. E claro que a UE não pode impor a sua vontade aos Estados, porque temos a questão da soberania dos estados. Os estados ainda podem decidir, até que ponto querem contribuir, e se estão capazes ou dispostos a contribuir. Mas a crise dos migrantes é uma questão preocupante. Se calhar, sou um bocado utópica neste sentido e um bocado otimista, mas gostava de ver uma melhor resposta. E vejo isso também em relação à ONU. Também me preocupa bastante na questão dos direitos humanos. Considero que, tanto a ONU como a União Europeia, precisam de reformas e de reestruturação urgentes para darem uma resposta atual aos problemas atuais. Porque são instituições que são necessárias, são instituições sem as quais não podemos realmente fazer aquilo que é preciso. É preciso uma resposta europeia, é preciso uma resposta mundial aos problemas da atualidade, é preciso uma resposta conjunta dos países. E para isso é preciso que as instituições e as organizações internacionais também se atualizem para conseguirem dar uma resposta mais eficaz aos problemas que temos, e isso inclui a crise migratória. Temos de conseguir dar resposta e conseguir das asilo a estas pessoas, que vêm de climas de conflito e a temer pela suas vidas e que, simplesmente, vêm à procura de melhores condições de vida e de se sentirem minimamente seguras. Não terem de pensar se, no dia a seguir, estão vivas ou não. Se correm perigo de vida ou não. É muito uma questão de direitos humanos e acho que aí a UE e a ONU têm um papel importante e é mesmo necessário que se reconsidere aqui o papel da solidariedade entre os vários estados e com os outros povos. 

Texto por Flávia Brito
Fotografias da cortesia do Geração Europa

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