Portugal é um país marcado por profundas assimetrias regionais. O problema é antigo e acentua-se década após década, com a concentração de pessoas, empregos e atividades numa estreita faixa litoral. Há sinais de mudança, mas ainda tímidos.
«Se consigo singrar em Lisboa, tenho de conseguir singrar de onde venho e na cidade onde estou, onde cresci.» Foi com esta determinação que Ana Morais, de 35 anos, regressou a Mirandela, depois de quase vinte anos a residir fora do concelho onde cresceu e viveu até aos 17. É uma dos milhares de jovens, naturais do interior do país, que decidiram sair desses territórios, rumo às grandes cidades urbanas do litoral, à procura de mais e melhores oportunidades de emprego. Ana voltou, mas não faz parte da maioria.