fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Texto de Leitor

Educação, filho bastardo

A Carta do Leitor de hoje chega-nos pelas mãos de Patrícia Vinhais, que nos fala sobre a falta de professores.

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

A poucos dias das eleições legislativas comparam-se propostas e assiste-se aos 25 minutos inflamados dos debates eleitorais. Viva a democracia! A educação, apesar de constar no programa de todos os partidos, é um assunto cujo foco se centra apenas na discussão “escola pública VS escola privada” e na legitimidade do carácter obrigatório de certas disciplinas. E isto diz muito sobre como é vista a educação em Portugal…

“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”.  Paulo Freire foi um educador brasileiro que deixou marcas profundas na história da pedagogia e é o autor desta premissa que encerra a importância da educação enquanto pilar fundamental da sociedade, pelo seu poder transformador. O contexto finlandês é facilmente relacionável com esta ideia. De facto, a educação teve e continua a ter um papel preponderante na construção das bases sólidas do país e é vista como polo de prosperidade. Não são, por isso, inesperadas as palavras da ex-Ministra da Educação finlandesa, Sanni Grahn-Laasonen, quando, em entrevista ao Diário de Notícias, em 2018, afirmou que “muitos dos nossos jovens talentosos querem ser professores. É uma profissão respeitada”.

Por cá o cenário é bem diferente. São cada vez menos os jovens a optar pela carreira de professor. Segundo os dados do relatório do Conselho Nacional de Educação – CNE – referente ao estado da educação em 2019, no que diz respeito ao curso de Educação Básica “após a subida registada entre 2008/2009 e 2011/2012, (…) em termos de alunos inscritos, registou-se uma diminuição de cerca de 50% entre 2011/2012 e 2017/2018”. Segundo o mesmo relatório, e contrariamente ao que acontece na Finlândia, em Portugal, as notas de ingresso para a frequência de cursos que habilitem para a docência são das mais baixas, sobretudo quando se analisa a evolução das classificações mínimas de ingresso, ao longo da década. 

Há vários fatores que podem explicar o desinteresse dos jovens pela área da educação, mas para Rui Trindade há um que parece congregar todos eles. O investigador dizia em 2011, no artigo As políticas educativas como obstáculo à escola democraticamente organizada, que a carreira docente é “objeto de um processo inequívoco de desvalorização salarial e social”. De 2011 para cá, pouco parece ter mudado. Segundo o relatório do CNE, apenas 9,1% dos professores portugueses considera a profissão valorizada pela sociedade, percentagem muito inferior aos 58,2% registados na Finlândia.

É verdade que não se pode exigir ao sistema de ensino português aquilo que é feito no contexto Finlandês. As circunstâncias que sustentam ambos os modelos são muito diferentes. Também é verdade que a educação em Portugal assistiu a uma grande evolução desde o pós-25 de abril. No entanto, há ainda muito a fazer e o caso da Finlândia é um exemplo a não perder de vista. Até porque, se nada se fizer a respeito da representação social dos professores e da profissão, o caminho que percorremos pode afigurar-se perigoso, já que sem competitividade na área, a seleção de professores seguirá critérios de qualidade pouco exigentes. Dessa forma, o ciclo de descredibilização não será quebrado, a mudança das pessoas ficará aquém e a transformação do mundo será apenas uma miragem. 

Se quiseres ver um texto teu publicado no nosso site, basta enviares-nos o teu texto, com um máximo de 4000 caracteres incluindo espaços, para o geral@gerador.eu, juntamente com o nome com que o queres assinar. Sabe mais, aqui.

Texto de Patrícia Vinhais

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

3 Outubro 2024

Carta do Leitor: A esquizofrenia do Orçamento

12 Setembro 2024

Carta do Leitor: Por filósofos na sala de aula

29 Agosto 2024

Carta do Leitor: GranTurismo de esplanadas

22 Agosto 2024

Carta do Leitor: Prémios, diversidade e (in)visibilidade cultural

1 Agosto 2024

Carta do Leitor: Sintomas de uma imigração mal prevista

18 Julho 2024

Carta do Leitor: Admitir que não existem minorias a partir de um lugar de (semi)privilégio é uma veleidade e uma hipocrisia

11 Julho 2024

Carta do Leitor: Afinar a curiosidade na apressada multidão

3 Julho 2024

Carta do Leitor: Programação do Esquecimento

23 Maio 2024

Carta do Leitor: O que a Europa faz por mim

16 Maio 2024

Carta do Leitor: Hoje o elefante. Amanhã o rato

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Artes Performativas: Estratégias de venda e comunicação de um projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Patrimónios Contestados [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Escrita para intérpretes e criadores [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Gestão de livrarias independentes e produção de eventos literários [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

Ativismo climático sob julgamento: repressão legal desafia protestos na Europa e em Portugal

3 MARÇO 2025

Onde a mina rasga a montanha

Há sete anos, ao mesmo tempo que se tornava Património Agrícola Mundial, pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), o Barroso viu-se no epicentro da corrida europeia pelo lítio, considerado um metal precioso no movimento de descarbonização das sociedades contemporâneas. “Onde a mina rasga a montanha” é uma investigação em 3 partes dedicada à problemática da exploração de lítio em Covas do Barroso.

A tua lista de compras0
O teu carrinho está vazio.
0