fbpx
Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Ermelinda do Rio

A 20 de Dezembro, pelas 21h30, no Fórum Luísa Todi, estará em cena a peça…

Texto de Raquel Rodrigues

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

A 20 de Dezembro, pelas 21h30, no Fórum Luísa Todi, estará em cena a peça Ermelinda do Rio, nocturno para voz e concertina, de João Monge, interpretada e encenada por Maria João Luís, com música ao vivo  para três contrabaixos de José Peixoto, tocada por  Miguel Leiria Pereira, Sofia Pires e Sofia Queiroz Orê-Ibir. Trata-se de um testemunho da maior catástrofe natural conhecida em Portugal, desde o terramoto de 1755, as cheias do Tejo a 26 de novembro de 1967, no Ribatejo e nos arredores de Lisboa.

Desta memória dorida nasceu, das mãos de João Monge para a boca de uma menina e de sua mãe, que perdem parte da família e dos amigos neste contexto, um poema narrativo. Apresenta-se como uma obra catártica, na medida que Maria João Luís, aos 4 anos de idade, viveu esta tragédia na noite de 25 para 26 de novembro, quando morava em Alhandra com a família. A sua mãe chamava-se Ermelinda. Foi a partir de uma entrevista da actriz e encenadora, que o autor da peça, João Monge, teve conhecimento desta história particular, que arrasta muitas outras, unidas por uma mesma noite, que ficou conhecida, mais tarde, como "noite do fim do mundo".

Desde pequena que Maria João Luís tem um sonho recorrente, onde se vê deitada num caixão ao lado da mãe, conversando com ela. Nunca havia entendido o sentido deste, mas, no processo de construção da peça, ao longo dos ensaios, compreendeu que "era o medo que tinha" de a perder. O cenário "é uma casa que emerge da lama e é, curiosamente, uma coisa enorme para uma só pessoa, um objecto gigante, onde anda uma criatura meio perdida à procura da sua memória, da sua identidade", conta à TSF.

A ditadura silenciou a devastação de cerca de 700 vidas, sobretudo nas regiões de Lisboa, Olival Basto, Pontinha, Odivelas, Barcarena, Colares, Alverca, Alhandra, Alenquer e Queluz. Contudo, na localidade de Quintas, no concelho de Vila Franca de Xira, registou-se a morte de um terço da população. Entre esta multidão que foi com as águas, encontrava-se a avó paterna de Maria João Luís e trinta familiares. A actriz não tem uma memória nítida deste acontecimento, assim como "muita gente", e considera que isso se deve, provavelmente, ao "medo que as pessoas sentiam de falar de uma coisa que não era bem vista pelo próprio governo. Há aqui qualquer coisa no esquecimento, que também é uma repercussão, quanto a mim, deste Estado fascista, provocada pela necessidade de conter, que existia em toda a gente", diz à TSF.

A peça estreou a 7 de Junho deste ano, no Teatro Cinema de Ponte de Sor, sede do Teatro da Terra, a companhia da actriz, responsável pela produção.

Para adquirires os bilhetes, clica aqui.

Se quiseres saber mais sobre este tema, aconselhamos a reportagem da TSF, "Exposição Cheias de 67 - Vila Franca de Xira", inserida no "Terra-a-Terra".

*Artigo ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1945

 

Texto de Raquel Botelho Rodrigues
Fotografia de Vitorino Coragem

Se queres ler mais notícias sobre a cultura em Portugal, clica aqui.

 

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

17 Junho 2022

Gostas de uma boa história? “As ondas” a partir de Virginia Woolf estará em cena até ao dia 25 de junho

10 Maio 2022

Língua: Festival de teatro em línguas minoritárias está a chegar a Barcelos

29 Março 2022

Leirena Teatro cria espetáculo inspirado na poesia de Saramago

24 Março 2022

Abril traz música e teatro para miúdos e graúdos ao palco de Almada

22 Março 2022

D. Maria II assinala Dia Mundial do Teatro com espetáculos presenciais e online

2 Março 2022

‘Soundcheck’: Rock n’Roll e protestos chegam ao palco de Guimarães

20 Janeiro 2022

‘Mater’: a herança feminina e a maternidade em cena no Teatro Meridional

28 Outubro 2021

Coletivo SillySeason apresenta a peça ‘Hotel Paraíso’ no Funchal

23 Agosto 2021

Teatro do Silêncio caminha pela fronteiras de Lisboa, “sejam elas quais forem”

10 Agosto 2021

Festival Internacional de Teatro de Setúbal acolhe “Mata”, uma estreia a assinalar

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Práticas de Escrita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Comunicação Digital: da estratégia à execução [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Pensamento Crítico [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online e presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

O Parlamento Europeu: funções, composição e desafios [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Soluções Criativas para Gestão de Organizações e Projetos [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Produção de Eventos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online ou presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Narrativas animadas – iniciação à animação de personagens [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação à Língua Gestual Portuguesa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

22 ABRIL 2024

A Madrinha: a correspondente que “marchou” na retaguarda da guerra

Ao longo de 15 anos, a troca de cartas integrava uma estratégia muito clara: legitimar a guerra. Mais conhecidas por madrinhas, alimentaram um programa oficioso, que partiu de um conceito apropriado pelo Estado Novo: mulheres a integrar o esforço nacional ao se corresponderem com militares na frente de combate.

1 ABRIL 2024

Abuso de poder no ensino superior em Portugal

As práticas de assédio moral e sexual são uma realidade conhecida dos estudantes, investigadores, docentes e quadros técnicos do ensino superior. Nos próximos meses lançamos a investigação Abuso de Poder no Ensino Superior, um trabalho jornalístico onde procuramos compreender as múltiplas dimensões de um problema estrutural.

A tua lista de compras0
O teu carrinho está vazio.
0