O Fatal é um daqueles festivais cheios de história que continua, todos os anos, a criá-la.
Desde o seu primeiro ano, em 1999, que leva a cabo a sua missão de promover e divulgar o teatro universitário português, trabalhando para que este tenha espaço na vida cultural portuguesa.
Este ano, entre os dias 10 e 19 de Maio, o Fatal apresenta cerca de 20 espectáculos, que estão distribuídos por várias categorias:
Em Competição
Os espectáculos seleccionados por um grupo de especialistas e que estão em competição
Mais Fatal
Espectáculos, igualmente incríveis, que não integram a competição
Fatal Convida
Grupos internacionais, convidados a estar presentes e que contribuem para a diversidade do festival
Nesta edição o Fatal homenageia, ainda, o Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC) que, este ano, comemora 80 anos de vida. É o teatro académico, em actividade contínua, mais antigo da Europa e, acima de tudo, é uma grande escola de actores, encenadores, cenógrafos, figurinistas, técnicos de luz, ou de som.
A programação integra ainda um conjunto de workshops dedicados ao trabalho de actor, à dramaturgia, à voz ou à sonoplastia, para que nenhum tema fique por tratar ;-)
Os espectáculos estão distribuídos por várias salas da cidade de Lisboa, desde o Caleidoscópio no Campo Grande, à Cantina Velha na Cidade Universitária, à Comuna, ao Teatro Thalia aos Auditórios da Biblioteca de Marvila, do ISCTE, Carlos Paredes e Orlando Ribeiro ou o Pólo Cultural Gaivotas Boavista.
Deixamos-te um cheirinho de 5 espectáculos:
As Irmãs do Pecado - 10 de Maio às 21h
Na Cantina Velha, Auditório do Refeitório dos SASUL
Cénico de Direito | Faculdade de Direito da ULisboa
José deixa este mundo e Matilde fica viúva com uma filha, Maria José, a seu cargo, já que a outra, Rosário, cuja mão se encontrava prometida a Jorge, depressa sai de baixo das suas saias. Passaram-se alguns anos e a vida, mutável como ela mesma, traz-nos Basílio e José Maria. Depressa apercebemo-nos que não poderia haver maior tragédia que aquela que é trazida pela desgraça do amor e da paixão. Esta é uma trama trágica onde a roleta russa do destino nunca pára de girar trazendo consigo consequências imprevisíveis e catastróficas.
Última estação - 14 de Maio às 18h
No Auditório do ISCTE
mISCuTEm - Grupo de Teatro do ISCTE-IUL
Abandonada, uma pessoa revive a sua história de amor, enquanto a escreve e a lê. Talvez não como aconteceu, talvez como poderia ter acontecido, talvez como a imagina. Talvez. Reescreve a sua verdade. Assim como no palco, onde nada é estanque e tudo se refaz, re-imagina, recomeça. Quem nos garante que a verdade é absoluta? Se Music-Hall e História de Amor (últimos capítulos) não fossem dois textos distintos, seriam um espectáculo assim. A continuação um do outro. Ou um no outro.
Baseado em Music-Hall e História de Amor (últimos capítulos), de Jean-Luc Lagarce.
Não Kahlo - 16 de Maio às 22h
Na Comuna - Teatro de Pesquisa
D. Mona - Universidade de Lisboa
Não Kahlo é canibalista. Comeu a orelha direita de Van Gogh.
Não Kahlo é cleptomaníaca. Roubou as rosas de Santa Isabel para adornar os cabelos de Frida.
Não Kahlo é contra-hegemónica. Arrancou o bigode de Dali para fazer a peruca de Barloff.
Não Kahlo é inconformada. Abriu a vala de Shakespeare para desenterrar a caveira de Yorick.
Não Kahlo é amante. As suas criações são exercícios espirituais.
Não Kahlo é iconoclasta. Subtraiu um prego à cruz e pregou-o na lista telefónica.
Não Kahlo é a acção de se desdobrar em infinitas mulheres.
Arquitectura dos Pássaros - 18 de Maio às 21h
No Auditório Carlos Paredes
TEUC - Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra
“Em Paris há uma rua
Nessa rua há uma casa
Nessa casa há uma escada
Nessa escada há um quarto
Nesse quarto há uma mesa
Nessa mesa há uma toalha
Nessa toalha há uma gaiola
Nessa gaiola há um ninho
Nesse ninho há um ovo
Nesse ovo há um pássaro.
O pássaro derrubou o ovo
O ovo derrubou o ninho
O ninho derrubou a gaiola
O gaiola derrubou a toalha
A toalha derrubou a mesa
A mesa derrubou o quarto
O quarto derrubou a escada
A escada derrubou a casa
A casa derrubou a rua
A rua derrubou a cidade de Paris.”
(canção infantil - Les Deux-Sèvres - Paul Éluard, Poésie Involontaire et Poésie Intentionnelle)
Três Tristes Tigres - 19 de Maio às 21h
No Auditório Carlos Paredes
TUP - Teatro Universitário do Porto
Três tristes tigres que são feitos de papel.
Olhos de animal, olhos de ser ninguém.
Três tristes tigres que são um de cada vez.
Três tristes tigres que vivem e não são três.
Três tristes tigres com casas de corpo pele.
E uma casa é onde o corpo é.
Três tristes tigres que não são tigres nem três.
Nem tristes são, são quem são, vivem a viver.
E uma casa é onde o corpo é.
E uma casa é onde o corpo é.
E o que nos resta é o corpo que casa é.
Vivemos sós, numa ilha que não se vê.
Descobre a programação completa do Fatal aqui ;-)