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Mariana Duarte Silva: “Não há tempo para uns, mas há tempo muito mal aproveitado para outros.”

A Academia Gerador realizou, em 2021, um estudo em que questionou os portugueses sobre quais…

Texto de Patrícia Nogueira

Mariana Duarte Silva, co-fundadora e directora do Village Underground Lisboa. Diana Tinoco

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A Academia Gerador realizou, em 2021, um estudo em que questionou os portugueses sobre quais seriam as maiores dificuldades que os jovens enfrentam hoje em dia. Pedimos aos inquiridos que classificassem, numa escala de 1 a 10, em que 1 significa “nada difícil” e 10 significa “muito difícil”, as seguintes áreas: habitação; emprego; educação; família; tempo para vida social e para lazer; conexão social; saúde mental e bem-estar.

Ao observarmos os resultados, compreendemos que os portugueses consideram que, hoje em dia, as maiores dificuldades enfrentadas pelos jovens estão relacionadas com a habitação (comprar ou alugar casa), atribuindo-lhe, em média, 8.7 pontos. Em segundo lugar, surge o emprego (conseguir autonomia financeira, trabalho estável e/ou na área de formação). De seguida, avaliada com 7.4, surge a dificuldade de conseguir constituir família.

Só depois, com classificações menores que 7, surgem os outros aspetos: a saúde mental, a educação, o tempo para o lazer e para a vida social, e, por último, com uma classificação abaixo de 6, a conexão social.

Depois de analisar estes dados, o Gerador decidiu lançar uma nova rubrica investigativa, composta por 7 entrevistas, realizadas a 7 jovens diferentes.

Todas as semanas iremos abordar, junto de um entrevistado, um dos temas trazidos à discussão por este questionário. Depois de termos desafiado a Joana Freitas a falar sobre habitação, hoje vamos falar com a Mariana Duarte Silva sobre o tempo para a vida social e para lazer.

A dimensão tempo para vida social e para lazer (atividades culturais, sociais e de entretenimento) não foi considerada uma das maiores dificuldades para a juventude, surgindo em penúltimo lugar com uma média global de 6.4. Estes valores são ainda mais baixos entre os jovens de 15–24 anos, que a classificam com apenas 5.7.

O tema tempo é sempre suscetível de várias ilações, principalmente quando falamos de jovens. Por isso escolhemos a Mariana Duarte Silva que, para além de trabalhar há mais de 20 anos na indústria musical, promovendo novos talentos e DJ de música eletrónica, conhece o mercado português e viveu de perto o mercado londrino, “um mercado totalmente diferente”. Está ligada à cultura mais alternativa e a uma “nova Lisboa” global e criativa, sendo conhecida em painéis internacionais e nacionais, como o Creative Mornings. A Mariana venceu ainda o Prémio Inovação da revista Máxima e Jornal de Negócios em 2014, e fez parte da lista das 50 mulheres que mais fazem pela cidade de Lisboa, compilada pela revista Time Out. Mas nem só de cultura lisboeta é feito o percurso de Mariana, mas também do projeto que criou, o Skoola, uma Academia de Música Urbana dentro do espaço do Village Underground, “onde aprender música não segue as regras ou modelos convencionais”. O Skoola é um espaço junta jovens até aos 18 anos, de várias realidades, com um único objetivo: serem eles próprios e descobrir o seu potencial musical, a sua identidade artística.

Será que temos mesmo tempo para tudo? E dentro desse tudo, onde fica a cultura?

Gerador (G.) – Quando estava a estudar, tinha tempo para ir a eventos, consumir cultura?

Mariana Duarte Silva (M. D. S.) – Já foi há algum tempo… mas tinha tempo, sim. Sou a segunda mais nova de sete irmãos, o meu pai já tem 80 anos e a minha mãe 70 e poucos, portanto tenho uns pais que me deram uma educação mais formal, e o meu pai não me deixava sair à noite até ao 11.º ano, não gostava que eu saísse, não compreendia, era outra cultura. Por isso, nunca fui a bares nem a discotecas antes dos 16, mas consumia outro tipo de cultura – ia ao cinema, ao teatro, à ópera, a museus e até fiz um inter-rail. Mas não era uma pessoa que estivesse muito na rua, porque era um pouco mais protegida, introvertida, e todo o meu ambiente era muito familiar. Depois acumulei tanta vontade – que ainda hoje é gozada pelo meu pai que diz que virei um “bicho da noite” – que deu origem à minha profissão. Comecei a sair mais à noite a partir dos 17, 18 anos, a consumir música eletrónica, a conhecer pessoas do meio da música, dos clubes, DJ, mas na minha família sempre passámos muito tempo à mesa, e à mesa sempre falámos dos livros que cada um lê, dos filmes e séries que cada um vê, até temos um grupo onde estamos sempre a trocar dicas, há muita discussão à volta disso.

G. – Enquanto estudava, também trabalhava?

M. D. S. – Na universidade, fiz cinco anos de Gestão e tinha um grupo que era o meu grupo de estudo, mas fora da universidade tinha outros amigos com quem comecei a sair à noite e a estar mais, a ter mais acesso a cultura. Depois fiz um ano fora em Grenoble, França, mas durante a universidade, foi quando descobri a música, e as minhas saídas eram mais direcionadas para ir ouvir aquela banda ou aquele DJ, ou descobrir aquele clube, foi mais por aí do que outra coisa qualquer… Eu dediquei-me a acabar o curso no tempo que era suposto, e as minhas saídas eram mais pontuais, foi muito estudo. Não trabalhava regularmente, mas fiz muitos trabalhos como hospedeira, por exemplo, e aí, sim, esse dinheiro que eu recebia, era para coisas do dia a dia. Mas e agora fazes-me pensar nisso… Porque a minha vida na universidade foi só estudo, muito estudo, muito compromisso com um curso que era muito pesado, por isso era um misto de falta de tempo com ‘vamos acabar este curso!’.

G. – Olhando para trás, arrepende-se – e talvez esta seja uma palavra mais pesada –, de não ter ido a mais eventos, de ter consumido mais cultura?

M. D. S. – Não é bem arrependimento, foi o que foi. Eu odiava estudar, mas meti na cabeça que aquilo tinha de ser feito, e consumia-me muito tempo. Sempre estudei de tarde e de noite era para dormir. Foram cinco anos de muito estudo, tirando o ano de Erasmus onde descontraí mais, de resto era só estudar. Lembro-me de que no 4.º e 5.º anos já saía mais à noite e começava a organizar as minhas festas, mas era mais noite, DJ, música eletrónica e muitos concertos. Aproveitei a cidade de Lisboa, o que era de entrada gratuita, muitos jardins, piqueniques, e, quando havia uma ou outra exposição que nos interessasse, organizávamo-nos e íamos, mas confesso que sou mais consumidora de cultura agora, em adulta, do que fui em estudante.

G. – Sentia uma diferença de acesso à cultura, e disponibilidade para a vida social entre Portugal e Londres?

M. D. S. – Não quero parecer a parva que diz bem sobre o que se passa lá fora e compara com Portugal, mas não tem nada que ver a quantidade de oferta cultural que existe numa cidade como Londres. Londres não para, tem tudo, desde gratuito a pago, no jardim, no parque, nos teatros, na rua, é overwhelming. Às tantas lembro-me de pensar “parem, por favor, não consigo ir a todo o lado”, mas lá está, também fui para Londres com o objetivo de desenvolver a minha carreira na música enquanto manager, procurar novos talentos e organizar as minhas produções e eventos. Por isso, a minha vida era mais ligada a isso. Mas pode dizer-se que sim, em Londres, foi quando consumi mais eventos de cinema, cinema ao ar livre, teatro imersivo em caves, túneis, as primeiras rotas de street art, em 2007/2008, concertos com nomes incríveis, uns gratuitos e outros não, é incomparável a oferta cultural de Londres, até com qualquer outra cidade. Em Londres, existe muita produção, muitos jovens a produzir e há um apoio muito grande também das instituições que são menos burocráticas e descomplicam o acesso ao dinheiro. Também existem muitos bairros que impulsionam o talento dos seus moradores para fazer as coisas acontecer, é completamente diferente. Quando vinha a Lisboa, pronto, era o que havia… Também, confesso, que sei que há muito mais coisas em Lisboa a acontecer (cada vez há mais e de qualidade), e eu vejo, à minha volta, os meus amigos a irem mais ao teatro, a mais concertos, às bienais, festivais, eventos internacionais, e não só em Lisboa. Eu acho que a oferta está bastante rica, não sei é se é muito bem comunicada e chega a um público muito abrangente. O problema da oferta cultural cá é a falta de comunicação para nichos ou de coisas que supostamente são para nichos e só se focam em comunicar para nichos, e depois o resto do publico não sabe delas e chegas ao evento e estão quatro pessoas na plateia, e é uma pena, porque há todo um grupo que trabalhou para aquilo. Há um desfasamento entre o que se está a produzir, o que se está a comunicar, e a capacidade de chegar às pessoas. Mas que há muita oferta há, e muita de qualidade.

G. – Ia perguntar exatamente isso, que retrato faz das atividades culturais e do entretenimento em Portugal. É feito para todos, a nível monetário e de tempo?

M. D. S. – Eu acho que é para todos. Claro que há alguns eventos culturais mais elitistas e que têm um preço menos acessível, mas não quero comparar quanto é que os jovens ganham ao final do mês e quanto podem gastar em cultura. Não quero entrar por aí, sei que se ganha pouco, sei que o salário mínimo e médio é pouco e devia ser mais alto, mas também sei que há bastante oferta cultural, acessível, ou por ser gratuita ou porque custa 5 €. Podemos enumerar vários eventos culturais pelos quais é pena não haver um bilhete à porta. E aí entramos noutra questão, a da desvalorização do espetáculo, uma tendência que pandemia veio trazer, por causa da precariedade da cultura. É necessário cobrar-se dinheiro à porta para qualquer tipo de espetáculo. Obviamente que têm de existir espetáculos de entrada livre, porque são financiados pelo Estado, ou por outras instituições e são pelo princípio de entrada livre, mas outros programas culturais que são produzidos por entidades privadas, mas depois não se cobram entrada porque se baseiam em vendas de bebida alcoólicas ou patrocínios, e isso desvaloriza o artista ou a casa. Por exemplo, no Village Underground, temos vários DJ com entrada livre, mas porque é entrada livre para o nosso restaurante e não vamos cobrar entrada no nosso restaurante, e nesse caso o nosso artista ganha um fee baixo e uma percentagem do que fazemos no bar. Arranjámos essa forma de ser valorizado, mas tudo o que seja eventos à porta fechada e que exija uma produção maior, como o caso de teatros e performances de dança, nós temos de cobrar. Por vezes cobramos 5 € ou 10 €, mas há uma perceção por parte do público e uma cultura muito errada por parte da procura que é: desvalorizar. É cultural dos portugueses acharem que tudo tem de ser de entrada livre. Há muito trabalho por trás de bastidores, não só da experiência do artista como de trabalho (o que estudou, o que ensaiou os custos todos por trás de uma performance), e o público em geral não tem essa perceção, e acha que é tudo mais caro do que aquilo que devia ser. É como consumirmos Spotify, porque não nos custa dar 9 € no final do mês e temos tudo disponível, mas mesmo assim já achamos que estamos a pagar demasiado. No entanto, se virmos bem os artistas recebem uma infimíssima parte daquilo, não há uma perceção boa de quanto vale o artista e a performance e tudo aquilo que este põe em cima do palco, e eu tenho pena disso.

G. – Acha então que esta nova geração que tem acesso ilimitado à cultura, tem tendência em valorizá-la ou desvalorizá-la?

M. D. S. – Tem tendência a desvalorizar, porque não entendem, com essa idade (e eu só agora é que percebo também), a quantidade de trabalho, esforço, dedicação e suor que existe por trás de um espetáculo cultural. Quando eu tinha 25 anos, também não entendia isso. Não entendia porque tinha de pagar por aquilo. Talvez a educação que têm também não lhes explique isso – lá está vamos parar sempre à educação. Não se fala sobre isso, não há grande informação, então culturalmente deixamo-nos levar por entradas livres, amigos que arranjam bilhetes, não há esta perceção de que isto vale dinheiro e eu vou pagar 15 € porque quero assistir a isto. Porque aqueles 15 € em vez de serem dispensados ali podem ser dispensados em não sei quantas garrafas de cerveja para consumir na rua. Não faço ideia como se pode resolver isto, a não ser começar a educar nas escolas para a valorização da cultura.

G. – Olhemos agora para os dados. Em 2020, a dimensão tempo para vida social e para lazer (atividades culturais, sociais e de entretenimento) não foi considerada uma das maiores dificuldades, com média global de 6.4. No entanto, estes valores são ainda mais baixos entre os mais jovens, 5.0. Ou seja, as pessoas consideram a habitação, o emprego, a família, a saúde mental e o bem-estar, e a educação como principais fatores. Por exemplo, estamos numa era em que há muito a cultura do trabalho e os millennials são até considerados workaholics, isto reflete-se na cultura e na nossa vida social ou, por outro lado, é só um escape?

M. D. S. – Tenho uma irmã millennial e realmente o trabalho e a família são uma preocupação maior do que ir a um espetáculo. Um espetáculo acaba só por ser um escape, um divertimento, um lazer, um sair de casa, mais do que um “eu preciso disto para viver”. Acho que é um problema transversal geral em Portugal e está ligado à valorização da cultura. Acho que cá a cultura é um entretenimento, esse escape, não é um “eu preciso de consumir para me desenvolver enquanto ser humano”. Infelizmente não vejo muitas pessoas a quererem consumir cultura para se desenvolver. Se calhar, se nas escolas lhes for dado a entender a importância da cultura para a sua própria entidade e desenvolvimento enquanto seres humanos, talvez, quando chegarem ao mercado de trabalho, quando forem mais velhos, queiram consumir cultura para se desenvolverem. A cultura é vista como entretenimento, isto é generalizar, claro, e obviamente existem camadas de jovens (ou porque tiverem pais ligados à área ou porque nasceram num meio cultural) cuja cultura é essencial para o seu desenvolvido pessoal, mas, na generalidade e infelizmente, a cultura é uma distração no Zoom, no Instagram, ou ver qualquer coisa online para me escapar, não para me valorizar a mim próprio.

G. – Mas, falando da geração millennial, é comum os jovens terem mais do que um trabalho e trabalharem enquanto estudam, sobrando-lhes pouco tempo. É responsabilidade também das organizações não só entidades patronais, mas também culturais, puxarem pelos jovens e criarem programas que sejam acessíveis, e repensar as programações, por exemplo?

M. D. S. – É um problema de todos, na verdade, das entidades patronais e deste problema cultural português do trabalhar, trabalhar e trabalhar, e de serem seis da tarde e ainda estares a ter reuniões e acabar relatórios até às 10 h da noite. Também é um grave prolema a não organização e falta de eficiência. Acho que não é só culpa dos patrões, mas também dos trabalhadores que têm três horas de almoço e estão mais meia hora no Facebook e depois o trabalho fica por fazer. Acho que há uma grande falta de organização dos trabalhadores também (estamos a generalizar), mas é o que sinto. Há uma falta de incentivo por parte dos patrões em incentivar uma melhor organização e eficiência no trabalho para terem acesso a uma vida pessoal mais livre e rica, portanto, é um problema dos dois. A oferta cultural existe a toda a hora, acho que é um problema da sociedade no mercado de trabalho que te deixa pouco tempo livre. É um problema cultural desde há muito tempo e vimos isso agora também com começar concertos às cinco ou seis da tarde, os portugueses pouco aderiram porque a essa hora ainda estão a acabar uma reunião que devias ter acabado mais cedo. É mesmo uma questão de organização de horários de ambas as partes e no mercado de trabalho é muito notório. Mas não desvalorizo o facto de vocês (millennials) terem de trabalhar bastante, e às vezes mais do que um trabalho, para conseguirem, ao final do mês pagar a renda de um quarto e continuarem. Não desvalorizo isso, é um problema de todos, é um problema do país, de ser-se mal pago, no fundo, está tudo interligado.

G. – Enquanto programadora, já trabalhou com vários públicos, qual é a geração para a qual é mais difícil programar e fazer eventos?

M. D. S. – Talvez essa camada dos 18 aos 25. Nos só programamos para jovens a partir dos 18 e focando-me na programação cultural que fazemos mais de concertos e DJ para um público jovem a partir dos dezoito anos, o que é mais complicado é a rua. Existe muito mais acesso a álcool e divertimento na rua, do que chamá-los para se virem sentar a ouvir e pagar um bilhete para consumirem alguma coisa. A partir dos 25, 26 anos, há outra consciência sobre dedicar tempo a um espetáculo e pagar por ele. A grande concorrência é a rua porque lhes interessa mais estar com a cerveja na mão e colocar algo a tocar no Spotify. E não tem nada de mal, estivemos fechados muito tempo, é o que querem fazer, mas talvez esse seja o publico mais difícil. A rua e os botellones são uma grande concorrência.

G. – Na Skoola trabalha com vários jovens de diferentes estratos sociais. Não sei se tem esta conversa e perceção, mas existe esta preocupação, da parte deles, de um acesso não só de tempo, mas também financeiro, a atividades fora do mundo da escola e do trabalho?

M. D. S. – Essa é uma das grandes vantagens da Skoola. Falamos de jovens que vêm de bairros, contextos familiares complicados, problemas com autoridades, ou dificuldades de aprendizagem, e o que esses jovens encontram ali é, acima de tudo, um sítio seguro, onde ninguém lhes faz mal. Isto vai para além da música, mas quando começa o som a tocar e começam a tocar nos instrumentos, começam a soltar-se e a aperceberem-se de que há vida para além da vida lá fora, porque a música tem a esse poder. Depois criam novos amigos, e aí já fazem amizades com pessoas que não são dos bairros, criam-se grupos de WhatsApp, cria-se um espaço de valorização do que não lhes é valorizado em casa, tempo e espaço para fazerem outra coisa, tempo e disponibilidade de vários professores e artistas que eles reconhecem. É um verdadeiro escape para eles, porque descobrem instrumentos musicais pela primeira vez, sentam-se ao computador e percebem como uma música pode ser feita no computador, falam e têm conversas sobre a vida com artistas que vieram também das mesmas condições. Há conversas feitas ali que lhes abrem novos horizontes e lhes permitem imaginar um futuro melhor fora daquele que, em princípio, lhes tinha sido destinado.

G. – Costuma-se dizer que “há sempre tempo para tudo”. O tempo parte mesmo desta disponibilidade ou do meio em que nos inserimos, da conjuntura de um país?

M. D. S. – Tenho muito medo de generalizar, porque há tempo para tudo, sim, mas não há tempo, por exemplo, para uma camada de pessoas relevantes na nossa sociedade como as trabalhadoras domésticas que saem às seis da manhã de casa, para porem o filho na escola, irem trabalhar para uma casa em Lisboa e ainda voltarem de transportes públicos para a periferia, que, por sua vez, demora duas horas, depois, ainda chegam a casa fazem o jantar para a família e vão para a cama, para repetir tudo no dia seguinte, peço desculpa, mas aí não há tempo e isso preocupa-me. Se há tempo para o jovem da universidade que estuda muito, como eu estudava, mas que ao fim de semana pode aproveitar, sim, há tempo e oferta. Há tempo para o millennial que trabalham muito, mas que se fosse mais eficiente a trabalhar e ganhasse melhor teria mais tempo. Há respostas diferentes para diferentes camadas sociais e diferentes situações. Não há tempo para uns, mas há tempo muito mal aproveitado para outros.

Ficha Técnica
O universo do estudo é constituído por indivíduos com idade igual ou superior a 15 anos, residentes em Portugal continental e ilhas. A amostra, com 1200 entrevistas validadas, foi estratificada por região, sexo e escalão etário, em Portugal continental, e por ilhas, e distribuída em cada estrato de acordo com a repartição da população-alvo em cada estrato. As entrevistas foram realizadas de 22 de março a 27 de abril de 2021, através de um questionário aplicado online utilizando o método CAWI (Computer Assisted Web Interview). Os resultados são apresentados com um nível de confiança de 95 %. A margem de erro para a média na escala 1 a 10 é de 0,13 pontos e a margem de erro para a proporção é de 2,12 pontos percentuais.
Texto de Patrícia Nogueira
Fotografia de Diana Tinoco
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