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“Não tinha ninguém com quem contar.” Esta é a história de Hiba, refugiada em Portugal

“A família do meu marido odiava-me, tanto a mim, como aos meus filhos, e assim…

Texto de Flavia Brito

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“A família do meu marido odiava-me, tanto a mim, como aos meus filhos, e assim que cheguei ao Iraque, em 2011, a minha vida tornou-se um acumular de obstáculos. A minha sogra rejeitava-me, e a minha família conspirava contra o meu marido. Sentia-me culpada e sem direito a fazer nada, porque tinha sido tudo escolha minha”. Quem fala é Hiba, uma iraquiana, hoje refugiada, com os dois filhos, em Portugal.

Hiba casou-se na Síria. O marido também era iraquiano, mas tiveram de mudar de país, porque pertenciam a diferentes grupos religiosos. O seu irmão e a família do marido opunham-se àquela união. Apesar de tudo, tinham uma vida estável, mas, quando a guerra na Síria eclodiu, tiveram de regressar ao Iraque, porque não tinham alternativa. Mas não eram bem-vindos, relata a iraquiana, no quinto episódio do podcast "Travessia", que conta as histórias de mulheres refugiadas e requerentes de asilo, em Portugal.

A dada altura, o marido foi morar para os Emirados Árabes Unidos. Hiba ficou, com as crianças, no Iraque, e passavam-se semanas sem que o marido os contactasse. “Um dia, depois de tantas ausências, liguei para um dos seus familiares, que me informou do seu casamento com uma amiga da sua irmã, com quem vivia na Suécia. Ao início, não acreditei, até que a sua esposa me telefonou e contou que tinham um filho”, conta. “Foi um choque, mas isto era apenas o início de uma nova história para mim”. Depois daquele episódio, o marido deixou de telefonar e de enviar dinheiro.

O pai de Hiba, o seu “amparo”, já não era vivo. Depois da sua morte, o irmão tornou-se responsável pela casa dos pais, onde Hiba não era desejada. “A minha mãe disse-me: respeita a minha e a tua dignidade. Vai para a casa da tua tia.” Mais tarde, ouviu o mesmo daquela familiar: “Respeita a minha e a tua dignidade…”

Hiba partiu com os filhos para a Turquia, onde estes eram maltratados, devido à xenofobia. Só sete anos depois, conseguiu asilo noutro país. Diz que foi, em Portugal, que a sua vida “começou do zero”.

Esta é a sua história, até cá chegar:

O projeto "Travessia", que culminará também num livro ilustrado, é resultado de três meses de um programa da Ambigular, uma organização que trabalha técnicas de storytelling com comunidades em situação de exclusão social e cultural, em parceria com a Adolescere - Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente.

Ajor, Hiba, Wasan, Saidia, Salwa e Blessing atravessaram continentes, desertos, mares e fronteiras, até chegarem ao nosso país. Vieram do Iraque, da Nigéria, do Sudão e do Sudão do Sul. Fugiram da guerra, e não só. Em seis episódios, estas seis mulheres vão levar-nos pelos caminhos que percorreram, sempre como protagonistas e detentoras das suas narrativas.

Lê aqui a entrevista a Maria de Azevedo Brito e Rose Dekker, responsáveis pelo projeto "Travessia", o primeiro da Ambigular, em Portugal – uma organização que publica histórias, na perspetiva de quem as vive, de forma a cocriar, com as comunidades em situação de exclusão social e cultural, “uma representação mais justa”.

Todas as semanas, no Gerador, vamos dar-te a conhecer mais um episódio de "Travessia".

Conhece também as histórias de WasanSaidiaSalwa e Blessing.

Texto por Flávia Brito
Imagem da cortesia da Ambigular
O Gerador é parceiro da Ambigular

Se queres ler mais entrevistas sobre a cultura em Portugal, clica aqui.

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